Connor se ofereceu para pagar o café da manhã e eu aceitei com a condição de que eu pagaria a chave.
Voltamos até o chaveiro, ainda havia uma placa na porta de vidro dizendo fechado, mas dessa vez, para nossa alegria, um homem e uma mulher que imaginamos serem os donos, andavam de um lado para o outro. E mesmo com o aviso da placa entramos. Eles não gostaram nada de nós ver.
— Estamos fechados, não viram a placa? — A senhora disse tentando ser simpática mas seu rosto expressava que não nos queria ali agora e Connor foi rápido em dizer que era uma situação de emergência.
— Conte a situação, e vejamos o que podemos fazer. — O senhor agora nos deu atenção, deixando de procurar suas ferramentas e parando em nossa frente.
Tentamos explicar que não sabíamos o que aconteceu, que só nos lembramos do começo da festa e do nosso primeiro gole em uma bebida muito boa que fez nossa memória desaparecer, mas que torcemos para voltar em breve. E finalizamos contando como já acordamos assim e sem chave.
O senhor riu, ele olhou para a senhora, sua esposa e riram ainda mais, e alto.
Eles riram juntos por uns 5 minutos.
— Vocês parecem mesmo desesperados, e só por isso eu vou ajudá-los. — O senhor disse ainda sorrindo.
— Quando olhei as algemas achei que vocês tentaram se divertir juntos e algo havia dado errado. — Ela gargalhou e tentou segurar o riso para continuar dizendo. — Me desculpem jovens, vamos ajudar vocês.
— Porém temos um problema.
— Qual? — perguntei.
— Hoje é domingo, o serviço é mais caro e vou demorar, pois tenho outras duas emergências. Um carro e uma chave de outro carro.
— Quanto tempo? E quanto de dinheiro?
— Talvez umas três horas e o valor eu vejo na hora. — Bufamos, estava bom demais para ser verdade.
— precisamos saber o valor agora para saber se temos o dinheiro.
— 20 reais.
— Uma mini chave? Tudo isso? — Mexi no bolso da minha saia e eu só tinha uma nota de 5 reais. Que legal.
Bem a minha cara mesmo sair de casa sem a carteira e o dinheiro né Jessmine.
— É pegar ou largar, na verdade no caso de vocês aceitarem ou ficarem juntos para sempre.
— Aceitamos. — Olhei pra ele em desespero, eu não tinha muito dinheiro e acho que ele gastou tudo no nosso café da manhã.
Algo me dizia que esse senhorzinho estava mesmo é se aproveitando do nosso desespero para cobrar mais caro nessa chave. Mas Connor ter sorrido mesmo percebendo minha preocupação e segurado a minha mão me deixou mais tranquila.
O casal disse que faria o possível para nos ajudar, e que daqui a três horas poderíamos voltar e a chave estaria pronta para nos libertar. Mas o que faríamos durante essas três horas? Eu não sei.
[...]
Desde que saímos da loja ficamos andando em silêncio, sem destino e ainda de mãos dadas. Eu queria saber que hora seria agora, mas meu celular eu larguei na casa dele e não tenho um relógio para descobrir.
Lembrei do que o Connor havia falado quando estávamos na padaria:
— Eu fui a uma festa ontem, sei disso porque dois dias atrás meu amigo estava me enchendo por causa dessa festa, eu iria tocar lá, nossa banda ia tocar ou tocou, não me lembro...
Ter lembrado disse foi uma ótima oportunidade de quebrar o silêncio de grilo que começava a me irritar.
— Entãaao.... Você tem uma banda né?
— Tenho. – ele me respondeu, mas não me olhou e nem parou de caminhar, ou soltou a minha mão.
— E você canta ou toca algum instrumento?
— Eu toco guitarra.
— Legal. – Eu sou péssima tentando puxar assunto.
— E você vai viajar amanhã? — Perguntou.
— Sim. – juro que a resposta curta não foi por querer imitar as respostas curtas dele.
— Qual lugar?
— Canadá, meus pais estão morando lá, e faz seis meses que não os vejo, eles querem passar um tempo comigo então para matar as saudades vou passar alguns dias lá.
— Então sua família tem dinheiro, você viaja bastante? – Eu tive que olhar para ele, com sua frase curiosa.
— Na verdade não, meus pais são arqueólogos, se conheceram na faculdade e por causa da profissão eles sabiam que precisavam viajar muito e por causa disso guardavam todo o dinheiro possível. Eles trabalharam pra caralho antes de terem as oportunidades que tem hoje. Assim como eu. Não viajo com o dinheiro deles, eu trabalho, sou fotógrafa e mesmo que minha especialidade sejam fotos de paisagens, tirar fotos de algumas pessoas me ajudou a conhecer vários lugares sozinha.
Eu falei por quase 1 minuto inteiro sem pausa para respirar, e se eu não me calasse eu diria mais. Afinal eu tenho 20 anos, histórias boas e ruins é o que não falta, e ainda quero ter muitas pela frente.
— Que foda, juro que não perguntei por mal, só fiquei curioso mesmo, você parece tão jovem e tem cara de que...
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Eu, Você e Mais Ninguém
Short StoryConnor e Jess acordaram na mesma cama. Não se conhecerem ou nunca terem se visto na vida era o menor dos problemas, porque os dois estavam algemados, literalmente, presos um ao outro. Não se lembravam de como e nem quem poderia ter feito isso com el...