Obsessão

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Camila estava sentada em seu escritório lendo correspondências. Alejandro tinha viajado e só voltaria na quinta. Nesse momento o telefone tocou duplamente. Segunda-feira era dia de dor de cabeça e o som do telefone irritou-a consideravelmente. A garota pressionou o ponto entre os olhos e fechou-os com força enquanto levava o aparelho ao ouvido.

- Cabello - disse, um pouco rouca pelo tempo em que ficara em silêncio.

- O Sr. Mendes está na linha, Srta. Cabello - disse a voz calma de Nathan e Camila soltou o ar dos pulmões demoradamente, encostando-se melhor no acento. - A senhorita pode atendê-lo?

- Ele vai ter um filho se eu não atendê-lo. Pode passar, mas traga uma aspirina para mim, ok?

- Sim, senhorita.

Houve um breve ruído característico quando a ligação foi passada.

- Fale, Shawn.

- Por que você não me atende no celular? - esganiçou-se o garoto, continuando sem tomar fôlego. - Por que não responde minhas mensagens? Por que está me evitando na faculdade? Por que não me convida para ir à sua casa? Por que...

- Você já teve dor de cabeça, Shawn? - cortou, falsamente calma.

- ... você... heim? - o garoto pareceu um pouco perdido.

- Eu perguntei se você já teve dor de cabeça - repetiu pacientemente.

- Ora, é claro que já tive! Mas não entendo onde você...

- Então você deve saber que a sua voz extremamente chata está ecoando em minha cabeça aquele seu primeiro "por que" até agora. Imagine os outros! Você é capaz de sussurrar, Shawn?

Houveram alguns momentos de uma abençoada hesitação antes que pudesse ouvir algum som novamente.

- Oh... oh, me... me desculpe, gatinha - chiou ele e ainda assim esse chiado parecia extremamente irritante.

- O que você quer, que é tão importante a ponto de você ter que interromper meu serviço? - estava sendo difícil conter a irritação na voz.

- É que... eu... bem... queria saber por que você me abandonou na balada sábado...

- Eu não acredito que você me ligou para tirar satisfações! - rosnou, apertando tanto os maxilares que provocou pontadas na cabeça. Shawn balbuciou alguma coisa, mas ela já não estava mais ouvindo. - Quantas vezes eu vou precisar repetir que não devo satisfações nem a você nem a ninguém? Quando eu quiser falar com você, não se preocupe, eu sei seu telefone, sei onde você mora, os lugares que freqüenta, se duvidar eu sei até a maldita cor da cueca que você está usando nesse momento. Mas, por favor, Shawn, AGORA NÃO!

Ela tacou o aparelho no gancho e finalmente pôde relaxar, massageando a têmpora. Só nesses momentos ela podia descontar toda sua frustração nesse garoto impertinente. Suas dores de cabeça sempre justificavam tudo. No dia seguinte ele estaria bem mansinho. E ela já não teria mais desculpas para gritar com ele... Será que Lauren já tinha algum plano para empurrá-lo à Lovato?

Nesse momento soaram dois toques suaves na porta e Nathan entrou como se pisasse em ovos. Ah, só Nate mesmo para entendê-la...

- Tome, Camila - ele estendeu uma aspirina e um copo, que a garota aceitou. - Você quer conversar? - perguntou depois de alguns segundos em que Camila rolava o comprimido entre os dedos.

Ela olhou-o e finalmente tomou o remédio, seguido da água e pousou o copo na mesa.

- Eu preciso conversar, Nate.

Green Eyes - Camren (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora