Surpresa

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— Agora é só posicionar esse e..... Pronto. — Maria pôs a mão no ouvido para acionar o ponto eletrônico que todos tínhamos. — Acabou, pessoal, estamos voltando ao ponto de encontro.

Nossa primeira missão concluída. Não sei de Maria, mas toda vez que pensava em algum assunto que não concernia à missão, eu mandava pra fora da minha mente. Precisávamos, os dois – ou melhor, todos nós, manter 100% do foco na missão e unicamente na missão.

Andávamos, em silêncio, atentos às instruções de Emanuel e Sophie, enquanto Sal observava todos nossos movimentos, preparado para interagir caso necessário. Esperávamos que não fosse.

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E não foi. Chegamos de volta ao esgoto em segurança, e caminhávamos em direção à nossa porta de metal. Os monitores já estavam posicionados quando saímos dali, e falávamos sobre como o espaço ia ficar pequeno, já que teríamos que monitorar uma grande parte da cidade – a saber, o perímetro que estava bem acima de nós – e havia muito mal espaço para nós.

Já estávamos quase com as mãos na maçaneta quando ouvimos uma voz no nosso ponto eletrônico:

— Não entrem aí. Vou direcionar vocês para outro lugar.

Ficamos sem entender nada. Ninguém, além de nós, teria acesso ao ponto. Nos olhamos e esperamos. Sal tomou a iniciativa e perguntou:

— Emily, é você?

— É claro que sou eu, seu idiota. Quem mais poderia ser?

Nós não sabíamos que ela tinha acesso ao ponto. O combinado era que ela só teria contato conosco quando ela chegasse ao esgoto. Sal, ainda meio desconfiado, replicou:

— Não.

— O que?

— Esse não era o combinado. Eu vou enfiar a chave aqui e vou entrar.

— Pois eu vou adorar ver você tentar.

Ao que Sal tirou a chave do bolso de sua calça de paraquedista, fomos tomados por uma surpresa: a porta não tinha fechadura. Não era outra porta, havia a mesma inscrição em latim, as mesmas manchas.... Mas era como se a fechadura não existisse. Como se nunca tivesse existido uma fechadura naquele lugar.

— O que... — Sal engoliu a seco. — Como você fez isso?

— Você tem seus truques, eu tenho os meus. Anda, tenho instruções a dar pra vocês.

— Espera.

Todos se viraram pra mim. Ninguém esperava que eu fosse falar algo, acho que ninguém além de Sal iria falar algo, mas eu não consegui me conter.

— Se você realmente é a Emily, nos diga qual é a senha.

— Senha? Que senha?

Pude sentir a apreensão de todos que estavam ali ao ouvir a resposta de alguém que não fazia ideia de que senha era essa.

— A senha que usamos para entrar em Liberum Adolescentia. A senha que você mesma criou.

— Ah, claro! A senha é o apelido desse imbecil desconfiado, Bullseye.

— Podemos ir então. — Todos se viraram pra mim outra vez, e Sal, se pudesse, me fuzilaria com seu olho. — Ela disse a senha, não é um voto de confiança entre nós? Se ela falou, vamos.

Underneath - Abaixo de TudoOnde histórias criam vida. Descubra agora