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Chungha

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Chungha

Estava no ônibus seguindo até a loja de conveniência que eu trabalho na parte da manhã, meus pensamentos estavam todos no acontecido de minutos atrás, não sabia como ainda tinha cabeça pra vir trabalhar.

Era a primeira vez que eu presenciava aqueles bandidos em minha casa, em todas as outras vezes eu não estava presente.

Respirei fundo e me levantei, quando finalmente havia chego ao meu destino.

Caminhei em passos lentos até a loja de conveniência, ainda tinha alguns minutos até que desse o meu horário de entrada. Eu me sentia péssima e pesarosa por meu pais.

Eles haviam adquirido a dívida quando mamãe precisou fazer tratamento contra um câncer de mama dois anos atrás, papai só não contava que durante esses dois anos teriamos tantos problemas financeiros que, nos incapacitaria de pagar a dívida e com os juros altos e abusivos, foi ficando cada vez mais impossível de quita-la.

Me coloquei atrás do balcão da loja, afim de começar meu expediente, teria que controlar meu temperamento com os adolescentes que costumam vir aqui todos os dias, eles eram insuportáveis, principalmente os garotos, viviam agindo feito idiotas enquanto se faziam de gângsters e, hoje em especial eu estava muito saturada de gangster, só queria que todos esses idiotas desaparecessem da face da Terra.

• • •

Hoje o movimento estava fraco e eu dei graças a Deus quando meu horário ali se encerrou e a garota que cumpria o expediente da tarde chegara. Antes de ir embora, comi um ramyeon e peguei um kimbap triangular pra comer no caminho, enquanto me dirigia para o café, qual cumpro o horário da tarde.

As vezes eu sentia que quanto mais trabalhava, mais dívidas tínhamos e menos dinheiro sobrava, ultimamente mal dava pra suprir as nossas necessidades e, se juntasse ao fato de papai não estar recebendo seu salário, piorava ainda mais. Mamãe tentava ajudar com as suas costuras, mas não era sempre que recebia pedidos.

Felizmente eu não precisava pegar nenhum ônibus para ir até ao café, era perto e eu podia ir caminhando e, para o restaurante a mesma coisa. Tive sorte que meus empregos são todos perto um do outro, se tivesse que me deslocar para outro canto entre trabalho e outro, seria péssimo.

No caminho ainda pensava sobre o que o bandido havia dito mais cedo "valor comercial", como eu podia valer alguma coisa? Talvez ele estivesse se referindo aos meus órgãos? Balancei a cabeça deixando os pensamentos de lado, era ridículo questionar se eu valhia alguma coisa.

• • •

Já era um pouco tarde quando sai do meu último trabalho de meio período, minha mão estava tão fria por lavar tantas louças que, sentia meus dedos dormentes, meu corpo doía e eu sentia tanto sono que poderia dormir em qualquer lugar que me deitasse.

Caminhava pelas ruas já vazias e iluminadas pelas luzes fracas dos postes, coloquei os fones de ouvido mas não selecionei nenhuma música, tinha que ficar atenta sobre o que acontecia ao meu redor, e se aparecesse algum louco? Todo cuidado era pouco.

Passei por um beco bem mal iluminado, tentei ser o mais rápida possível, porém, algo chamou minha atenção, ou melhor, um barulho. Pretendia só ignorar o que possivelmente havia ouvido e seguir meu caminho, no entanto, não consegui.

Voltei alguns passos pra trás e vi que havia alguém ali naquele beco, deitado no chão, eu não conseguia enxergar bem de longe mas, podia afirmar que era um homem.

Me aproximei cautelosamente e quando me abaixei ao seu lado, me assustei ao vê-lo na situação em que se encontrava.

Todo machucado e com as roupas sujas de sangue, me senti mal por vê-lo naquela situação, peguei o celular na intenção de ligar para a emergência, porém, quando me preparava para discar senti as mãos frias do rapaz tocarem meu pulso.

— Não chame... – Ele começou a tossir e gemer de dor, enquanto tocava seu tronco — Ninguém.

— Por que não? – Minha primeira reação foi questionar, porque não podia chamar alguém? — Você precisa de um hospital!

— Eu vou ficar bem. – Ele disse e eu me senti desesperada, como alguém com tantos machucados poderia ficar bem? — Você pode me deixar aqu.. – Sua voz falhou e ele não completou sua frase, o beco era escuro e eu não tinha muita visão do seu rosto, porém, pude constatar que ele havia ficado inconsciente.

— Droga! – Xinguei baixinho me sentindo nervosa, como eu não ligaria pra emergência? Não tinha nada que eu pudesse fazer, era a única solução, ignorei seu pedido e liguei pra emergência.

Enquanto não chegavam verifiquei se ele ainda tinha pulso ou se respirava e pra minha sorte sim. Em mais ou menos trinta minutos a ambulância chegou, me afastei do rapaz quando os socorristas se aproximaram.

Pretendia ir embora, já tinha feito a minha parte que era pedir ajuda.

— Senhorita, você quem chamou a ambulância, certo? – Acenei que sim quando fui questionada, era meio óbvio visto que eu era a única – além do rapaz- aqui — Precisamos que você nos acompanhe.

— Mas eu n.. – O homem me deixou falando sozinha, eu iria dizer que não poderia ir e que só liguei por que não sabia como o ajudar, eu nem conhecia o homem deitado ali.

O rapaz já havia sido colocado dentro da ambulância, olhei pro lado de dentro e vi o enfermeiro acenando pra que eu me juntasse a eles, fiquei ali parada por um instante, pensando no que deveria fazer ou dizer e também, como me livraria de ter que os acompanhar, no entanto, nada passava em minha mente.

— Senhorita?! – Minha atenção fora chamada, xinguei baixinho por não saber o que fazer e então caminhei até a ambulância, sem escolhas os acompanhei até o hospital.

Dentro da ambulância, os paramédicos faziam os primeiros socorros, eu não ousei observar ou até mesmo aproveitar a claridade para ver de quem se tratava, só com o pouco que olhei, pude ver que ele tinha muitos hematomas, suas roupas estavam sujas de sangue e isso de certa forma me deixa um pouco nervosa.

Ao chegarmos finalmente no hospital, desci da ambulância e o homem fora levado pelos enfermeiros e médicos por entre os corredores do grande prédio. Eu fui direcionada até a recepção, onde me pediram todos os dados do rapaz para que registrassem a sua entrada no hospital, eu não tinha ideia de quem era, como saberia?

Peguei a folha e caneta em mãos e fiquei a encarando sem saber o que fazer. Nesse momento um dos socorristas apareceu e me entregou uma carteira, provavelmente era do rapaz. Pensei na possibilidade óbvia da sua identidade estar ali dentro e por alguns segundos me questionei se era correto mexer em seu pertence, mesmo que eu precisasse.

— Acho que é um mal necessário – Falei baixinho pra mim mesma e mordi o lábio um pouco receosa.

Então abri a carteira e procurei por sua identidade e, quando encontrei e olhei pra foto meus lábios se tranformaram em uma circunferência.

—Park Chanyeol – Li seu nome em voz alta e soltei um riso baixo e anasalado.

A situação era tão ridícula, eu estava incrédula, pois não conseguia acreditar que havia acabado de ajudar um dos bandidos que invadiram a minha casa pela manhã.

Fake Bandit ▸ ChanyeolOnde histórias criam vida. Descubra agora