Destino de Rebeca

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André foi levado para o hospital junto com Zélia, que foi atendida, e liberada no dia seguinte.

André precisaria passar mais um dia em observação. Mesmo sedado, estava consciente, pediu para ver Zélia e a governanta foi ao quarto dele.

— Cuida da minha filha, Zélia. Por favor, o Ramón precisa de um sepultamento, aquela coisa o está mantendo vivo não sei para que, mas está... — disse em lágrimas.

Zélia estava abatida e não queria ir adiante com aquele assunto e apenas assentiu.

— Obrigado. — André agradeceu sentindo-se sonolento.

    

Zélia sentiu um arrepio intenso ao chegar à rua da casa do patrão. Lágrimas rolaram por seu rosto quando se lembrou do que viu na noite anterior.

— Seu André, eu sinto muito, mas não vou voltar para essa casa! — disse para si quando parou em frente à mansão. Virou-se e mencionou ir embora quando ouviu o latido de Dr. Shay, o cachorro saiu de uns arbustos e correu em direção a ela, mancando, tinha a patinha machucada.

Zélia se agachou e o pegou no colo, deixando suas lágrimas fluírem ao abraçar o bicho.

— Oi, meu lindinho! — disse e ouviu o gemido do cão.

Zélia foi embora com Dr. Shay no colo, suas silhuetas se distanciaram daquela casa numa espécie de stop motion até que sumiu na estrada.

    

Zélia estava na cozinha quando ouviu a voz do patrão no andar de cima. Arregalou os olhos e resolveu ir até lá para levá-lo de volta à cama.

Alana olhou para Galícia que pulou sobre ela quando a mulher olhou cheia de fúria para André que descia a escada com dificuldade.

O espírito maligno rastejou e conseguiu desequilibrar André que rolou a escada com a filha no colo, na intenção de protegê-la, ele caiu sobre ela quebrando seu pescoço e matando-a no mesmo instante.

Aquela sombra muito escura que rastejava na escada pegou o empresário desmaiado depois de bater a cabeça no chão, e o levou de volta à lucidez.

Zélia não conseguiu ouvir o próprio grito, pegou a menina desmaiada do chão e a levou para o sofá na sala de estar.

— Fale comigo, Rebeca, por favor! — gritou desesperada e abraçou o corpo da menina sem vida e a apertou em seu peito.

— Espere o papai no carro, vou falar com seu irmão... — ouviu a voz do patrão e se virou devagar, seu rosto demonstrava grande medo.

Largou o corpo de Rebeca sobre o sofá quando viu a menina junto com o pai na sala.

Correu até lá, queria sair daquela casa naquele momento mesmo, mas viu quando Alana ergueu Galícia e a jogou no chão.

Depois de um grito de susto, Zélia viu Alana saindo da cozinha para dar seu show de falso desespero. Encheu-se de fúria e pegou uma cadeira acertando a namorada do patrão no alto das costas.

— Está louca? — Ouviu o grito do homem e sentiu seu brusco empurrão, afastando-a de perto daquela mulher.

— Ela fez isso, seu André... — tentou explicar, em vão.

— Não foi ela, a minha mãe se jogou, Zélia! — Ouvir aquilo fez Zélia notar o quão perturbado o patrão estava.

— Eu vou embora dessa casa agora! — disse tremendo e retirando o avental, nada a prendia mais naquela casa. Rebeca já não vivia mais.

Antes de chegar à porta de saída foi pega por Ramón, que pulou na frente dela, que sentiu as mãos gosmentas do menino apertando seu pescoço, tentou de todas as formas se largar e notou que havia pedaços de carne podre em seus dedos de tanto tentar se livrar do ataque do filho de André.

O empresário empurrou o filho, Zélia tossiu muito tentando se recuperar e sentindo grande ânsia de vômito devido ao cheiro podre que ficou em suas mãos e pescoço.

Ramón estava se decompondo, Zélia conseguiu ver que dele saía uma gosma escura e fétida. Ficou de os olhos vidrados quando André foi arremessado para longe pelo filho.

Perdeu a consciência quando viu o olhar fixo e demoníaco de Alana, cada vez mais parecida com a entidade do mal, em sua direção.             

AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora