Em Caudebec o macaréu era impressionante. A maré encontrava-se com as águas do Sena em grande velocidade e o rio era atirado de volta sobre si mesmo. E ainda estavam longe da boca do estuário.
Gabrielle estava trancada na cabine há mais de vinte e quatro horas. Ela nem se incomodava. Não queria a presença do inglês, a quem evitava como uma praga desde que saíram de Rouen.
O camareiro abriu a porta para avisá-la que o capitão pedia sua presença no convés. Ela suspirou fundo, revirando os olhos e sem se mover da cama onde estava deitada, olhando pro teto.
___O que ele quer agora?___ela pergunta, sem esconder o rancor.
___A maré virou, mademoiselle___Will respondeu, calmo___entraremos no macaréu a qualquer minuto.
___E daí?___ela dá de ombros.
___Se o Marguerite afundar, ninguém deve ficar na parte de baixo do barco. Ordens do capitão___ele responde, se justificando.
Gabrielle se levanta e sobe sem discutir. Entre Caudebec e a costa situava-se sua última oportunidade para escapar e ela já estava pensando numa forma de fazer isso. Mas, suas esperanças se esvaíram ao ver as águas agitadas do Sena. Atirar-se no rio seria morte certa, mesmo para uma nadadora experiente como ela.
Will a vigiava, atento. Conduziu-a até uma entrada próxima da popa e avisou para que se segurasse com força. As ordens de Harry eram ouvidas apesar do rugido das ondas. As velas foram desferradas e os homens corriam para cumprir as tarefas. Era impossível deixar de fitar o capitão, Gabrielle pensa com raiva.
Ele estava em seu elemento e desafiava o perigo. Não se via traços do aristocrata arrogante que o duque era. Harry absorveu a energia da natureza que pretendia dominar. O espetáculo era perturbador.
Gabrielle se segurou com mais força e fechou os olhos enquanto a fragata se levantava e voltava ao prumo, sacolejando pra todos os lados em seguida. Parecia que horas haviam se passado até que, de repente, o navio endireitou-se e a tripulação gritou.
___O que houve?___Gabrielle perguntou a Will, que permaneceu ao seu lado o tempo todo.
___Estamos indo na maré, mademoiselle___Will respondeu sorrindo___nada nos deterá até chegarmos ao canal da Mancha. Dali, se Deus quiser, de volta ao lar___ele continua, feliz.
Lar. A palavra foi uma facada no coração de Gabrielle.
Ela olhou pra Harry e ele a fitava com postura de vencedor. Ela estremeceu e, com insolência premeditada, jogou os cabelos negros pra trás dos ombros. Engoliu o medo e sorriu pra ele.
Harry atirou a cabeça para trás e gargalhou.
***
Dunraeden.
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Angel [Harry Styles Fanfic]
FanfictionCornualha, Inglaterra, 1803 Ele estava em busca de vingança. E acabou encontrando o amor... No passado Harry Styles presenciou, em uma prisão francesa, um espetáculo de horror cometido pelo povo histérico. Testemunhou sua madrasta e sua meia irmã se...