Capítulo 5

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Kéle

Hanae estava dormindo. Kéle o encontrou sobre o tapete e em frente da lareira apagada. Uma única lamparina que deixou acesa sobre a mesinha da sala iluminava de forma estranha, lançando sombras horríveis por cada canto da sala.

Kéle olhou a cozinha e não havia nada fora do lugar, da mesma maneira em que deixou antes de sair. Tinha prometido a Hanae que traria seu jantar e acabou por não trazer nada. Ele devia estar com fome.

Preparou algumas sobras do almoço, algumas batatas temperadas e separou uma fruta para ser a sobremesa. Levou tudo em uma bandeja para a sala de estar, encontrando Hanae ainda da mesma maneira. Se ele continuasse dormindo no chão, poderia se resfriar. Perguntou-se se ele já havia feito isso em sua caverna.

Deixou a bandeja sobre a mesinha e ajoelhou-se perto do outro. Ia sacudi-lo, mas por algum motivo oculto permaneceu a olhar a raposa. Quando chegou, ela estava de barriga para cima, pequenos roncos saindo pela boca aberta de lábios cheios e avermelhados. Seus cílios eram tão grandes e cheios, e as sardas em seu rosto eram uma característica interessante que raramente via nas pessoas.

Hanae era peculiar, seu cabelo castanho acobreado estava para todos os lados, meio ondulado e cheio. Ousou tocar suavemente, sentindo a maciez.

Em pensar que momentos atrás amaldiçoou o fato de ter encontrado seu companheiro predestinado. Estava confuso e não sabia como prosseguir. Normalmente não era tão inseguro. Cuidava de si mesmo e era independente. Raramente teve dificuldades em seu trabalho e se dava bem com todos do vilarejo. Mas ter uma pessoa além dele para cuidar tornava a situação completamente diferente.

Hanae não era o lupino que esperava. Isso já tinha se passado pela sua mente um milhão de vezes desde que o conheceu. Ele era selvagem, arisco com outras pessoas que não fossem ele e não sabia absolutamente nada sobre viver em sociedade. Mal se comunicava.

Perguntou-se o que houve com sua família. Como tinha parado naquela floresta, sozinho.

As pálpebras de Hanae tremeram e ele abriu os olhos. Sua expressão preguiçosa mudou para feliz instantaneamente quando o viu. Ele sentou-se animado e o abraçou apertado como sempre fez.

- Desculpe a demora. Você acabou dormindo. - Tocou os cabelos dele outra vez, penteando com os dedos as mechas rebeldes para trás.

- Fome. - Ele disse basicamente. Kéle ouviu seu estômago roncar e riu um pouco, no entanto Hanae o soltou com um estranho olhar.

De início não entendeu por que ele agiu daquela forma de repente, muito desconfortável e seus olhos cresceram brilhantes como se fosse chorar, mas então cheirou a si mesmo, sua roupa, e entendeu.

Mikka o havia abraçado antes, algum frescor de seu perfume lupino deve ter ficado nele.

Triste, Kéle pegou a bandeja de comida e pôs a frente de Hanae, tentando ignorar o que havia se passado.

- Coma, por favor. Vou me banhar e depois podemos conversar. - Conversar significava ensinar mais coisas a ele.

Hanae somente olhou para a comida e não ousou olhar em sua direção. Droga, por que Kéle se sentia tão mal sobre isso?

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Roman

Roman acenou para um grupo de lupinos enquanto passava.

Já tinha estado com pelo menos metade deles, o restante era casado.

Seu sorriso era brilhante. Estava animado com mais um dia e pretendia conversar com Kanda sobre trabalhar com Kéle na oficina. Ele faria por um curto período e o restante pretendia continuar como um guerreiro forte e bravo. Isso porque os lupinos amavam esse pequeno detalhe.

Os Tesouros de Wohali [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora