Seven

2.5K 404 76
                                    

• Kang ChinMae


Jogo meu corpo para atrás na cama, após finalizar a longa lista de exercícios. Sentindo o ser de pelagem amarelada se aconchegar em cima da minha barriga. Devido ao decorrer da semana eu estava em estado de cansaço, restando apenas o necessário para seguir até o final.

Fecho meus olhos, o sono se fazia presente pesando em minhas pálpebras, mas sabia que não seria fácil dormir. E em questão de segundos meus pensamentos me pegam, trazendo um pretérito recente. Uma conversa com Jimin.

Park apesar de ainda relutante para me entregar em palavras o que lhe perturba ao ponto de o deixar inseguro, alguns dias atrás me ligou desabafando o que lhe pesava e o tornava inseguro. O garoto estava na academia de dança, quando já deveria estar em casa. O que mais me surpreendeu fora sua ligação inesperada, Jimin aparecia inesperadamente e depois sumia por um tempo, o suficiente para que eu sentisse falta de estar em contato com ele.

Em sua ligação ele me disse que estava cansado, sabia que deveria estar em casa naquele momento ao invés de se esgotar em treinos que resultariam em suas lamúrias. Não sabia ao certo por quê estava me ligando, mas sentiu que talvez fosse o melhor, já que a outra pessoa que sabia de sua fragilidade era sua mãe, e ele não queria preocupa-la.

Eu lhe pedi que parasse ali mesmo, e deitasse seu corpo no chão, sem desligar ou tirar o celular do ouvido, e quando se sentisse seguro dissesse tudo o que lhe sufocava, ou então que apenas pensasse se valia a pena estar desta maneira.

Quando achei que Jimin iria guardar para si toda sua perturbação, um longo suspiro foi dado, seguido do seu desabafo. Novamente Park estava preso por se sentir insuficiente, mas não algo que partia apenas de si, ele tinha medo do que as pessoas pensavam, de como elas poderiam apontar seus erros.

E por um instante, eu parei me perguntando como poderia ser errado fazer algo que ama? Na minha mente vinham apenas flashes de Park em cima do palco, conduzindo sua dança em completa maestria para meus olhos, e é indubitável e automático comparar ao garoto a Newton.

Então eu acabei por lhe contar a clássica história, quando Newton expôs seu manuscrito das cores, fora severamente criticado por vários cientistas e um deles era Robert Hooke, afirmando ter feito os mesmo experimentos mas com resultados opostos. Então Isaac entrou em um círculo de embate, sendo questionado quanto a veracidade do que fazia.

Assim se deu as trocas nada amigáveis das cartas entre Hooke e Newton, e surgiu uma das suas famosas frases: "Se eu puder ver mais longe (do que você, Hooke), é porque estava me apoiando no ombros de gigantes." Uma frase incrivelmente feita de ambíguo sentido, já que Newton não apenas a usou para defender seus estudos subestimados, soando como uma afirmação modesta, mas também pelo fato de que Hooke tinha baixa estatura, devolvendo as provocações gratuitas que lhe adivinham. E depois deixou para que quem quisesse o defendesse, seguindo com sua brilhante mente focada em seus futuros estudos de sucesso.

O que eu queria dizer a Jimin, é que não importa o quão possamos estar certos, as pessoas tendem a acreditar em suas versões pré criadas, negando a si seus erros premeditados. E cabe aquelas que assumem a culpa, facilmente carregar um fardo que por um egoísmo fora lhe dado.

Se vivermos preocupados quanto a opiniões, estaremos presos a uma caixa pradônica. Eu queria que Park percebesse que precisava ser libertar dos pensamentos alheios para ser completamente livre. Queria que encontrasse seu mundo através da nebulosa que o escondia.

Não importa o que pensam, se você está bem sendo quem realmente é, nada mais importa. Park Jimin era único, com sua imensa galáxia a ser explorada, e ele se limitava a mostrar o menor de seus planetas.

SerendipityOnde histórias criam vida. Descubra agora