Pai

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Murilo foi encontrado inconsciente duas horas depois de sair da delegacia e levado ao hospital. Sem entender o que estava acontecendo, Lara conversou com médicos sobre André e sobre o colega. Acabou indo para casa sem resposta satisfatória. Passou a ir todos os dias ao hospital, mas os homens permaneciam em coma.

Cinco dias depois da internação de Murilo, Lara recebeu ligação de Olivia. A médica pediu a autopsia de Alana junto com o resultado do exame de DNA.

— Claro, Olivia! Como a dona Ana Maria está? — indagou e sentiu um calafrio. Alana surgiu ao seu lado com o olhar sombrio que a acompanhava desde seu confronto com Otto.

— Ela está tendo lapsos depressivos, tem oscilado muito o comportamento, Lara. Começou a contar como sofreu o golpe que Alírio deu nela.

— Quem é Alírio?

— O pai da Alana. Ele as abandonou por outra mulher. Essa história eu conhecia, pois cresci com ela, mas a tia Ana está contando coisas horríveis e parece que ele roubou também a empresa dela.

— Nossa! Imagino como deva estar.

— Ora está ótima fazendo planos e ora deprime de saudade da filha. Eu não falei mais sobre morte, ela vai enfrentar o Alírio, precisa de apoio.

— Claro. Te envio os documentos. Se precisar de algo a mais, me fala, ok?

— Tá bom. Obrigada, Lara!

Lara desligou o celular depois de se despedir de Olivia e se recostou na cadeira, fechou os olhos por uns segundos e os abriu subitamente quando a porta bateu depois de um forte vento entrar. A delegada olhou em volta e suspirou profundamente.

Ana Maria estava conversando com um advogado na biblioteca de sua casa quando Alana se colocou ao seu lado.

— Ele me fez assinar essa procuração para cuidar de tudo o que era meu, doutor Tiago. Fazia alguns repasses para mim e para a minha filha, que estudava fora...

— A senhora pode revogar essa procuração e ter a empresa de volta completamente. Se pertencia à sua família e foram casados em separação de bens, ele não tem direito a nada.

— É, eu sei disso, o problema é que ao falar com ele, ele me mandou procurar um advogado, pois a empresa não me pertencia mais e ele estava sendo generoso em me passar uma mesada tão alta. — Aproximou o corpo por cima da mesa. — Aquela empresa é minha, doutor. A minha família fundou. Ele não pode fazer isso.

— Por que ele falou que não é mais sua? Você assinou algum documento passando a empresa para ele?

— Não. Eu não passei muito bem os últimos anos, assinava pouca coisa, pois ele tinha procuração.

— Essa pouca coisa foi exatamente o quê?

— Foram três documentos, não lembro muito bem porque faz alguns anos. Eu estava fazendo tratamento e ingeria muitos remédios.

— Podemos usar isso a seu favor. Podemos conversar com a sua filha?

— Claro, eu vou ligar pra ela. — avisou pegando o celular e procurando o número da filha em seguida.

Ligou para o número antigo e foi direto para a caixa postal.

— Oi, filha, é a mamãe, quando puder ligue para mim. Preciso falar com você com urgência. Beijo. Amo você! — Deixou o recado e desligou.

— Você pode marcar com o seu ex-marido para conversarmos. Nesses casos é melhor tentar um acordo. Ele vem comandando a empresa muito bem durante muitos anos.

AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora