Capítulo 22

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Gabrielle sentiu um grande vazio interior. Entorpecida, concluiu que mereceu aquele desfecho. Desde o começo soube que o duque era seu inimigo. Teria lutado contra ele até o fim, se não houvesse enfrentado uma arma que lhe era desconhecida: a sedução. Dessins estava certo, Harry havia ma­nipulado para ela se apaixonar. Deveria odiá-lo, mas sentia apenas remorso.

Goliath pagou o preço daquela loucura. Dessins não sou­be explicar com exatidão o destino de Goliath. Era preciso agarrar-se na esperança de Mascaron tê-lo mandado em outra missão. Mas a realidade somente seria desvendada quando ela voltasse para a França com Dessins. Ele prometeu que iriam antes do final do mês. Até o momento da partida, ela teria de ficar distante de Harry, o que não espantaria seu marido. Era um comportamento esperado para uma mulher traída. Fingir afeição nessas circunstâncias até despertaria suspeita. Não po­deria errar duas vezes. Aprendeu a lição.

Um engano não explicaria o tamanho da tolice que come­teu. Traição seria um termo mais exato. Ela era cidadã francesa e Harry espião inglês. Os dois países estavam em guerra. Harry a usou para coagir Mascaron a revelar segredos militares. E mesmo sabendo de tudo isso, ela caiu na cama dele na primeira carícia.

Estava grávida. Teria um filho de seu inimigo.

As lágrimas desceram pelo rosto de Gabrielle. Estava sozi­nha em seu quarto. Ninguém a escutaria chorar. Harry lhe pediu para esperá-lo, pois havia um assunto particular para discuti­rem. Não queria falar com ninguém e muito menos com ele. Tinha receio de cometer alguma indiscrição.

A situação aflitiva duraria pouco tempo. Em breve ela es­caparia do poder do duque para sempre.

Privá-lo do filho seria uma forma de castigo, embora Ga­brielle não cogitasse em vingança. Precisava manter a mente focada para que ela e o avô pudessem escapar das artimanhas do duque. Teria de ser tão inescrupulosa quanto ele. Não havia espaço para fraquezas.

A batalha final não admitiria misericórdia.

Pensou em Louise Pelletier e não conteve os soluços. Ima­ginou Louise e Harry rindo dela nos momentos de maior inti­midade. Fechou os olhos. A dor era imensa. Harry a moldou ao seu agrado e ela conspirou para a própria derrocada. Pensou que o marido a amava. Quanta ingenuidade! Um homem nobre como ele jamais poderia apaixonar-se por Gabrielle de Brienne!

Mas de nada adiantaria remoer o passado. Era preciso pensar no futuro, em Mascaron e na Normandia. Lembrou-se de seu lar, da cômoda de sua avó e da saleta onde guardava os tesouros que só tinham valor para ela.

Quando voltasse para Vrigonde, Mascaron estaria livre da ameaça de Harry. Ele afirmou que as autoridades francesas fa­riam suposições se descobrissem que ela foi prisioneira dele na Inglaterra, mas Dessins a tranquilizou sobre isso. O primeiro-cônsul con­fiava em Mascaron. Gabrielle ficou aliviada, mas também sen­tiu angústia ao comprovar a própria ingenuidade. Aceitou co­mo verdadeiras quaisquer afirmações de Harry, acreditando que ele a amava e a queria de verdade como sua esposa. Por amor, simplesmente se esqueceu de quem Harry era e das circunstâncias que os levaram a uma convivência, e a um casamento, forçado.

Quando pensou em Goliath novamente, começou a odiar o marido. Harry havia dito a ela que o mandara de volta a França para dizer que seu avô estava livre. Ela, como a boba ingênua que era, acreditou no marido e se permitiu ser feliz com ele. Goliath não chegou até a França, Dessins disse isso. Por mais que Gabrielle se agarrasse a esperança de que seu avô tivesse mandando o fiel protetor para uma nova missão, sabia que estava, mais uma vez, se enganando. Viveu uma mentira e era hora de colocar os pés do chão e se convencer disso.

Ela era Gabrielle de Brienne, cidadã francesa e neta de um dos principais desafetos dos ingleses, incluindo seu marido traidor. Era hora de voltar a ser quem era e esquecer sua posição falsa de duquesa.

Angel [Harry Styles Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora