CAPÍTULO 95

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- Ele aperta os olhos com a mão no queixo, como quem se esforçasse para lembrar-
MAURÍCIO: Aquela do final de semana em casa?
CÍNTIA: Exato
MAURÍCIO: Sim, e o que deu de errado?- Ela pega uma pequena pilha de papéis, o que eu suponho que seja os relatórios e coloca na mesa-
CÍNTIA: Esses relatórios foram pedidos às famílias das pacientes, para termos um controle delas enquanto elas estivessem lá fora- Ele folheia alguns- De 30 pacientes, 5 tiveram recaídas
MAURÍCIO: Entendi- Ele para de folhear os papéis e á encara- Acha que devíamos parar com esses finais de semana?
CÍNTIA: Não me resta dúvidas- Ela fala com um tom forte, parece que exatamente para me atingir-
MAURÍCIO: Bem, então...- Eu o interrompo-
LUAN: Senhor!...- Eu o chamo e ele me encara- Desculpa minha intromissão, mas eu gostaria de defender o MEU projeto- Falo dando ênfase ao "meu" pra que ela entenda que por mais que ela grite, fale num alto falante ou anuncie num outdoor a "vitória" dela ainda depende das minhas palavras- Eu idealizei o projeto para que as pacientes tivessem um contato maior não só com os parentes, como com a vida lá fora também! O fato delas estarem trancadas numa clínica, ajuda elas à superarem a dependência, mas sem contato com a dependência, como elas saberão lidar ao sair daqui?- Ele parece pensativo, sem expressão e eu continuo- Elas terem esse contato maior com ainda mais membros da família delas pode sim ajudá-las à superar esse vício. Algumas delas, tem filho e só os vê aos finais de semana. Eu não sei se o senhor tem filho, mas eu tenho uma e agora mesmo eu já estou morrendo de saudades dela, imagina para uma mãe, o sofrimento que não é poder abraçar uma vez por semana, sentir o cheiro, dar carinho, pegar no colo...

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