Preconceito

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- Ai, meu amor. Que calor insuportável, o trânsito. Tudo, né? Mas valeu a pena só pra ti ver- susurrou ela no ouvido do namorado.

- Ok, Dani. Não vamos reclamar pois somos visitas.

Nesse instante Daniela começou a olhar bem fixo a direção de Juliana. Com desdém e curiosidade. À deixando incomodada.

- What is your name?

- I'm Julian...

Daniela a interrompeu com uma gargalhada, e se virando para a frente de Nicolas.

- Uma pobre que sabe falar em inglês. Deve só saber isso também.

Juliana respondeu sem exito:

- Se o seu intuito é me humilhar ou constranger. Não deixarei. Não sou burra e não vou deixar que pisem em mim- tomada pela raiva, ela se dirigiu à cozinha.

- Nossa Nic...A garota se irritou mesmo, com minha brincadeira.

- Eu já falei que isso não é brincadeira, nem é engraçado. Vamos pro quarto que eu quero conversar contigo.

***

Ju olhou pela janela da cozinha, a qual era grande e bonita. Vendo todas aquelas pessoas que passavam distantes pela rua. Despreocupados e sem motivos para estarem ali. Onde estariam seus empregos uma hora dessas? Não que ela achasse bonito. Pelo contrário. Às abominava.

Enxergava ali todas as pessoas que em um dia qualquer ( para elas ) teria à ofendido ou humilhado.

Nesse instante uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Era uma lágrima de quem não se rebaixaria mais à aquelas pessoas.

***

No quarto Nicolas falava o quanto sentia raiva das atitudes da namorada ( mas a verdade é que, ele não fazia absolutamente nada para impedir as falas preconceituosas de Daniela. Apenas à observava e depois os dois conversavam sobre o que havia acontecido e como era errado. Parecia uma conversa de mãe para filho. E isso não adiantava nada ).

Nicolas foi até a cozinha para se desculpar com Juliana. Era ele quem exercia essa função todas as vezes que a namorada o fazia passar vergonha.

Ao chegar na cozinha não a encontrou. Que chegou logo depois, atrás dele. Perguntando se precisava de algo.

- Olha Juliana... A Daniela fala as coisas sem pensar, sabe?


- Não, senhor! Não sei! Ela estava olhando para mim com desprezo. O modo de eu falar...

- Você teria como perdoar ela? - Interrompeu ele.

- Não, me desculpe. Mas não. Sua tia sempre me tratou com o maior respeito e eu não serei ofendida pela sua namorada e ficará por isso mesmo. Ela nem ao menos veio aqui pedir desculpas. Não ficarei com raiva do senhor. Afinal não tem culpa de sua namorada falar esse tipo de coisa. De tentar me rebaixar.

- Não me chame de senhor. Me sinto um velho...temos quase a mesma idade, não é mesmo?! - falou ele ignorando o restante da frase.

- 23 - respondeu Ju.

- 24. Tá vendo. Me chama só de Nicolas mesmo.

Juliana assentiu com a cabeça. E virou se em direção à saída da cozinha, quando foi surpreendida por Nicolas que segurou sua mão direita.

Nem ele mesmo sabia o porquê de ter feito aquilo. Talvez fosse somente o impulso de não querer deixá-la ir. Talvez quisesse conversar mais. E Juliana sentiu seu coração disparar.

Talvez Um TalvezOnde histórias criam vida. Descubra agora