Ana Paula - Zona sul.

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Quatro horas restantes...

Se Ana pudesse adivinhar o que viria depois daquela decisão, ela com toda a certeza do mundo pensaria duas, três, vinte vezes no que poderia vir a acontecer. A garota não sabia a quantos quilômetros por hora eu irmão poderia ir em cima de duas rodas. Claro que eram duas horas da madrugada, isso realmente não seria barreira alguma. Ana não temia a morte porque ela estava salva. Ela não pensava em morrer, mas naquele momento ela pensou seriamente como seria morar no Reino dos Céus.

Quando o Paulo subiu pela Estrada Takashi Kobata ela realmente pensou que fosse morrer. Na moto de seu irmão não tinha a chamada “corta-corrente “, ou seja, ele poderia estar a 200 quilômetros por hora que ele não ia se importar.

E era isso o que ele estava fazendo.

Não havia ninguém naquela estrada, isso fez com que seu irmão, que já estava transtornado pela alta quantidade de droga que ele havia usado, dirigisse literalmente a 220km por hora. Ana sentia muito medo, estava com um casaco fino demais pro vento que causava o efeito de eles estarem tão rápidos. Quando Paulo disse que eles iriam sem capacete, ela levou aquilo como uma brincadeira, não passava pela sua cabeça que se irmão realmente não tinha capacete. Os longos cabelos castanhos da jovem voavam com o vento. Ela estava agarrada em Paulo que em nenhum momento pensou em desacelerar a moto, pelo contrário, tentava a acelerar cada vez mais, tudo para causar medo e pânico na jovem como Se estivesse dizendo a ela “Eu avisei!”. A jovem em nenhum momento pensou em voltar. Ela estava disposta a ir até o fim.

Paulo passou a ser um jovem transtornado depois que seu pai foi embora. Ele virou a cabeça, passou a usar drogas e com o dinheiro que ganhava no tráfico, conquistou o que mais queria, uma moto. Era seu xodó, era o que ele mais cuidava. Além de suas correntes de ouro e prata, suas armas que ele colecionava, sua moto era o que tinha de valor. Ele não devia nada pra ninguém, tudo o que ele queria conquistar, o jovem conseguia. O dinheiro fácil proporcionava isso pra ele a todo o momento. Mas de que adianta ter dinheiro e vida fácil se o vazio em sua alma continua? De que adiantava ele querer ter tudo e ainda sim não ter nada? Paulo refletia sobre isso a todo o momento.

Ana só se deparou do quão rápido eles estavam que quando se deparou que já estavam entrando no bairro. Ou seja, um caminho normalmente feito em duas horas, ela fez em menos de 40 minutos. Ana não via movimento algum. Ela apenas rondava de moto com seu irmão. Seu irmão viu uns barulhos de helicóptero e algumas luzes como se eles quisessem iluminar ou achar alguém. 

-Paulo, Paulo, segue essa luz! –Ana estava aflita, não se sentia bem. Seu corpo estava cansado, consequência de não ter jantado nem comido nada. Ela estava sonolenta. A essas horas a jovem já estava dormindo a tempos. Ela ainda estava tonta pelo efeito de ter andado em alta velocidade por muito tempo. Ana queria ir até o fim por Ícaro.

Paulo seguiu a luz e Ana se deparou com uma multidão de pessoas em volta de um único prédio. Ela já sabia o que estava acontecendo ali. Diversos andares. Prédio chique, todo cinco estrelas. Nunca que Ana chegaria a estar perto de um desses. Havia jornalistas, helicópteros, pessoas por todos os lados, flashes de câmeras, telefones por todos os lados.

Não havia como Ana e Paulo entrarem sem serem vistos.

BKafher13

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