cap. 12 - Viagem mais animada

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O medico retomara ao quarto. Sr Pereira encontrava-se numa cadeira de rodas, mas mantinha-se nesta posiçao com bastante esforço e desconforto.

Duarte ao ver aquilo dirigiu-se ao pai e questionou o Dr Williams sobre o que tinha acontecido na sua ausência.

-Vamos só fazer alguns exames para ver se está mesmo tudo bem, detalhadamente um raio-X à zona torácica e análises ao sangue.

-Okey, okey Doctor. Posso acompanhá-lo? - perguntou prontamente Duarte.

-Vão ser só umas análises rápidas, mas se faz assim tanta questão. Talvez agradecesse uma ajudinha a transportar o seu pai.

O Sr Pereira não era nenhum homem daqueles que costumamos ver nos cafés, com aquela barriguinha e com um aparente desmazelo com o seu corpo e com a sua imagem. Sr Pereira era um homem alto, também moreno como o filho, cabelo já um pouco grisalho, mas não muito.

Ao contrário do Dr Williams que o empurrava interruptamente com toda e mais alguma da sua pouca força. Era um jovem baixo e magro, extremamente magro.

Por sua vez, Duarte era bem mais alto que o Dr e muito mais musculado. Certamente seria uma boa ajuda.

A sua mãe encontrava-se a um canto da sala, sentada numa cadeira, a olhar a parede, talvez num longo momento pensativo.

-Até já, meninas! - Disseram em uníssono. Duarte e o seu pai eram tão animados e brincalhões, principalmente quando estavam juntos.

Fiz sinal a Duarte e disse baixinho "Acho que vou dar uma palavrinha à tua mãe. Vou tentar animá-la um bocadinho."

Ele levantou-me o pulgar, enquanto se afastava a empurrar a cadeira de rodas. Ainda consegui diferenciar um "Obrigada, M. Amo-te".

Retornei ao quarto. Agachei-me junto da Sr Pereira. Parecia encontrar-se num sono hipnótico. Toquei-lhe, ao de leve, na mão. Ela olhou-me. Aquele olhar coberto de tristeza.

-Como é que está? Não vale a pena tentar enganar-me e dizer que está tudo bem. - Disse directamente. - Eu quero ajudá-la de alguma forma.

-Oh querida, tu já ajudaste tanto. Tens apoiado tanto o Duarte. Tu és uma estrelinha que nos caiu do céu. Não sei como aguentaria tudo isto, sem a tua ajuda. Só o facto de teres estado ao lado do Duarte em todos estes momentos dificeís, ajudou-me tanto. - Fiquei tão contente ao ouvi-la prenunciar aquelas palavras. Afinal ajudara-a. E isso fazia-me sentir tão bem comigo mesma. - Estou um pouco em baixo por ver o meu marido assim. Tão fraco. Tão debilitado. Mas agora, que ele já acordou e que já tivemos uma conversa sobre a sua recuperação, sinto-me muito mais confiante e esperançosa de que tudo correrá pelo melhor.

Abracei-a. Um longo abraço. Ouvi ainda um longo "Obrigada, querida.". Falámos durante mais uma longa meia hora. Ela parecia bem mais animada.

Fiquei feliz por tudo estar a voltar à normalidade de novo. Ainda que agora se seguisse a recuperação. Mas o Sr Pereira parecia tão decidido e forte para enfrentar a sua recuperação e torná-la o menos dolorosa possível.

Eles apareceram de novo na sala, colocando fim à nossa "conversa feminina" (como, na brincadeira, lhe gostamos de chamar).

A Sra Pereira era uma mulher muito simpática e alegre, por natureza. De estatura média, magra, mas não exageradamente, olhos castanhos, cabelo pelos ombros, castanho-avelã, tal como os olhos, pele morena, tal como o seu filho. Era uma mulher muito bonita, com um aspecto exótico. Sempre simpatizara bastante com ela. Ela transmitia-me uma grande segurança e a sua simpatia era incrível.

-Os exames mostraram que o Sr Pereira se encontra bem e, que agora, só lhe resta ser forte para enfrentar a sua recuperação.

-Eu já estou bem, Doctor. Não me poderia já deixar ir para casa?

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