2 - Baronesinha

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Raios de sol já iluminavam o quarto de Ema naquela manhã de verão. A dor no pescoço e os olhos inchados eram sinal da noite mal dormida, recheada de lembranças e dor. Ema se levanta, arruma a cama e desce para mais um dia de intermináveis dias. Encontra Julieta e o avô tomando café-da-manhã.

- Bom dia, vovô. - beija-o na face. - Bom dia, madrasta.

- Bom dia, Ema, dormiu bem? Seu avô estava a perguntar por você.

- Minha netinha, esta mulher me maltrata. Faz a comida sem sal, não tem gosto esta merda.

Afrânio joga o prato com ovos no chão, fazendo uma imensa sujeira.

- Vovô! Pare já com isso! Desculpe-o, Julieta. - Diz Ema abaixando-se para limpar a bagunça.

- Não se preocupe, Ema, eu e seu avô já nos conhecemos. Meu sogro, está um dia lindo. Que tal irmos passear um pouco pelo jardim?

- Com você, sua cobra peçonhenta? Para que possas me jogar no lago e depois dizer que foi um acidente? Jamais! Ema, minha netinha, não quero ir. - suplica o idoso.

Ema estava a perder a paciência. Havia dias em que o avô era um anjo; mas outras vezes - a maioria - testava a paciência dela e da nora como se fosse uma criança mal-criada. Os médicos recomendaram acompanhamento psicológico, mas o sistema público de saúde não oferecia muitas vagas no distrito do Vale do Café, e consulta particular não se encaixava no orçamento familiar.

- Vovô, seja bonzinho, por favor. Estamos tão cansadas.

O idoso começa a choramingar, numa tentativa de manipulação, então Ema decide levá-lo para a sala onde há um aparelho de televisão para distraí-lo. Após acomodá-lo, ela retorna à cozinha, sentando-se à mesa para poder fazer a primeira refeição do dia.

- Deixe-me servi-la, Ema.

- Obrigada, Julieta. Não sei o que seria de nós sem você. O vovô não queria dizer aquelas palavras.

- Entendo-o perfeitamente. Cuidei do meu pai por anos e sei como eles se tornam difíceis quando possuem limitações. Mas deixe isso para lá. Como você está?

- Estou bem, obrigada. E papai, já acordou?

- Sim, e saiu bem cedo. Recebeu uma mensagem de dona Nicoletta no Whatsapp ontem à noite.

- Pobre mulher, não é madrasta? Ela não merecia tudo o que está vivendo.

- Mas ela é forte, Ema, e vencerá todos esses obstáculos. Conversamos outro dia e o foco é o casamento de Fani. Ela está radiante por casar a única filha.

- Será um lindo casamento! Camilo e Jane conseguirão vir?

- Acredito que sim. De acordo com Camilo, a data prevista do parto é para dez dias após o casamento, então acredito que eles estarão aqui sim.

Nesse momento entra Aurélio pela porta da cozinha. Trazia consigo uma rosa que gentilmente entregou à esposa, enquanto a beijava nos lábios.

- Bom dia, esposa! - Olha em direção a Ema - Bom dia, minha filha.

- Bom dia, papai. Como está dona Nicoletta?

- Na verdade não a vi, falei apenas com Maria. Resolvi ir logo preparar os cavalos dos meninos para poder estar em casa à tarde .

- Meninos? Ema pergunta curiosa.

- Ernesto chegou ontem.

O coração da jovem dispara ao receber a informação sobre o retorno de Ernesto. Não sabia nada dele, pois pedia a Luccino para não lhe contar as novidades. Sofria ao ouvir rumores sobre como ele estava curtindo a vida na Europa e namorando as mais belas modelos internacionais.

Amoris et FideiOnde histórias criam vida. Descubra agora