Capítulo 12

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Kéle


Naquela mesma noite, Kéle tinha planos de levar Hanae para jantar com sua família. Seu pai lupino tinha insistido nisso e não poderia recusar um pedido dele. Quando disse a Hanae sobre a visita, o lupino reagiu de forma estranha, quieto e um pouco pensativo. Talvez não fosse uma boa ideia, mas por outro lado, realmente queria que sua família conhecesse o interligado que Navi escolheu para ele.

Hanae tinha seus defeitos, alguns que poderiam ser trabalhados, como a educação para comer à mesa, não saber falar direito, ou se comportar. Mas tinha qualidades muito superiores, que esperava que fossem suficientes para fazer seus pais gostarem dele, como o seu sorriso que derretia o coração, os sons fofinhos de quando estava feliz, sua alegria contagiante e ser tão carinhoso.

Ah, essa última parte era apenas para Kéle. Mas, enfim, estava confiante de que sua família aceitaria Hanae. Foi um grande alívio que seus pais não agiram mal quando descobriram, agora queria saber como agiriam ao conhecê-lo.

Hanae estava vestido com algumas roupas que tinha comprado para ele na feira. Ainda ficaram um pouco maiores do que esperava. Ele usava uma camisa de manga longa branca, calças de veludo cinzas, sandálias de amarrar e... mais nada. Kéle olhou para si mesmo no espelho enquanto o outro apenas esperava sentado na cama, balançando os pés.

Como normalmente seu povo gostava de usar muitas joias, muito ouro e pedras, Kéle não era diferente. Usar os colares em torno do pescoço, brincos e enfeites no cabelo eram tão naturais quanto estar nu. Tinha sido assim desde os tempos primórdios, e uma cultura dificilmente mudava quando se falava em Wohali.

Hanae não precisava de nada dessas coisas para parecer bonito, mas admitia que ele ficaria muito gracioso usando um colar.

Os seus, no entanto, eram muito grandes. Não lhe cairiam bem. Roman provavelmente lhe ajudaria se pedisse, pretendia comprar algumas joias mais delicadas para o seu interligado. Se ele faria parte de Wohali, era natural que usasse as coisas que todos os outros também usavam.

E a joia em torno do quadril, um detalhe que a maioria dos lupinos usava, ficaria bem em Hanae, vestindo somente uma bata... sem nada por baixo. Ou talvez na cama, quando ele usasse apenas isso...

Kéle viu pelo espelho a raposa se aproximar. Hanae o abraçou por trás, prendendo sua cintura e afundando seu rosto em suas costas.

— Cheira bem. — Ele disse com um rosnado baixinho.

Kéle riu.

— Você também, carinho. — Alisou os braços dele. — Prometo que não vai demorar muito e você vai gostar da comida de lá.

— Comida. — O tom de Hanae era alegre. — Então tudo bem.

Mas ele ainda não o soltou. Realmente estava tudo bem?

Depois que tinham tudo pronto, Kéle levou Hanae consigo pelo curto caminho até a casa de Kanda. Eles moravam tão perto como vizinhos, distância de alguns metros de grama e árvores com seus troncos finos. A noite estava agradável e Hanae parecia muito cativado em olhar para as estrelas. Era lua nova, por isso não puderam contar com seu majestoso brilho.

Naquele pequeno caminho, não trombaram com ninguém. Ouvia-se vozes e risos ao longe, mas nada próximo. Estava tranquilo. Grilos cantavam, corujas também, e os postes com as lanternas brilhavam com as chamas douradas, iluminando o vilarejo e também o cabelo de Hanae, que tomava toda uma tonalidade acobreada e dourada. Era lindo.

Antes que chegassem, Kéle o puxou para um abraço. Claro que Hanae jamais recusaria, ele o abraçou de volta com força e deu aquele risinho contente que sempre dava quando Kéle era bem carinhoso.

Os Tesouros de Wohali [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora