Serendipity

Thirty

• Park Jimin •

Dar um passo parece ser um movimento tão simples e que depende apenas de uma ação, era isso o que parecia para muitas pessoas, mas se alguém dissesse isso para o Jimin à um ano atrás, iria assustá-lo e prende-lo ainda mais nas correntes que ele mesmo construía. Era isso o que sempre me segurou: as correntes da insegurança.

Até que minha mãe me obrigasse a pisar fora do meu quarto e ir atrás dos meus sapatos de dança, o que ocasionou em um tropeço que me levou até Kang ChinMae, e a descoberta do grande universo que existe em mim e além de mim.

Hoje completava um ano do incidente que causou a colisão de dois universos. Eu não tinha grandes planos, apenas queria voltar ao ponto inicial ao lado de Mae, mantendo o nosso tempo, sem zerar a nossa trajetória. Apenas queria chegar em seu apartamento com algumas rosas, e levá-la para tomar o cappuccino tão conhecido por nós.

Porém meus planos parecem escorregar quando viro a rua, e ao longe vejo Chin, erguendo suas mãos e a colocando na cabeça, com nítido desespero, ela puxa seus fios lisos e castanhos, deixando-se cair de joelhos no chão. Meus pés não medem esforços para correr em sua direção, me agacho ficando a sua altura, vendo seu peito subir e descer nas respirações completamente descompassadas, junto ao soluço incontrolável.

-Chin?! - eu não sabia o que lhe dizer, estava tomando seu desespero para mim, como uma empatia automática, sem ao menos saber o real motivo. -ChinMae! - seguro seus braços a impedindo que puxe mais o seu cabelo, Kang então me olha, espremendo seus lábios e tomando fôlego para dizer algo.

-Júpiter... - ela soluça antes que possa dizer qualquer coisa a mais. -Júpiter... - engasga com outro soluço, minhas mãos soltam a sua quando ela se deixa cair contra meu corpo, com a respiração completamente descompassada, meus braços a circulam, mantendo-a contra mim.

-Alguém deixou a porta aberta... - respira fundo, tentando normalizar seu descompasso. -Quando voltei ele não estava mais lá, já o procurei por todo prédio e na rua.

-Tudo bem, nós iremos procurá-lo juntos, podemos fazer cartazes e...

-Chin? - a familiar voz da garota que sempre acompanhava Mae soa, e logo ela estava abaixada ao nosso lado. -O que aconteceu? - HiNa sussurra para mim, escorregando seus dedos pelos fios de Kang.

-Júpiter fugiu...

-Certo. - de todos nós HiNa parecia formar os pensamentos mais racionais. -Vamos subir, imprimir cartazes e olhar nas câmeras de segurança do prédio. - ela estende a mão se levantando junto à Chin, que não lhe diz nada, apenas balançava a cabeça.

Passamos pela entrada do prédio novamente, HiNa diz para subirmos enquanto tentaria acesso às imagens das câmeras. Quando passamos pela porta do apartamento, as lágrimas de Mae se tornam mais intensas, ela se senta no sofá, pegando a bolinha amarela e apertando em suas mãos. Vou até o seu quarto, vasculhando os cantos que ele poderia se esconder, fazendo o mesmo em outros cômodos.

-Ele não está aqui Jimin, já olhei por todo canto, quando cheguei a porta estava somente encostada.

Não se passa muito tempo até que HiNa entre, acompanhada de MinHee e um notebook em mãos.

-Certo, conseguimos algumas imagens. - ela se senta no chão a nossa frente, MinHee senta ao lado de Chin a abraçando e dizendo iríamos encontrá-lo.

HiNa abre o vídeo, pulando os horários de acordo com o que havia anotado em sua mão, provavelmente eram os horários em que Júpiter havia sido captado pelas câmeras.

-Está é a do andar em que estamos, 9:43 é quando as câmeras o flagraram pela primeira vez. - Nam aponta com seu indicador.

O gato passa rapidamente seguindo para as escadas. Não há câmera nas escadas, então temos dez minutos ociosos, até que Júpiter seja visto novamente.