A clínica.

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  "Eu poderia fazer um belo monólogo ou até mesmo um lindo prelúdio sobre esse capítulo e sobre mim, mas sinceramente, eu desisti de tentar fazer as coisas se encaixarem." -D.N


   E lá estava eu, dentro do carro, saindo da cidade. A última vez que vi Alex pessoalmente, foi quando eu tentava enxergar melhor através do vidro traseiro embasado do carro.

  Sinceramente, se essa separação tivesse acontecido anos antes, eu ficaria um pouco mais sentida. Me acostumei tanto com idas e vindas de pessoas passageiras que hoje eu perdi a questão e a falta. Alex de volta a Sheffield e eu a Los Angeles, Califórnia. Estávamos separados em relação de tempo, lugar e separados pelo oceano Atlântico. Continuamos a nos falar através da internet, mas alguma coisa tinha mudado, sim, mudou. Cada um seguiu sua vida, sem mais e nem menos.

   Voltara a rotina, acordar ansiando por dormir novamente, conversar até anoitecer com a senhorita Hernández, a diarista e  a indagação que permanecia a rondar sua mente, "fazer faculdade e doutorado, ou seguir seu sonho?". Deadly sempre foi apaixonada por sons, qualquer coisa que emitisse barulho que fora agradável a seus ouvidos, ela transformava em música. Aos seus 11 anos decidiu que viraria musicista mas esse sonho foi se perdendo ao meio de críticas de seu pai. Escrevia músicas e partituras mas guardava para si, como esse sonho que ela guarda também.

   A pressão que estava aos seus arredores só fez tudo piorar, o problema com alcoolismo obstruiu, assim, gerando mais problemas em sua própria mente. "Tenho tentado muito não entrar em problemas, mas eu tenho uma guerra em minha cabeça". Álcool, Foi se deteriorando, se intoxicando apenas para esquecer ou tentar fugir de problemas. Naquela cama onde saberia que bebesse novamente, morreria. Por vontade própria se levantou daquele lugar imundo e internou-se em uma clínica de reabilitação. Não queria se sentir uma Carmen, uma amiga que antes de morrer levou consigo uma fama. "Carmen, Carmen, ficando acordada até de manhã. Tem apenas 17 anos, mas ela anda pelas ruas com maldade". Mal sabia Deadly que ali naquela clínica, seria o ápice de sua vida. Como uma fênix, ela renasceu das cinzas de ilusões, solidão e tristeza.

    Chegando lá, o tratamento foi feito por partes, desintoxicação, recuperação e psicanálise. As duas partes não foram tão difíceis, sim, exigia muita força de vontade, mas a menina persistiu. A terceira parte, vamos dizer... estranha ou até mesmo falta comunicativa. O problema não era Deadly, pelo menos isso que eu e você achamos, mas o problema, a real razão de todo esse problema foi o psicólogo, ou melhor, psicóloga. Elizabeth, Era uns 2 ou 3 anos mais velha que Deadly. Tinha acabado de se formar em psicologia e foi jogada para trabalhar em uma clínica. Tantas clínicas e ela foi logo para aquela. A amiga que apoiava Alexander e Deadly juntos, no final se escorou nele.

-Vamos! Fale alguma coisa! Como eu vou descobrir o que você está sentindo se você não fala nada? -Elizabeth sentou-se na sua poltrona macia de couro e deu início a um série de cliques na ponta de sua caneta. permanecia a indagar, mas sem sucesso.

... - Deadly sentia raiva, tédio. Não aguentava mais permanecer naquele ambiente tanto quanto hostil que fazia sua cabeça gritar de ódio, querendo enfiar no olho daquela desgraçada a caneta que ela permanecia a fazer aquele barulho infernal.

-Hm... já sei! No colegial você gostava de arte, certo? -pulou da cadeira feliz, como se tivesse com uma lâmpada em cima de seus cabelos.

-Hm. Talvez... -Depois de 4 sessões, Deadly soltou algumas palavras. Já tinha se acostumado com o silêncio, o silêncio eram bem melhor do que estrondos e barulhos ensurdecedores, então assim fez, silêncio.

-Não precisa mais tentar falar comigo e nem vir as sessões, só me traga poemas e músicas suas, sobre o que está sentindo, Ok? -Se levantou radiante e andou até a porta. -sessão terminada!

   Deadly pela primeira vez entrou em concordância com Eliza, e assim fez, poemas e músicas. Tempos depois, todos os relatórios de Eliza foram enviados para um médico mais experiente, receitou alguns calmantes e mais alguns remédios e logo foi liberada. Na ida, o motorista ligou o rádio, sem problemas, mas a primeira música a tocar foi erradicante. A desgraçada da Elizabeth vendeu as músicas da terapia, ÓTIMO!. Deadly abriu a porta do carro no meio da avenida e apenas saiu andando.

-SENHORITA! MEU DINHEIRO! CUIDADO COM OS CARROS ! -O taxista exclamou.

  Deadly se virou e levantou o dedo do meio e apenas permaneceu andando. Era inacreditável como aquela garota era uma estúpida narcisista, sinceramente? Que ela se foda. Deadly retornou a casa de seu pai, ajeitou todas as coisas e depois de alguns dias, alugou um apartamento em Venice. Fez de seu apartamento caindo aos pedaços, um estúdio de gravação. Lá, gravou sua primeira música independente, "Serial Killer".

"Querido, eu sou uma sociopata
Doce assassina em série
A caminho da guerra
Porque eu te amo só um pouco demais" -Serial Killer.

The Unknown DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora