O medico retomara ao quarto. Sr Pereira encontrava-se numa cadeira de rodas, mas mantinha-se nesta posiçao com bastante esforço e desconforto.
Duarte ao ver aquilo dirigiu-se ao pai e questionou o Dr Williams sobre o que tinha acontecido na sua ausência.
-Vamos só fazer alguns exames para ver se está mesmo tudo bem, detalhadamente um raio-X à zona torácica e análises ao sangue.
-Okey, okey Doctor. Posso acompanhá-lo? - perguntou prontamente Duarte.
-Vão ser só umas análises rápidas, mas se faz assim tanta questão. Talvez agradecesse uma ajudinha a transportar o seu pai.
O Sr Pereira não era nenhum homem daqueles que costumamos ver nos cafés, com aquela barriguinha e com um aparente desmazelo com o seu corpo e com a sua imagem. Sr Pereira era um homem alto, também moreno como o filho, cabelo já um pouco grisalho, mas não muito.
Ao contrário do Dr Williams que o empurrava interruptamente com toda e mais alguma da sua pouca força. Era um jovem baixo e magro, extremamente magro.
Por sua vez, Duarte era bem mais alto que o Dr e muito mais musculado. Certamente seria uma boa ajuda.
A sua mãe encontrava-se a um canto da sala, sentada numa cadeira, a olhar a parede, talvez num longo momento pensativo.
-Até já, meninas! - Disseram em uníssono. Duarte e o seu pai eram tão animados e brincalhões, principalmente quando estavam juntos.
Fiz sinal a Duarte e disse baixinho "Acho que vou dar uma palavrinha à tua mãe. Vou tentar animá-la um bocadinho."
Ele levantou-me o pulgar, enquanto se afastava a empurrar a cadeira de rodas. Ainda consegui diferenciar um "Obrigada, M. Amo-te".
Retornei ao quarto. Agachei-me junto da Sr Pereira. Parecia encontrar-se num sono hipnótico. Toquei-lhe, ao de leve, na mão. Ela olhou-me. Aquele olhar coberto de tristeza.
-Como é que está? Não vale a pena tentar enganar-me e dizer que está tudo bem. - Disse directamente. - Eu quero ajudá-la de alguma forma.
-Oh querida, tu já ajudaste tanto. Tens apoiado tanto o Duarte. Tu és uma estrelinha que nos caiu do céu. Não sei como aguentaria tudo isto, sem a tua ajuda. Só o facto de teres estado ao lado do Duarte em todos estes momentos dificeís, ajudou-me tanto. - Fiquei tão contente ao ouvi-la prenunciar aquelas palavras. Afinal ajudara-a. E isso fazia-me sentir tão bem comigo mesma. - Estou um pouco em baixo por ver o meu marido assim. Tão fraco. Tão debilitado. Mas agora, que ele já acordou e que já tivemos uma conversa sobre a sua recuperação, sinto-me muito mais confiante e esperançosa de que tudo correrá pelo melhor.
Abracei-a. Um longo abraço. Ouvi ainda um longo "Obrigada, querida.". Falámos durante mais uma longa meia hora. Ela parecia bem mais animada.
Fiquei feliz por tudo estar a voltar à normalidade de novo. Ainda que agora se seguisse a recuperação. Mas o Sr Pereira parecia tão decidido e forte para enfrentar a sua recuperação e torná-la o menos dolorosa possível.
Eles apareceram de novo na sala, colocando fim à nossa "conversa feminina" (como, na brincadeira, lhe gostamos de chamar).
A Sra Pereira era uma mulher muito simpática e alegre, por natureza. De estatura média, magra, mas não exageradamente, olhos castanhos, cabelo pelos ombros, castanho-avelã, tal como os olhos, pele morena, tal como o seu filho. Era uma mulher muito bonita, com um aspecto exótico. Sempre simpatizara bastante com ela. Ela transmitia-me uma grande segurança e a sua simpatia era incrível.
-Os exames mostraram que o Sr Pereira se encontra bem e, que agora, só lhe resta ser forte para enfrentar a sua recuperação.
-Eu já estou bem, Doctor. Não me poderia já deixar ir para casa?
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Dele...
أدب المراهقينEsta sou eu. Estes são os meus problemas. Estes são os meus sonhos. Estes são as pessoas que mais gosto. Estes são os meus maiores medos. Estes são os meus inimigos. Estas são as minhas escolhas. Esta é a minha história.