Capítulo 24

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Hanae


Era difícil segurar as lágrimas quando se tratava das poucas lembranças cruéis de sua infância e era vergonhoso chorar na frente de outras pessoas também. Demorou dias para suportar a vergonha de ter feito isso em frente a Kéle daquela vez nas masmorras, porém para estes estranhos era ainda mais desconcertante.

— Me desculpe. — Disse fungando. — É só demais para mim pensar sobre isso.

— Não tem problema se precisar chorar, Hanae. — A voz de Nathan estava perto dele. Ainda permanecia com os olhos firmemente fechados. — Se desejar, podemos te ajudar a descobrir sobre suas origens.

— Sim. — Concordou Dakota. Só então Hanae abriu seus olhos inundados por lágrimas, porém se sentindo mais calmo. — Nós também não tivemos um passado fácil e lembrar dele sempre nos deixa tristes. Então não se envergonhe disso. Como Nathan disse, vamos ajudá-lo a descobrir de onde veio.

— Não faz mal saber sua origem, e você não precisa conhecer nenhuma outra raposa, se não quiser. Afinal você faz parte de Wohali e mora conosco, não é? — Falou Nathan com um sorriso determinado.

Hanae sorriu para eles, enxugando suas lágrimas bruscamente com os punhos.

— Obrigado, amigos.

Os olhos de ambos os lobos brilharam. Parece que havia dito a frase certa e isso certamente aqueceu seu peito.

Zion e Otâni se juntaram a eles, então deram adeus ao ancião e voltaram para o vilarejo.

Durante todo o caminho, Hanae se deixou prestar mais atenção na paisagem, a memorizar cada belo detalhe, as curvas das montanhas ao redor, as belas árvores frondosas, os rochedos e pequenas rochas ao lado, os sons dos animais, o cheiro da relva fresca, tudo o que percebeu de diferente em relação com Wohali e a montanha do norte. Ali o sol ficava em uma direção diferente aquela hora do dia, o clima era mais quente e havia muito mais para se destacar.

Quando chegaram a Luna, já havia anoitecido. Nathan reclamou de sentir as pernas cansadas, então foi dormir cedo. Dakota se juntou ao Alfa Ayron e Zion para fazer o jantar.

Hanae, no entanto, juntou-se a Otâni no quarto do bebê de Sanny. O lupino com o cheiro mais distinto que já havia sentido estava ao lado do berço de madeira, balançando-o suavemente.

— Você parece melhor, Sanny. — Otâni disse baixinho, se aproximando do berço. Hanae olhou para o recém-nascido dormindo tranquilamente. Ele era a coisa mais adorável que já tinha visto. Tinha pequenas orelhas de lobo cinzas, uma pele clara levemente avermelhada nas bochechas gordinhas e vestia uma roupinha azul e bonita de algodão.

— Me sinto ótimo. — Ele respondeu baixinho para não acordar a criança. — Soube que foram ao templo. Como foi?

— Diga você, Hanae. — Otâni o encorajou.

— Foi bom. Descobri algumas coisas sobre raposas. — Tocou levemente a mãozinha do bebê que se fechou em seu dedo. Hanae queria se derreter de carinho. Como uma criatura podia ser tão meiga? — Como ele vai se chamar?

— Passei tanto tempo me decidindo... foi difícil, mas creio que encontrei a inspiração perfeita! Ele se chamará Hanae.

— O quê? — Hanae ergueu a voz, colocando a mão sobre a boca quando o bebê se mexeu, mas não acordou. — Desculpe. Mas por que meu nome?

— Em homenagem a você, que se tornou um bom amigo meu. Temos muito em comum, e quando voltar para suas terras, sentirei sua falta. — Explicou Sanny com convicção. — E eu sempre admirei quão lindo seu nome é.

Os Tesouros de Wohali [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora