Alana Quer Justiça

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A recuperação de André foi surpreendente. Em menos de três semanas o homem saiu do hospital andando, com apoio de muletas, mas se recuperando rapidamente. Alana estava ao lado dele, que sentia sua presença ali.

O empresário tinha consciência do que passara e do que aconteceu com a amada. Sentia-se culpado por não tê-la ido buscar no Rio de Janeiro e por não ter notado a presença da impostora.

— Onde ela está? — indagou ao investigador quando o recebeu em seu apartamento.

— Foi levada para o centro de trauma de Vila dos Lírios. Está sendo bem cuidada, senhor. Preciso que me conte exatamente o que aconteceu...

Conte tudo o que houve naquela noite, mas me preserve. Eu preciso de justiça. — Alana sussurrou no ouvido dele, que fechou os olhos e começou a falar.

O investigador anotava tudo ouvindo atentamente. Fez as mesmas perguntas de forma diferentes três vezes. André respondeu a todas da mesma forma, pacientemente.

— Eu posso vê-la?

— Pode, sim. Ela está sendo mantida sedada, pois todas as vezes em que acordou ficou fora de si, não falou coisa com coisa. Pediu para os médicos tirarem alguém do quarto. Os médicos esperam a recuperação dos ferimentos para mandá-la para a ala psiquiátrica na capital.

André baixou a cabeça olhando para o chão. Pensou em como poderia fazer para que aquela impostora pagasse por seus crimes.

— Eu preciso falar com ela. Talvez ela se mantenha calma...

— Você sabe que ela vai precisar responder pelos crimes, não sabe?

— Eu sei, mas sei também que é preciso provas ou nada será feito. — disse cansado.

Ela precisa confessar! Procure a minha mãe!

André fechou os olhos e uma lágrima desceu por seu rosto. Como falaria com a mãe de Alana?

O investigador marcou a visita de André a Inácia para o dia seguinte. O empresário dormiu em seu apartamento com a certeza de que o espírito de Alana o fazia companhia.

Alana cuidou do sono do amado, mas foi ao quarto de Inácia, que estava acordada naquele momento. Olhava em volta, como não viu a entidade ficou tranquila. A jovem assassinada ficou perto da cabeça dela.

Confesse! Você precisa confessar ou jamais terá paz na sua vida! — soprou na mente dela.

Inácia fechou os olhos, meneou a cabeça negativamente.

— Nunca! — garantiu observando tudo a sua volta.

Os olhos de Alana se encheram de ódio naquele momento.

No dia seguinte, André chegou a Vila dos Lírios por volta das dez da manhã. Foi recebido por dois médicos.

— Qual é o estado dela?

— Está se recuperando bem. Ontem não precisamos sedá-la. Pois estava bem melhor, não tentou sair da cama.

— Ótimo. Ela está acordada?

— Sim, pode vir comigo. — chamou e foi andando ao lado do homem, entraram no elevador e subiram em silêncio até o andar da UTI.

André respirou fundo, encararia Inácia pela primeira vez sabendo quem ela realmente era.

A mulher estava de olhos fechados. Quando sentiu a presença de alguém no quarto, abriu os olhos devagar e viu apenas André, em pé, usando apoios.

— Amor? Por favor, quero ir embora daqui.

Seja gentil! — André ouviu aquele sussurro como se fosse sua consciência.

— Claro. Você precisa se recuperar para poder sair daqui... — disse de forma carinhosa e acariciou os cabelos dela. — Como está se sentindo?

— Bem, só quero ir embora daqui.

— Logo você volta pra casa. — disse aquilo observando os detalhes do rosto dela.

São idênticas, não é possível não terem nenhum parentesco. — pensou enquanto a analisava.

— Eu não me lembro de nada do que aconteceu. Você sabe o que houve?

Ela está mentindo, como sempre! — garantiu Alana na mente de André.

— Eu conto pra você quando sair daqui. Que bom ver que está bem e se recuperando. Eu preciso ir agora...

— Não me deixa aqui sozinha, por favor.

— Eu estou me recuperando também, meu amor. Preciso descansar. Amanhã eu volto, tá bom? — Deu um beijo na cabeça dela. — Fica bem, logo levo você pra casa.

Confesse! — Alana insistiu para Inácia, que a ignorou.

— Eu amo você, André!

— Eu também. — disse e saiu.

Inácia franziu o cenho e acompanhou o namorado sumir atrás da parede.

— Aquela desgraçada está manipulando ele. Está muito estranho... — deduziu. — Eu preciso sair daqui.

Chamou alguém e uma enfermeira entrou.

— Oi, você pode me dizer quando eu vou poder sair daqui?

— Só o médico tem essa informação.

— Você pode chamar ele?

— Claro... — a mulher saiu.

Quando o médico entrou, ela viu Alana perto da porta olhando-a cheia de ódio, enquanto ofegava deixando cair uma gosma escura de sua boca.

Inácia sorriu encarando a entidade e olhou para o médico.

— Quando eu vou poder sair daqui, doutor... — semicerrou os olhos para enxergar o nome dele no crachá e completou: — Gabriel?

— Se continuar respondendo bem ao tratamento, dentro de duas semanas poderá ir para casa.

— Obrigada. — agradeceu e olhou para Alana no canto do quarto.

Inácia desafiou a entidade, que ofegava furiosa. Alana sumiu dali quando ouviu a gargalhada da impostora.

Os ortopedistas do local fizeram alguns testes com próteses quando Inácia se recuperou um pouco.

Induzido por Alana, André ia ao hospital todos os dias. Pagou todo o tratamento da usurpadora e aprovou as próteses junto com ela, que o viu brando e amoroso, sem sinal da interferência de Alana.

O espírito estava o tempo todo ao lado dos dois. André saiu do hospital levando Inácia que andava com dificuldade devido à falta de adaptação à prótese na perna. O empresário a apoiava em um braço e no outro recebia Alana, como sempre faziam quando andavam juntos.

AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora