Dominação

234 54 102
                                    



Depois de um grito de horror, o rosto de Alana voltou ao normal, ofegando a mulher correu ao banheiro e lavou o rosto, saindo em seguida secando com uma toalha.

Ofegando, André resolveu não perguntar mais nada. Ainda conseguia sentir o cheiro podre.

— Preciso falar com a minha mãe, você pode chamá-la aqui, por favor.

— Claro, meu amor. — disse de uma forma mecânica que André estranhou, mas ficou quieto, pois tinha certeza que não se tratava de Alana ali e sim daquela maldita entidade das trevas.

Alana deixou o quarto e André tentou sair da cama, mas sentia o corpo muito dolorido. Zélia entrou com uma bandeja com o café da manhã dele.

— Bom dia, o senhor se sente melhor? — disse, receosa e tentou ajudá-lo.

— Sim... — respondeu reticente observando a mulher e sentou na cama. — O que está acontecendo, Zélia?

— Nada, seu André. — mencionou sair, mas o empresário a segurou pelo braço.

— Zélia, eu a conheço há anos, está acontecendo alguma coisa muito estranha. Eu vi o meu filho morto, eu vi coisas que... — parou de falar quando viu o rosto da mulher se transformar numa reação de desespero.

— Seu André, estou com muito medo, só não fui embora dessa casa ontem mesmo por causa da Rebeca, eu a amo como a uma filha, mas vi uma coisa muito horrível naquela sala. Não ia falar nada achando que o senhor estava... — interrompeu-se.

— Aquela coisa está dominando o corpo da Alana, não está?

— Acho que sim, seu André. Eu a vi em cima do Ramon, de pé sobre o peito dele.

— O quê?

Alana entrou naquele momento e apenas olhou para Zélia, que olhou para André e saiu quase correndo.

— O que houve? Por que essa cara?

— Nada, meu amor, a Zélia estava perguntando sobre o almoço e disse que precisava de férias, eu não posso dar férias pra ela agora... — mentiu e olhou em volta, não queria encará-la.

Sem acreditar no que ele falava, ela apenas o olhou e amenizou o rosto da fúria que se formara nele.


Zélia tremia quando chegou à cozinha. Viu Ramon comendo, comendo muito.

— Está tudo bem, Ramon?

— Sim.

— Essa é a terceira vez que come em menos de três horas.

— Vai controlar quantas vezes eu como? — falou de boca cheia. — Fica na tua que é melhor... — disse e voltou a comer.

Galícia chegou, foi recebida por Alana, que a abraçou e sussurrou.

— Ele está muito perturbado, tenha cuidado.

Galícia concordou, apertou os olhos com os dedos e subiu a escada rumo ao quarto do filho.

Zélia observou a mulher da porta da cozinha. Olhou para Alana e viu seus olhos acusadores a observá-la.

— Chega perto daquele quarto de novo e eu faço um picadinho com queijo de você. — ameaçou e subiu.

Zélia abafou um grito com a mão sobre a boca, seus olhos marejaram.

Lembrava-se bem de que vira aquela mulher em cima de Ramon falando coisas sem sentido pra ele.


Zélia rezava com fervor quando viu Alana tomada pelo espírito do mal levantar Ramon pelo pescoço depois que falou algumas coisas, deu ordens. O menino abriu os olhos e a encarou.

— Entendeu? — perguntou Alana apertando o pescoço do garoto.

— Sim. — Ramon respondeu em transe.

A mulher o largou e ele foi para seu quarto.

Alana olhou em volta e com um aceno arrumou a sala toda, foi até André que permanecia caído.

— Você é difícil, mas vai fazer o que preciso que faça e logo ou mato todos aqui inclusive você! — disse quando conseguiu acordá-lo.

André ouviu aquilo, mas apagou de novo acordando na cama.


Galícia entrou no quarto do filho. Ele a abraçou com força.

— Mamãe, preciso que faça uma coisa para mim. — disse logo que a mãe se afastou do abraço que deu nele, que estava desesperado.

— Claro, filho. Que coisa é essa? — indagou olhando nos olhos dele, que notou sua pupila se mover numa espécie de estrabismo.

— Você está bem, mamãe?

— Sim, filho. Quero ajudá-lo, seu pai me deixou num momento muito delicado.

— Eu preciso que você tire a Rebeca e o Ramon desta casa, pois preciso saber o que está acontecendo com a Alana. Só confio em você, mamãe.

— Tudo bem, filho. Vou levá-los comigo agora mesmo. — garantiu e saiu do quarto.

André estava tão focado em Alana dominada por aquela entidade que não notou que sua mãe não estava normal.

Galícia saiu do quarto e se segurou na parede, sentindo um enorme peso na cabeça, até que a entidade maligna deixou seu corpo e ela caiu de joelhos, ofegando e em lágrimas, vomitando uma espécie de gosma escura no chão.

A mãe de André conseguiu ver aquele espírito ruim rastejar e subir pela parede e entrar no quarto do neto, de onde logo saiu Alana.                            

AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora