Quando cheguei perto do BMW, ele já se encontrava lá dentro. Consegui ver a sua face. Agora com uns enormes papos nos olhos. Eu conhecia-o bem demais. Percebi de imediato que tinha estado a chorar. A chorar? Mas porque raio é q ele tinha estado a chorar? O seu sorriso estava escondido. Aquele seu lindo e enorme sorriso. Algo estava definitivamente errado.
Abri a porta.
-Olá, Du! - sorri-lhe, seguidamente cheguei-me junto dele para o beijar na sua face, que notei encontrar-se ainda molhada. Mas ele, sem sequer me fintar com o seu olhar, arrancou bruscamente.
"Hey" foi apenas o que disse e num tom mesmo muito baixo e algo triste. Tentei ignorá-lo de alguma forma.
-Então de que querias falar, seu godo?
-Quando chegarmos explico-te melhor.
-Okay, mas está mesmo tudo bem? - perguntei, algo preocupada. Mas não obtive resposta.
Olhei os seus olhos, que costumam estar radiantes e risonhos mas que hoje não podiam estar mais tristes, e vi uma lágrima a escorrer-lhe pela face. Ele apercebeu-se. Precipitou-se, de imediato, para colocar os óculos de sol mas já não foi a tempo. Tinha sido apanhado.
-O que é que se passa, Duarte? - revoltei-me completamente. Não o conseguia ver assim. A sofrer. Triste. E sem puder fazer nada. - Vais dizer-me aqui e agora.
Ele ignorou-me, mas vi outra lágrima, agora um choro sonoramente detectável.
Inclinei-me para perto dele. Passei a mão pelo seu rosto, enchugando as suas lágrimas. Senti a sua mão a acariciar a minha, mas que subitamente mudou de atitude, sacundindo-a e afastando-me o mais possível de si. Porque é que ele estava a ser assim comigo? Afinal nao estava mesmo a ser paranóica. Algo tinha mesmo acontecido com aquele ser que eu tanto adorava, mas continuava a não saber o porquê de tudo aquilo. Fechei os olhos. Continuava a ouvir o seu choro, que acalmara calmamente à medida que a viagem aumentava.
Parámos, passado alguns minutos, junto de um lindo jardim, com uma vista belíssima sobre o Tejo.
Depois de o seu choro ter cesado, ele começou ainda a medo:
-Maria, tenho algo para te contar. - Agora conseguia diferenciar a culpa na sua voz. - Algo que eu fiz, e estou muito arrependido de o ter feito. E, desde já, te peço desculpa. Sei que não o vais gostar de ouvir, mas eu nao consigo esconder-te mais isto durante muito mais tempo. Eu fui um estúpido. Um parvo. Um autêntico imbecil. Não soube comportar-me tendo uma rapariga tão espectacular como tu...- e o choro começou de novo, mas insonoro.
Agora sim estava verdadeiramente a entrar em pânico.
-Estás a assustar-me... Conta Du! Prometo que ficará tudo bem. Nós sempre ultrapassámos os nossos problemas juntos, e desta vez não vai ser excepção.
Colei as minhas mãos nas suas, mas este desviou-as por completo.
Fiquei apenas a olhar aquela vista fantástica. Forcei-me a colocar, também, os óculos de sol. Aquela sensação entristecia-me, deixava-me tão mal, a preocupação não parava de aumentar. Já não aguentava olhá-lo diretamente noa olhos. Porquê toda aquela rejeição? Enervava-me o simples facto de não saber o motivo daquela mudança de atitude comigo. Ele estava a ser o oposto do rapaz com quem tinha estado todos estes anos.
Ouvi, de novo, a voz de Duarte.
-Mas...
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Dele...
Teen FictionEsta sou eu. Estes são os meus problemas. Estes são os meus sonhos. Estes são as pessoas que mais gosto. Estes são os meus maiores medos. Estes são os meus inimigos. Estas são as minhas escolhas. Esta é a minha história.