Cap. 28 - Mas...

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Quando cheguei perto do BMW, ele já se encontrava lá dentro. Consegui ver a sua face. Agora com uns enormes papos nos olhos. Eu conhecia-o bem demais. Percebi de imediato que tinha estado a chorar. A chorar? Mas porque raio é q ele tinha estado a chorar? O seu sorriso estava escondido. Aquele seu lindo e enorme sorriso. Algo estava definitivamente errado.

Abri a porta.

-Olá, Du! - sorri-lhe, seguidamente cheguei-me junto dele para o beijar na sua face, que notei encontrar-se ainda molhada. Mas ele, sem sequer me fintar com o seu olhar, arrancou bruscamente.

"Hey" foi apenas o que disse e num tom mesmo muito baixo e algo triste. Tentei ignorá-lo de alguma forma.

-Então de que querias falar, seu godo?

-Quando chegarmos explico-te melhor.

-Okay, mas está mesmo tudo bem? - perguntei, algo preocupada. Mas não obtive resposta.

Olhei os seus olhos, que costumam estar radiantes e risonhos mas que hoje não podiam estar mais tristes, e vi uma lágrima a escorrer-lhe pela face. Ele apercebeu-se. Precipitou-se, de imediato, para colocar os óculos de sol mas já não foi a tempo. Tinha sido apanhado.

-O que é que se passa, Duarte? - revoltei-me completamente. Não o conseguia ver assim. A sofrer. Triste. E sem puder fazer nada. - Vais dizer-me aqui e agora.

Ele ignorou-me, mas vi outra lágrima, agora um choro sonoramente detectável.

Inclinei-me para perto dele. Passei a mão pelo seu rosto, enchugando as suas lágrimas. Senti a sua mão a acariciar a minha, mas que subitamente mudou de atitude, sacundindo-a e afastando-me o mais possível de si. Porque é que ele estava a ser assim comigo? Afinal nao estava mesmo a ser paranóica. Algo tinha mesmo acontecido com aquele ser que eu tanto adorava, mas continuava a não saber o porquê de tudo aquilo. Fechei os olhos. Continuava a ouvir o seu choro, que acalmara calmamente à medida que a viagem aumentava.

Parámos, passado alguns minutos, junto de um lindo jardim, com uma vista belíssima sobre o Tejo.

Depois de o seu choro ter cesado, ele começou ainda a medo:

-Maria, tenho algo para te contar. - Agora conseguia diferenciar a culpa na sua voz. - Algo que eu fiz, e estou muito arrependido de o ter feito. E, desde já, te peço desculpa. Sei que não o vais gostar de ouvir, mas eu nao consigo esconder-te mais isto durante muito mais tempo. Eu fui um estúpido. Um parvo. Um autêntico imbecil. Não soube comportar-me tendo uma rapariga tão espectacular como tu...- e o choro começou de novo, mas insonoro.

Agora sim estava verdadeiramente a entrar em pânico.

-Estás a assustar-me... Conta Du! Prometo que ficará tudo bem. Nós sempre ultrapassámos os nossos problemas juntos, e desta vez não vai ser excepção.

Colei as minhas mãos nas suas, mas este desviou-as por completo.

Fiquei apenas a olhar aquela vista fantástica. Forcei-me a colocar, também, os óculos de sol. Aquela sensação entristecia-me,  deixava-me tão mal, a preocupação não parava de aumentar. Já não aguentava olhá-lo diretamente noa olhos. Porquê toda aquela rejeição? Enervava-me o simples facto de não saber o motivo daquela mudança de atitude comigo. Ele estava a ser o oposto do rapaz com quem tinha estado todos estes anos.

Ouvi, de novo, a voz de Duarte.

-Mas...

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