Capítulo 29

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"Há gente que sem perceber distancia-se da felicidade, criando barreiras: amores desfeitos, amizades frustradas..."

Rodrigo Souza

Eu só queria saber o motivo. Só saber.

As vezes eles brigavam, e eu nem sabia porque. É, eu sei que todo casal tem suas brigas, não sou ingênua. Mas as vezes eles brigavam por motivos tão fúteis. Só que eu não queria julga-los, quem garante que eu não faria a mesma coisa? Eu entendia situações como essa, sabia que fazia parte, sabia que o que eu podia fazer é orar. Mas Pri não. Ela ainda era muito nova pra entender isso. Pra ela o Ken sempre se daria bem com a Barbie. Por isso ela não entendia as brigas de casais em filmes.

Acariciei o cabelo de Priscila e tentei explicar a ela.

-Isso acontece com todo mundo Pri. Todo casal briga as vezes. Logo eles voltam a se falar. -Disse eu.

-E vão se amar de novo? -Perguntou erguendo a cabecinha do meu colo.

-Ele não deixaram de se amar. Só estão brigando.

-Por quê eles brigam?

-Eu não sei. Mas a gente também briga as vezes não é? Você também fica brava comigo as vezes. Ou quase sempre!

Ela sorriu e eu disse:

-É a mesma coisa. Quando isso acontecer, é só você falar com o Papai do céu, Ele sempre ouve. E ajuda a gente a entender e confiar. Ele traz paz pro nosso coração.

-Tá bem. Mas você e o Ben não brigam não é?

-Quem disse? Brigamos sim! Não desse jeito é claro. As vezes ele é metido. -Disse eu brincando.

Priscila sorriu e disse:

-Prometo que não vou contar pra ele.

-Bom mesmo mocinha.

Ela sorriu e depois com uma voz de tristeza disse:

-Eu não queria que o Robin estivesse lá embaixo ouvindo tudo.

-Eu também não. Mas quando tivermos a oportunidade vamos lá vê-lo tá bem?

Priscila assentiu e percebi que isso a animou.

Quando as vozes exaltadas pararam, esperei um pouco até ouvir passos de alguém subindo as escadas. Pode ser que papai estivesse lá embaixo ainda, e talvez brigasse comigo por qualquer motivo por conta de estar irritado.

Mas eu ia arriscar. Fui para o andar debaixo com Priscila. Robin logo veio nos recepcionar. Ele estava crescendo. Sentamos no tapete e começamos a acariciar seu pelo tão fofo. Ele sorriu para nós como se nada tivesse acontecido e tudo fosse puro.

Era bom. Eu e Priscila ficamos um bom tempo lá com Robin. Acabei ficando encostada no sofá ainda no chão, com a Priscila encostada em mim e Robin deitado em nossa frente.
Meus dedos não queriam deixar seu corpo quente e macio. Ouvi passos de alguém descendo a escada. Pensei em fingir estar dormindo mas já era tarde.

Era mamãe. Ela olhou para mim e disse:

-Filha? O que está fazendo aqui?

-Estou fazendo companhia ao Robin.

Ela sorriu e eu queria ir até ela e saber o que aconteceu. Pelo menos tentar consola-la. Mas os dois estavam enroscados em mim.

-Tá tudo bem?

-Tá sim. -Disse ela abrindo um sorriso fraco.

Ela veio até mim e disse:

-Vou colocar Priscila para dormir.

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