cap. 20 - A grande surpresa

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Entrei em casa. Troquei de roupa para algo mais confortável. Uma sweat cinzenta da GAP e uns calções de fato de treino pretos. Sentia-me feliz por Duarte. Ter o seu pai de novo em casa seria algo espetacular para ele. Sentia-me também ansiosa pela surpresa que lhe preparara. Não sei o que farei se ele não gostar. Mas vejamos: Feira? Gosta. Diversões malucas? Adora. Comida de plástico? Farturas? Pipocas? Algodão doce? Uma vez, sem exemplo? Porque não? Acho que não havia nada para o Du não gostar desta surpresa.

Mas, o pior de tudo, era que ele não se tinha lembrado do nosso aniversário. Dos nossos 11 meses. Quase um ano juntos. Não lhe havira dito nada pois achei que talvez não fosse importante, mas agora reparei que sim, fizera-me alguma confusão. Fiquei pensativa. Ele tinha-se mesmo esquecido. Mas também com tanta coisa para pensar. O pai. O acidente. Apoiar a mãe. Estava realmente a ser parva. O que interessava mais um mês? Nada, ao lado da quantidade de problemas com que Duarte se tinha de preocupar agora. Esqueci isso.

Dirigi-me até ao cimo do meu guarda-roupa, onde tinha guardado o presente de Duarte. Tinha-o visto numa feira tradicional a algum tempo. Achei-o tão especial. Tratava-se de uma pulseira. Uma pulseira de cabedal castanho com uma inscrição muito própria. Muito nossa. Mandara-a gravar quando a comprei. "You are my once upon a time" fora a frase que escolhi. Tinha um significado especial para nós dois. Algo que nos unia. Senti logo uma imensa energia positiva quando toquei no embrulho. Aquela pulseira tinha mesmo algo de fora do normal. Algo verdadeiramente especial. Algo completamente nosso.

Corri até à gaveta onde guardava-mos os papeís de embrulho. Escolhi um dourado. Era mesmo bonito. Envolvi o embrulho. Coloquei um laço vermelho. Era algo pequeno, mas com um grande valor sentimental. Cruzei os dedos, de forma a fazer figas. "Espero mesmo que ele goste tanto como eu."

As 19 horas aproximavam-se a passos largos. Tinha mesmo de me despachar. Diriji-me, de novo, ao meu quarto. Que iria usar para uma ocasião tão especial? Optei por umas calças de ganga com rasgões, uma camisola azul turquesa com as costas com um "V" grande e os meus Vans pretos. Soltei o meu cabelo preto comprido. Coloquei a mala preta, e, dentro dela, introduzi o embrulho com a pulseira, os bilhetes para utilizar nas diversões da feira e uma venda preta (já vos explico o porquê). Coloquei um grande sorriso na cara. Aquela noite iria ser das melhores. Iria ser a mais especial. Peguei no meu IPhone e reparei que tinha uma mensagem. "1 mensagem de: Duarte". Será que já não poderia vir? O meu sorriso desapareceu. Abri-a de imediato. " Mary, vá lá. Só uma pista! Vá lá, princesa!" UHF! Dei um suspiro de alívio. Era só mais uma tentativa falhada de Duarte para eu lhe contar mais acerca da surpresa, felizmente. Aproximei-me do meu armário e tirei uma camisa de ganga clara. Aquela noite não prometera ser muito fria, mas mais vale precaver do que remediar.

Peguei nos headphones. Introduzi-os no IPhone. Procurei algo divertido na minha playlist. E acabei por colocar a música "Wiggle" do Jason Derulo. Com aquela música era impossível não bater o pé. Era super animada. Dirigi-me até ao carro na minha cantoria habitual. Tinha chegado um pouco cedo. Ainda faltava um quarto para as 7 da noite. Decidi então sentar-me e deixar-me envolver pela música. Dei uma vista de olhos pelas redes sociais. Twitter, alguns novos seguidores. Tumblr, igual. Facebook, algumas notificações. Mas houve uma que me chamou à atenção. "Bruna Silva comentou uma foto na qual estás identificada". Tratava-se da foto de capa do Du. Era esta a rapariga desconhecida. Aquele que estava constantemente a "atirar-se" ao Duarte. Abri a foto. Encontrei mais alguns comentários, tanto dela como dos nossos amigos. Acho que até um pouco a levar aquele seu comentário na brincadeira. Não liguei.

Duarte ainda não chegara. Abri o Wattpad e comecei a ler um pouco. Gostava tanto de explorar um pouco das histórias existentes nesta minha aplicação. Achava-a perfeita. Tinha livros, livros e mais livros (coisa que eu adoro a cima de tudo). Tinha oportunidade de comunicar com pessoas de todo o mundo e de ler as suas histórias. Achava fantástico. Começara a escrever uma história à pouco tempo, e, para grande alegria minha, tenho estado a ter muitas leitores que me têm dado um feedback muito positivo. Estou mesmo a adorar a minha experiência.

Alguém interrompera a minha música. Era Duarte que me ligara. De repente olho para o vidro do carro e lá está ele. Aquele ser humano fantástico a fazer caretas para mim. E que lindo que está hoje com a roupa que lhe preparei. Acrescentou apenas uma mochila da O'Neil vermelha que utilizou para trazer a máquina fotográfica e os seus pertences.

-Olá princesa! Estás tão linda oh macaquinha! - ele aproximara a sua face da minha mas antes que tivesse oportunidade de fazer algo eu repondi-lhe:

-Ai estou, seu feio? Hoje melhor porque fui eu que escolhi a roupa, não é seu totó? - seguiu-se uma longa gargalhada. Não resisti a dar-lhe um beijo. Ele hoje estava especialmete feliz, mesmo que não sei lembrasse do nosso aniversário... Mas não ia estragar o momento. Peguei no meu IPhone e coloquei na câmera. - Look at the camera, bae! Say: banana!

-B-A-N-A-N-A! - dissemos em uníssono.

-Esta vai para o meu Intagram! Ficou mesmo gira! Olha, macaquinho!

-Também com um modelo como MOI! Estavas à espera do quê? - mais uma longa risada invadiu o meu Smart vermelho.

Iniciei a viagem até ao local secreto.

-Para onde vamos, Mary?

-It's a big secreat. - Passei-lhe uma venda preta. (Era um dos meus lenços pretos , mas tranformei numa venda para a ocasião). - Coloca isso, macaquinho! - liguei o rádio. - Agora canta e espera que te diga para a tirares. Não vale espreitar! Ouviu, menino Duarte?

-Tu queres brincar, não é, Maria? Então vamos lá. - mais uma longa gargalhada. - Mas antes de colocar a venda, tu não me vais raptar, nem nada do género? Pois não?

-Pronto. Descobriste o meu segredo. - mais uma estridente risada. - COLOCA JÁ A VENDA! - gritei, dando continuidade à viagem.

Já faltava pouco para pôr o meu "plano" em ação...

Dele...Onde histórias criam vida. Descubra agora