Capítulo 26

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Dunraeden.

Do convés do Marguerite, Gabrielle reviu as muralhas largas e as torres imponentes. No alto, gaivotas so­brevoavam o castelo e seus gritos eram ouvidos ao longe. No ar, o cheiro de água salgada e de peixe. O sol acariciava o cenário que se descortinava diante dela. As águas muito azuis e brilhantes, características da costa da Cornualha. A vegetação convidativa e calorosa.

Era como estar de volta ao lar, por mais irônico que isso pudesse parecer, já que ela chegou ali pela primeira vez como uma prisioneira, meses atrás. Ela riu e olhou por sobre o ombro. Harry estava parado atrás dela, os cabelos revoltos e os olhos claros olhando ao longe. O cenho franzido, os lábios em uma linha fina e os braços cruzados indicavam que ele não estava nada disposto a compartilhar os pensamentos dela. Desde que haviam saído da Normandia, poucas risadas haviam sido ouvidas.

Gabrielle contou a ele como se deu a fuga com Dessins e, depois disso, Harry ergueu um muro de reserva que ela não conseguiu derrubar. Ela não pode convencê-lo de que fugiu por dever a Mascaron e pelo receio do que tinha acontecido a Goliath. Harry encarava o episódio como traição. Ou pior: a culminância de um esquema deliberado de fuga há muito planejado, no qual Dessins serviu apenas como oportunidade e meio.

Diante desse comportamento do duque, Gabrielle se calou e nada disse sobre o que foi revelado pelo avô sobre Abbaye e a vingança de Harry contra ele. Ela agora sabia que o marido a amava, ou não teria movido céus e terras para resgata-la, bem como ao avô, a quem ele odiava. Ela teve muito tempo para refletir durante a viagem de volta a Inglaterra e sabia que, se Harry ainda estivesse movido pela sua vingança, deixar Gabrielle e Mascaron nas mãos de Fouché seria a forma perfeita de concretizar seus planos...mas ele não o fez, o que trouxe a Gabrielle esperanças de resolver as coisas entre eles, deixando o passado para trás e começando a olhar apenas para o futuro.

Para ela, não mais importava o porquê de Harry tê-la feito prisioneira, a tirando da França contra a sua vontade e a usando contra o avô. O que aconteceu em Abbaye com a madrasta e a irmã dele era algo que devia ficar no passado. Não importava mais Louise ou qualquer que tenha sido a relação entre ela e seu marido. Agora, depois de tudo, Gabrielle queria começar do zero, se apegando ao amor que o marido dizia sentir por ela e que ela acreditava ser real. Ele só precisava aprender a amar como se deve...e Gabrielle iria exigir isso dele, usando para isso uma arma poderosa: seu próprio amor por ele. Como ela já havia dito ao avô, o amor é mais poderoso do que o ódio. Se Harry conseguiu vencer seu desejo de vingança através do amor que passou a sentir por ela, ele seria capaz de conseguir passar por qualquer outro obstáculo que houvesse entre eles dois.

Ela esperava agora por um ajuste final de contas para colocar as cartas na mesa. Qualquer coisa era preferível àquela frieza. Ele a evitava sistematica­mente desde que Fox, Sheridan e Payne tinham sido levados por um bote até um navio de guerra inglês, no meio do canal da Mancha.

Uma nuvem obscureceu o sol e Dunraeden ficou com as­pecto tenebroso. Gabrielle estremeceu. Harry e Dunraeden com­binavam, ela pensou. Ambos eram obscuros e terríveis ao serem vistos de fora, mas por dentro eram cheios de coisas boas e inesquecíveis, ela pode ver isso em ambos. Os pensamentos dela foram cortados quando a fragata ancorou e o duque ajudou-a a entrar no bote que os conduziria até a margem.

___Estamos com um aspecto horrível___Gabrielle disse, tentando rom­per o silêncio. Harry se encontrava com a roupa manchada e ela continuava com o traje rústico de camponês.

Harry murmurou qualquer coisa ininteligível.

Gabrielle tentou novamente entabular conversação, sem resultado. Eles passaram pelos portões, que foram fechados com um estrondo atrás deles.

Angel [Harry Styles Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora