Capítulo 7

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Ema tinha tirado o dia para estar com as irmãs Benedito, todos diziam que eram muito suas amigas e ela tinha de admitir que tinha sido divertido, elas eram ótimas pessoas. Todas tinham feito o máximo esforço para ela sentir-se acolhida. Cecília, inclusive, tinha partilhado com elas a vontade de ter mais um filho, mas como ela não conseguia gerá-los, estava a pensar adotar mais uma criança. Era tão bonito aquela entrega a um ser que não nasceu do seu ventre. Mariana continuava nas suas aventuras, agora pilotava aviões sozinha. Jane e Lídia foram para casa mais cedo, a primeira por conta do bebé que tinha nascido não fazia muito tempo, e a segunda pelo cansaço de mais uma gravidez.

Estavam as restantes a sair da casa de chá, quando nesse momento do outro lado da rua estava um carro amarelo a fazer marcha atrás e o condutor não reparou nas caixas no caminho. Ema olha nessa direção e vê o exato instante em que o impacto acontece. O estrondo traz uma corrente de memórias. Ema vê uma sucessão de factos, uma menininha com dois homens num quarto a chorar sobre o corpo de uma mulher, essa menina mais crescida em vários bailes, os passeios e conversas com o melhor amigo, as brincadeiras com a melhor amiga, o desespero dessa amiga em encontrar o seu amor depois de uma acidente. A baronesinha de Ouro Verde desmaia nesse momento e cai no chão.

-Ema. - Grita Elisabeta. E tenta acordar a amiga, enquanto são rodeados por várias pessoas. -Alguém chame um médico.

-Ema, Ema, acorda - continua Elisabeta, e ela abre os olhos.

-Elisa, o que aconteceu?

-Ema você desmaiou aqui no meio da rua.

-Não me lembro. Estou confusa.

-Calma, já foram chamar o Rómulo. É a primeira vez que você me chama assim desde a sua volta.

Ema continua a olhar tudo à sua volta com um olhar confuso.

-Eu lembrei – Diz num sussurro - eu lembrei...

-Como?

-Eu lembrei, quando aquele carro bateu nas caixas eu tive um flashback, foi quase como um filme da minha vida.

-Meu deus Ema, que bom – Diz Elisa enquanto abraça Ema, e esta retribui.

Rómulo vem a correr e tenta passar por aquele aglomerado de pessoas.

-Com licença. – Finalmente ele chega até elas e se ajoelha.

-Ema o que aconteceu? O que está a sentir?

-Ela lembrou, ela recuperou a memória.

-Entendo, é comum acontecerem desmaios com uma sobrecarga tão grande de memórias. Vamos até o meu consultório para eu poder examinar você melhor. Você consegue caminhar ou precisa de ajuda Ema?

-Eu consigo - Diz ela ainda abalada pelos últimos acontecimentos.


-Senhor Ernesto, eu sei que o senhor tinha pedido para não ser incomodado, mas é urgente.

-Senhores com licença, só um minuto.

-O que se passa?

-É a sua esposa. Vieram avisar que ela desmaiou na rua e foi levada para o consultório do doutor Rómulo.

-O quê?! Baronesinha. – Imediatamente ele se encaminha a passos apressados para a rua.

-Senhor e a reunião - Diz a secretária enquanto corre atrás dele.

-Invente uma desculpa, remarque para outro dia, qualquer coisa.

Ernesto entra no consultório feito um louco.

Até ao fim das nossas vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora