• Kang ChinMae •
E novamente estávamos em nosso ponto de partida, na mesmo local e na mesma mesa, tomando a mesma bebida, depois de mais de um mês que não voltavamos juntos aqui.
Se ainda hoje os nossos universos tomassem rumos diferentes indo para caminhos opostos, encerrando o nosso ciclo de órbitas, em uma fórmula de deslocamento, subtraindo nosso espaço inicial e o espaço final, nosso deslocamento seria nulo indicando que não saímos do local. É minimamente intrigante pensar que para física estar no mesmo local no início e no fim significa que não saímos do local, mas poderíamos incluir o tempo e então tudo mudaria partindo para uma nova fórmula.
-Como fora na consulta? - quebro o silêncio fazendo com que Park solte seu cappuccino me encarando.
-O médico reduziu o número das sessões de fisioterapia e me disse que estou apto a voltar para dança Mae. - Jimin diz sem hesitar em sorriso nada tímido.
-Isso é ótimo Jimin! - sem que eu pense minha mão segue até a sua apertando-a levemente. -E quando pretende voltar?
Antes da resposta de Jimin levo a xícara até meus lábios, sentido o gosto amargo do café se misturar ao doce do chocolate junto a maciez do chantilly.
-Ainda hoje...- Jimin levanta sua mão abaixo da minha, então enroscando seus dedos nos meus. -Eu queria ter ido para lá antes, mas não quero estar sozinho, eu sei que existe algo em mim que ultrapassa meus limites, minha psicóloga sugeriu que eu deveria tentar levar alguém ao qual soubesse disso junto a mim e algum treino, você é uma das poucas pessoas que sabem Chin...
-Está me chamando para ir vê-lo treinar Park?
-Basicamente isso Kang. - responde apoiando seu rosto em sua mão livre. -Então?
-Eu tenho alguns exercícios para terminar, mas eu posso fazê-los enquanto treina, se não se importar...
-Feito, se você passar dos limites com seus exercícios eu tiro seus livros e cadernos, e se eu ultrapassar os meus com a dança você amarra meus pés! - Park estende a mão rindo.
-Fechado! - seguro sua mão selando um acordo.
Assim que acabamos com todo aquele conteúdo do copo seguimos com destino a academia de dança, Jimin deixava nítido sua ansiedade em seus passos rápidos enquanto eu tentava distraí-lo com assuntos aleatórios. Então logo estávamos em frente ao antigo prédio, o qual me trás algumas recordações da infância, eu me lembro exatamente da primeira vez que passei pela porta. De como admirava YuMi unnie em suas roupas de ballet e como imagina que aquilo deveria ser algo muito legal, até a primeira vez que mamãe resolveu colocar em meu corpo, eu soube que meu destino para a dança não seria um dos melhores naquele momento que o tecido grudou em meu corpo me causando uma pequena repulsa.
Quando Jimin abre a porta de uma das salas de ensaio colocando sua mochila no chão, eu me lembro de exato momento que passei por uma porta idêntica à aquela, sendo quase arrastada por omma. Eu fui submetida a diversos treinos, aos quais eu acabava enroscada em meu próprio corpo, pisando em meus pés e caindo ao chão em um desequilíbrio total, levou um tempo até que omma entendesse que a dança não estava no sangue, não havia um planeta em mim para executa-la.
Park caminha até o rádio ao canto da sala, o conectando ao seu celular e dando início a uma música calma. Retiro meu livro da bolsa junto ao meu estojo, pegando um lápis e voltando ao problema físico que tanto me atormentava.
Jimin encaixa seu corpo na música enquanto coloco minha mente no exercício a minha frente, de alguma maneira a cafeína junto ao chocolate acordou e deu um chute nos meus neurônios adormecidos fazendo com que minha linha de raciocínio se torne mais produtiva. Enquanto eu seguia ao encontro de cada resultado certo, Park entregava seu corpo e sua alma para música deixando cada parte transparente sua visível, não havia insegurança alguma naquele momento, era como um reencontro em que você deixa todos os seus medos para vencer aquela dor saudosa.
E de calma a música se torna acelerada e novamente eu enxergo o spectrum que era a dança de Jimin, cada uma das suas sete cores projetadas por sua dança, me fazendo ter certeza que a nossa luz é nítida quando fazemos aquilo nascemos para fazer.
Foco minha mente nas fórmulas e questões a minha frente, chegar ao espaço com números era um verdadeiro desafio e em alguns minutos minha mente parece querer se afastar de cada numeral presente. Entretanto me forço a seguir com aquilo, nem sempre seremos bons em todas as esferas do que amamos fazer, esses são os nossos pequenos desafios, nenhum amor é fácil.
E depois de uma pequena espremida eu chego ao último problema, seguindo cada passo para o resultado, fluindo de uma maneira inacreditável, eu perdi as contas de quantas vezes havia tentado soluciona-lo antes e sequer fui capaz de encaixar as fórmulas certas. Quando me aproximo de final respiro fundo, correndo entre os números e logo jogando o caderno ao chão sem resultados, no mesmo momento em que Jimin caíra a minha frente.
-Jimin? - me arrasto até ele, vendo o garoto se sentar apoiando o corpo em seus braços. -Você está bem?
-Sim, meu joelho está ótimo, este não é um tombo anormal. - ele dá um leve sorriso. -Você conseguiu terminá-los? - aponta para o caderno e eu balanço a cabeça em negativo.
-Eu acho que chegamos no nosso limite. - digo afastando a franja úmida de sua testa.
-Eu queria ir além do meu limite, mas sem ultrapassá-lo, talvez expandi-los... Eu não sei, existem tantos passos que gostaria de tentar, mas seria como ousar, um vôo muito alto para um tombo memorável.
-Não deveria pensar assim Park. Pense como uma serendipidade, as grandes descobertas são feitas de acasos. Deixe-se ousar neste acaso, transforme sua dança em sua serendipidade, não deixei que alguém ou sua mente lhe diga o que fazer, solte tudo o que sente ao acaso. O que seria do mundo sem a nossa serendipidade? Seríamos apenas descobertas forçadas sem o mistério do universo. Jogue seu mundo ao acaso e então descobrirá o quão lindo ele é.
-Eu gosto de ver seu universo Chin...
-E você já o vira? - pergunto completamente curiosa, e Park se aproxima segurando o meu rosto.
-Ah sim, e ele é único...
Sem que eu tivesse alguma reação Jimin avança, causando uma completa desordem em meus planetas assim que seus lábios se chocam nos meus. Numa completa mistura do que parecia um paraíso tranquilo e um mundo em terremoto. E aos poucos é como se uma luz surgisse, como um reflexo das cores que exibíamos naquele momento.
E pela primeira vez eu sinto como se fosse capaz de ter o mesmo spectrum que Jimin, como se pudesse imitir minhas luzes, minhas cores. Sentia algo inexplicável mas que eu não gostaria que acabasse nunca, e logo eu estava de volta aquele mundo, novamente eu tinha a visão privilegiada daquele universo, eu me sentia dentro do mundo de Jimin.
O toque de nossos lábios se torna uma música, aquela que os nossos universos parecem dançar em perfeita sincronia e igualar a nossa gravidade. Era como se todos os meus atros se fixassem na mesma direção que os de Park, sendo um reflexo do outro. Meus planetas já não respondiam a mim, mas sim ao nosso universo.
E nesse acaso surgiu uma pequena serendipidade, eu poderia não ter um planeta para executar a dança, mas eu tinha um que sabia apreciar a beleza de todo universo dançarino de Park Jimin.
Att:
Olá anjinhos! Esperam que tenham uma boa semana!
Achei que demoraria mais para atualizar, mas minha mente não resistiu em segurar todas as ideias.
Acho que esse se tornou um dos meus capítulos favs💕 XxNanda
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Serendipity
Fanfiction"O universo se move para nós Não houve nem uma pequena falta Nossa felicidade Era pra ser Porque você me ama E eu te amo" Jimin era um garoto completamente inseguro, com um grande potencial, mas não sabia da sua existência. Em um universo tão vasto...