Capítulo 2

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A floresta estava calma e o caminho íngreme. Embora o sol estivesse nascendo, a grossa camada das copas das árvores muito altas deixavam poucas brechas para a luz entrar. Os sons dos pássaros cantando se misturavam com o som de uma cachoeira nas proximidades.

O trajeto era dificultado pelas pedras e pelos arbustos que se estendiam por toda parte.

Não havia nada muito assustador até onde estava, parecia muito uma floresta comum, entretanto, ainda assim estava usando todos os seus sentidos para se manter esperto.

Raposas eram conhecidas por serem enganadoras. Normalmente em uma briga entre as espécies, um lobo ganharia pela força, mas a raposa venceria pela astúcia.

Praticamente todas as raças possíveis evitavam esses seres, pois não queriam se tornar mais uma vítima de seus truques sujos. E uma raposa esperta sendo uma feiticeira, certamente a tornava muito poderosa. Kéle tinha que ficar atento ou poderia ser surpreendido.

Parou por um instante da caminhada para beber água. Estava calor por causa do exercício e ele começava a suar.

Os sons de vozes nas proximidades o fez ficar atônito. Ele se escondeu atrás de um tronco grosso de árvore e usou sua audição aguçada para ouvir qualquer detalhe. Parecia haver três homens. Não tinha certeza, mas achava que não eram simples seres humanos. E não podia se concentrar onde estava para farejar apropriadamente, mais uma falha sua.

Kéle os seguiu de longe, em silêncio predador, até ver que havia um acampamento numa clareira.

- Esses caras não terão sorte contra isso. - Um deles ergueu um saco pesado que, pelo cheiro, era de pólvora. - Eles nunca vão esperar serem surpreendidos ao norte. Vamos explodir as casas deles, o suficiente para distraí-los, e quando isso acontecer, você, Rik, fará o lupino do Alfa seu refém. Ouvi que ele está grávido, por isso estará mais fraco. É nossa chance de roubar todo o tesouro de Wohali.

Kéle não estava acreditando. Mais dois homens apareceram do outro lado do acampamento, um deles carregava um grande peixe sobre o ombro.

- Acha que nós cinco somos capazes de invadir um vilarejo como Wohali?

- Mas é claro. - Outro deles balançou as mãos com desdém. - Nós já fizemos isso antes. É apenas uma aldeia qualquer. Eles são lobos, nós ursos. Que chance eles têm?

Os outros homens concordaram, rindo.

Kéle fechou as mãos em punhos apertados, não acreditando em tamanha baixaria. Agora entendia como era o desejo de assassinar certas pessoas. Caras assim não mereciam o privilégio de viver.

Já estava vendo vermelho e prestes a sair de seu esconderijo para atacar, quando ouviu um assobio. Era um som agudo, alto e ecoava por toda a floresta.

- De onde está vindo isso? - Um dos homens se levantou, carregando uma espada.

- Deve ser algum pássaro. - Outro disse com desdém.

O som se repetiu. Não assemelhava a qualquer canção. Era quase como um chamado.

O vento balançou as copas das árvores violentamente e avançou derrubando as barracas do acampamento. Os caras estavam armados e se preparavam para lutar com o que quer que seja que os estava observando.

Kéle não sabia nem mesmo se o aviso era para ele também.

Seria esse o chamado da raposa? O aviso de que iria amaldiçoá-los?

O som se repetiu pela terceira vez, calando o vento. O silêncio sepulcral que se seguiu foi amedrontador. Kéle olhou para todos os lados, estranhando que pássaros e os sons comuns da floresta se calaram.

Os Tesouros de Wohali [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora