"Não me deixe aqui..."

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Não conseguimos nem nos soltar do abraço em que estávamos. Somente soltamos a boca um do outro e olhamos assustados para Emily, que tinha uma expressão de indignação e fúria. Sophie e Emanuel também estavam assustados, e a menor de todas, sensível como era, estava com os olhos cheios de lágrimas e abraçada com Emanuel, que olhava como se estivesse vendo outra pessoa em Emily. Sal, como sempre, não esboçou nenhuma reação, só abaixou a cabeça, saiu de perto e, ao passar do nosso lado, sussurrou:

— Preparem-se, porque ela estar... está realmente irritada.

Emily bufava. Sua expressão passava somente uma coisa: fúria. Parecia que ela iria partir pra cima de nós dois e nos cobrir de porrada a la militar. Ela permaneceu alguns segundos sem falar absolutamente nada, só nos olhando com essa expressão amedrontadora, até que, finalmente, contrastando com o brado que ela havia dado, ela respirou fundo e disse, bem baixinho:

— Se soltem. Por favor.

— Mas, Emil....

— Sem "mas". — Ela disse, ainda de olhos fechados, como mãe que está prestes a bater no filho e diz "passa pro seu quarto antes que eu te meta a mão.". — Se soltem. Agora.

Nos soltamos e todos ficaram pra ver o que ia acontecer. Emily abriu os olhos e fulminou a todos com um olhar, e perguntou:

— Vocês sabiam disso? Alguém mais sabia que isso estava acontecendo?

— É... então... — Sophie, ainda trêmula e atordoada com o rompante de fúria de Emily, tomou a palavra e deu um passo à frente. — Eu e Emanuel desconfiávamos...

Eu e Maria nos olhamos com cara de "Oi?!". Mas era óbvio que alguém fosse ver, afinal, era um cômodo, por mais largo que fosse, para seis pessoas.

— ... mas combinamos de não contar pra ninguém. — Emanuel completou. — Entramos em um acordo de que era a vida deles, e que nós não temos o direito de opinar em nada....

— Mas eu tenho a droga de uma responsabilidade pela vida de vocês. — Emily falou, olhando pra mesa, e deu um soco nela que fez tudo que estava em cima dela pular e o copo com os lápis de Sal cair. Se abaixou, pegou lápis por lápis, colocou dentro do copo e o pôs no lugar.

— Mas, Emily, o que nós temos não é algo só por divers...

— EU SEI QUE NÃO É!!

Outro impulso de fúria. Dessa vez ela me olhou nos olhos e chegou a andar em nossa direção e Maria se escondeu atrás de mim. Ela realmente parecia bastante alterada, e aquilo parecia ser um absurdo pra ela.

Percebi que, ao abaixar a cabeça, Emily deixou escapar algumas lágrimas. Não eram lágrimas discretas, eram enormes, escorriam por seu rosto e pareciam ter o peso do mundo inteiro.

— Ei.... Tem algo que queira nos contar? – Maria tentou saber o porquê das lágrimas, já que era com quem ela mais conversava.

— Vocês estão prestes a voltar lá pra cima. — Ela passou a mão em seu próprio rosto, enxugando as lágrimas, e olhou para todos nós bem firme com seus olhos azuis. — Eu acredito firmemente que todos vocês são capazes de cumprir essa primeira missão, bem como aprender coisas novas em campo para poder cumprir as que virão. Mas isso aqui... — Ela disse apontando pra mim e pra Maria. — ... é uma distração. Vocês dois são minha linha de frente e eu não quero vocês arriscando a missão por conta de um sentimento. — As lágrimas pareciam vir de novo.

— Fora que eu não quero ter a dor de perder alguém por esse tipo de descuido outra vez.

Ela pegou o capacete, as chaves e disse que ia lá pra cima, mas que já voltava, que só ia pegar nossa janta. Deixou esse tipo de interrogação no ar, todos pareceram pegar algo mas ninguém tinha certeza de nada. Ninguém sabia o porquê daquela última frase, que foi dita carregada de pesar.

Underneath - Abaixo de TudoOnde histórias criam vida. Descubra agora