Capítulo 2

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Num pequeno bairro do Rio de Janeiro, a moça despedia-se daqueles que a tinham ajudado e preparava-se para dar um novo rumo à sua vida.

-Obrigada por tudo, nunca vou esquecer o que fizeram por mim.

-Qualquer problema estaremos sempre aqui de braços abertos. E não se preocupe que cuidaremos muito bem de tudo.

-Eu prometo que volto o mais depressa possível.

Com um último abraço ela partiu no carro de aluguer em direção a São Paulo. Doía-lhe partir assim. Mas não tinha alternativas, o salário que lhe ofereciam era muito bom e ela precisava disso para cuidar da sua família. Ali ela era uma empregada de bar e fazia alguns arranjos de costura, mas era difícil fazer face às despesas com um ordenado tão baixo.

Certo dia, apareceu um freguês que precisava de um arranjo urgente numas peças de roupa e recomendaram o trabalho dela. Foi aí que surgiu o conte para trabalhar num prestigiado hotel de São Paulo. Num primeiro momento, ela tinha recusado. São Paulo não lhe trazia boas lembranças e também não queria deixar os que amava para trás, mas acabou por aceitar.

A moça já tinha chegado a São Paulo, agora precisava arranjar um sítio para ficar. Tinha-lhe sido recomendado um lugar, e ela esperava que desse certo, de contrário não tinha para onde ir. Era um cortiço perto do hotel onde trabalharia.

-Bom dia senhorita em que posso ajudá-la?

-Eu vim procurar um sítio para ficar.

-Aqui no cortiço temos muitas vagas. Se tiver dinheiro para pagar o quarto já é seu.

-Aqui o dinheiro.

-Muito bem, tem aqui a sua chave. Qualquer dúvida pode falar comigo.

-Obrigada Senhor.

O quarto não era grande, mas serviria para o que pretendia. Não iria ser fácil ficar ali sozinha, teria demasiado tempo para pensar no passado. Mas aquele não era o momento para isso, ela tinha de procurar um sítio para comer. Ela ia a sair tão distraída que acabou por ir de encontro a outra pessoa.

-Desculpa moça, não a tinha visto.

-Não foi nada. Eu vi que a senhorita é nova aqui. O meu nome é Penélope.

-Prazer.

-Qual é o seu nome?

-Ema.

-Um nome bonito.

-Obrigada.

-Então você é de onde?

-Eu estou a chegar do Rio de Janeiro.

-Então é a sua primeira vez em São Paulo?

-Ehhh...- hesita Ema

-Sua primeira vez aqui na cidade?

-Sim, é.

-Pode contar comigo para o que precisar.

-Eu vou trabalhar no hotel aqui da esquina.

-Que coincidência, eu também trabalho lá. Podemos ir juntas.

-Claro. Agora eu vou comer qualquer coisa que a viagem foi cansativa.

-Tem aqui um bar que serve uma ótima comida. Eu posso mostrar-lhe onde fica.

-Obrigada.

-Eu estou a ser muito intrometida, não é? Eu sempre fui assim, se eu estiver a incomodar é só dizer.

-Eu vou ficar muito feliz com a sua companhia. Vamos?

-Claro.

Naquele momento começou a nascer uma nova amizade, que seria muito importante para ultrapassar aqueles dias difíceis .

Até ao fim das nossas vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora