Capítulo 44

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*Penúltimo capítulo*


Nascha


Passaram-se três meses, e nesse tempo Wohali e a aldeia das raposas do norte estiveram em contato. Afinal, eles tinham um denominador comum, seu filho Hanae. Além disso, havia mais um detalhe que compartilhavam: a magia.

Embora lobos não fossem tão envolvidos com magia, as raposas viviam dela em uma base diária e para quase tudo o que faziam. Desde cozinhar, arrumar a casa, trocar de roupas, até entreter os bebês.

Nascha ficou em Wohali por um tempo, aproveitando para conhecer seu filho, já que viveram praticamente a vida toda longe um do outro. Gai permaneceu ajudando Hanae com o casebre, ensinando-o como usar sua magia para fazer remédios.

Quando retornaram à aldeia das raposas, tudo parecia novo para Nascha. As casas já não eram as mesmas, a neve era mais branca do que se lembrava, as crianças eram outras, os adultos estavam diferentes. O tempo passou, e muitas de suas lembranças ficaram no esquecimento.

— Venha, você deve estar congelando. — Gai o acompanhou até a casa de seus pais um dia após ter chegado na aldeia. Shion estava sentado no sofá, enrolado em um manto, bem protegido do frio, enquanto seu outro pai fazia uma bebida quente.

Embora fosse verão, naquela região baixa, o frio era extremo todo o ano. Apenas por uma semana ou menos, que a neve derretia e era possível ver grama.

Abraçou seu pai com carinho. Shion estava velho, mas ainda parecia saudável. Era difícil acreditar que até um tempo atrás ele estava acamado por causa de uma maldição terrível. Tudo porque tentou protegê-lo dos sequestradores.

Seus olhos ficaram um pouco embaçados, mas conseguiu segurar as lágrimas.

Shion pegou sua mão e a apertou.

— Estou tão feliz que veio aqui. Não sabe como estou aliviado... seu filho é uma benção dos céus. A deusa Inari não economizou no talento dele.

Orgulhoso, sorriu para seu pai e o abraçou de lado.

— Sim, ele é um garoto incrível. Ainda me custa acreditar que serei avô.

— E eu bisavô. — Ele deu uma risadinha suave e aceitou uma xícara fumegante de chocolate quente, quando seu outro pai se sentou ao lado dele. Gai estava na outra poltrona, apenas os observando. Não sabia o que ele pensava, não tinha indícios em sua expressão. Mas uma coisa era certa, ainda teria muito tempo para passar com seus pais e cuidar deles devidamente. No entanto uma pessoa precisava muito mais dele do que todas as outras.

Este era o seu interligado.

Depois de uma boa conversa com Shion e Rasmus, Nascha se despediu, já sendo tarde da noite e saiu com Gai pelas ruas desertas. Estava ventando muito e nevando, por isso quando chegaram ao casebre do curandeiro, o lugar onde ele vivia e trabalhava, seu amado estava com flocos de neve por todo o cabelo e roupas.

— Você vai ficar encharcado assim. — Nascha pegou uma toalha e usou para enxugar os cabelos do dominante raposa. Seus olhares se fixaram por um momento. Foi capaz de ver reconhecimento, medo, nostalgia e... amor.

— Eu senti sua falta. — Ele falou baixinho. — Mais do que tudo. — E quando seus olhos ficaram brilhantes, ele os desviou, virando as costas e fingindo fazer algo importante em sua mesa de trabalho. — Sabe... eu não acreditava que você tinha me abandonado quando desapareceu... foi tudo muito estranho. Você sumiu e seu pai ficou em coma. Eu sabia que algo grave tinha acontecido, tentei imaginar o que era, investiguei por longos anos... mas foi tão difícil... chegou um momento que eu não sabia mais em que acreditar.

Os Tesouros de Wohali [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora