Capítulo 22

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Kéle


— Quem é você? — Gritou. Como ele havia invadido?

— Não interessa! Diga-me onde a raposa está! — Embora a raposa lembrasse muito a Hanae, o brilho em seus olhos continha um ódio mortal, uma característica que Kéle nunca viu em seu companheiro. Como podiam ser parentes?

— Hanae não está. — Respondeu engolindo em seco. A raposa se aproximou dele, mas Kéle atravessou a cama para o outro lado. Com um pouco de sorte, poderia fugir pela janela, mas justo essa estava fechada. — Não sei o que quer com ele, mas não o encontrará aqui.

— Está mentindo. Sei muito bem o que ele é para você. — Sua entonação era forte. Pelo cheiro, era um lupino mais velho, mas não sabia dizer o quanto. Talvez fosse tio de Hanae ou coisa parecida. Mas que motivo tinha para lhe ameaçar com aquela faca? Não queria ter que atacá-lo. — Diga-me logo onde ele está!

— Está viajando, droga! — Kéle gritou, deixando suas garras apareceram. Seu lobo estava arranhando para fora pressentindo o perigo. Embora tinha certeza que teria vantagem pela sua força e tamanho, se aquela raposa fosse esperta e tão veloz como Hanae era, não tinha certeza se venceria uma luta. — O que quer com ele?

O lupino estreitou os olhos.

— Aquela criança não deveria estar aqui! — Ele cuspiu as palavras com desgosto. — Eu tive certeza de levá-lo ao pico mais alto da montanha!

Os olhos de Kéle estavam arregalados. Queria empurrar seu lobo para baixo para ouvir mais do que aquele monstro estava dizendo, mas seu animal assumiu o controle, emergindo para fora como uma besta saída do submundo. Tinha noção de seu tamanho, o que provavelmente fez os olhos da raposa se arregalarem. Ela fraquejou, deixando cair a faca para assumir seu lado animal. Uma raposa pequena, assim como Hanae, e pulou para a cama, contornando-o quando Kéle fez o mesmo, rosnando para alertar seu inimigo.

Aquele era o pai de Hanae. O maldito homem que o abandonou para morrer e que ainda tinha a coragem de aparecer em sua casa ameaçando-o. Queria arrancar a língua maldita do bastardo.

Mas ainda assim era o pai de Hanae...

Como Hanae o veria se soubesse que seu interligado matou seu pai?

Não seria Kéle o monstro?

Pelo menos se pudesse deixá-lo desacordado ou prendê-lo... talvez chamar a atenção do resto do vilarejo alertasse os vigias.

Então o lupino fez a coisa mais estranha, pulou da cama para a parede, flutuando como se pudesse voar. Uma luz estranha e avermelhada o envolveu enquanto fazia isso, até que ele pousou no parapeito da janela fechada.

Era uma raposa feiticeira.

Kéle partiu para cima dele, derrubando tudo pelo caminho, enquanto a raposa pulou para fora do quarto como um coelho saltitante, como se estivesse brincando com ele. Ah se Kéle não queria matá-la, estava zombando de seu lobo!

A raposa se transformou na metade do caminho para a cozinha, olhando para ele com zombaria e correndo para a cozinha. Kéle saltou sobre o sofá e derrubou a poltrona para chegar ao outro cômodo. A raposa novamente tinha se transformado e estava sobre os armários como se fosse um maldito gato.

Kéle se transformou, pegando uma faca da pia para ameaçá-lo.

— Saia daí e lute! Você é um covarde se pensa que vem a minha casa para me ameaçar sem enfrentar uma luta.

A raposa pulou para fora e transformou-se na metade do caminho, caindo suavemente sobre o chão. Tirou de suas costas outra adaga, apontando para ele.

Os Tesouros de Wohali [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora