3 - Refúgio

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Este capítulo é dedicado a Di que hoje, 21 de fevereiro, está fazendo aniversário. Parabéns, amiga! 

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Duas semanas se passaram após a fatídica discussão entre Ema e Ernesto na praça principal do Vale. O moreno refletia em seu carro como Ema podia mexer tanto com os seus sentimentos. Jamais imaginaria que revê-la poderia despertar dentro de si uma atração tão poderosa. Apesar de todo o impropério que ela lhe dirigiu, Ernesto somente pensava em como aquela adolescente magricela de oito anos atrás havia se tornado uma bela mulher. Continuava geniosa, não podia negar, mas ele também gostava dessa característica, concluiu.

Retornava ao Vale após dias em São Paulo acompanhando a mãe no tratamento de quimioterapia. Foram dias difíceis, pois Gaetano resolveu aparecer e eles discutiram novamente. Voltar para a fazenda era uma como raios de sol após forte tormenta.

- Figlio mio, grazie por acompanhar-me. - Diz Nicoletta após entrar em casa.

- Que isso, Mamma! Não fiz mais do que minha obrigação com a senhora. Moveria terra e céus para estar ao teu lado.

Ernesto põe as malas no chão da sala e vai em direção à mãe para abraça-la.

- Ti voglio tanto bene, bambino mio!

- Mamma, a senhora é a força desta família. Eu jamais a abandonarei novamente. É uma promessa.

- Nunca senti que tenhas me abandonado, figlio mio. Em meu coração você sempre esteve presente. Agora vou subir e descansar um pouco da viagem. Meus pés estão inchados e minha cabeça dói.

- Quer que eu a ajude a subir?

- Não, não. Vá cuidar-se de si.

Era pouco mais de oito e meia da manhã, ele notou, e fazia forte calor na região. Ernesto sentiu-se tentado em ir se deitar, mas precisava de uma outra forma para relaxar e tirar todas as energias ruins do corpo que foram acumuladas em São Paulo. Lembrou-se de Trovão, seu cavalo e decidiu cavalgar um pouco pela propriedade.

Após algum tempo cavalgando reparou em algo cruzando a propriedade indo em direção à cachoeira. Imaginou ser algum animal, mas notou que a figura esbelta que se deslocava com graciosidade era uma pessoa e, certamente, uma mulher. Decidiu segui-la em vez de chamar-lhe a atenção, apesar de estar claro para todos na região que a cachoeira era particular.

Chegando mais perto, Ernesto desceu do cavalo e o deixou a uma distância segura para não assustar e espantar a criminosa invasora. Escondeu-se, então, atrás de um arbusto e viu que peças de roupas estavam cuidadosamente dobradas em cima de uma pedra, acompanhada de um par de tênis e um aparelho celular, mas não havia sinal da mulher.

Emergindo das águas surge Ema que nadava regozijando-se da liberdade que aquele lugar lhe proporcionava. Impactado pela beleza do momento, Ernesto se desequilibra e cai, fazendo imenso barulho e assustando Ema.

- Quem está aí? - grita a jovem, cujo tom de voz demonstrava apreensão. - É melhor se revelar ou se arrependerá.

- Acalme-se, baronesinha. - diz Ernesto, finalmente revelando-se. - Sou eu, Ernesto Pricelli.

- Estava a me espionar? Por acaso não tem caráter?

- Eu não estava a espionar a senhorita.

- É claro que estava, seu... seu... seu tarado!

- Tarado? Ora! Sempre respeitei as mulheres.

- Então por que estavas atrás da moita me observando nadar?

- Estava a cavalgar quando vi algo correr em direção à cachoeira e resolvi investigar. Poderia ser um ladrão.

Amoris et FideiOnde histórias criam vida. Descubra agora