Como perder o BV em seis meses

Capitulo 22

- Bem... Eu era a pior. - ela riu. - Meus relacionamentos raramente duravam mais de uma semana, eu gostava apenas de quem não gostava de mim,  eu era trouxa. Mas por que a pergunta?

- Queria entender se minha incapacidade de ter relacionamentos vinha de alguém, mas nem isso me justifica.

- Mas filha, você é uma moça linda. Pode ter quem quiser, como seria incapaz?

- Eu não sei, isso tudo é confuso.

Subi para meu quarto e mandei mensagem para Arthur.

Perder o Bv com ele agora é questão de honra.

Após pouco tempo ele respondeu:

Mas só agora? O que aconteceu?

Ele vai voltar com ela. Não posso deixar isso acontecer.

Bem... Seu tempo está acabando mesmo. Então, show de talentos?

Sim, show de talentos.

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O dia do show havia chegado, Carlos, Beca e eu aguardávamos atrás do palco erámos os próximos.

- Lívia, temos que arranjar um jeito de fazer você parar de tremer. - Beca acariciava minha mão tentando me acalmar.

- Tem... Tem m-m-muita gente...

- Tome um pouco de água. - Carlos me entregou um copo.

- Somos os próximos! - Beca bateu palminhas empolgada.

Depois da apresentação de malabarismos do quinto ano havia chegado nossa vez, eu mal conseguia segurar o microfone, eu estava assustada. Consegui ver Jorge na terceira fileira juntamente de Gisele.

Ele olhou para mim e sorriu, Gisele percebeu e o atacou com um beijo como se quisesse me mandar algum recado. Achava ridículo disputar por um garoto, mas eu tinha uma música, apenas um mês para perder o BV e aquela garota estava me irritando.

Sentei no banquinho de madeira que pegamos na cantina, olhei com desespero para Carlos, que começou as primeiras notas no violão.

Eu travei, eu não conseguia se quer abrir a boca. 

Carlos me olhou sem entender, então ele começou a cantar.

- "I wanna be your vacuum cleaner
Breathing in your dust" 
- a voz rouca de Carlos ecoou pelo auditório.

Esse não era o planejado, era para cantarmos apenas a última repetição do refrão juntos, pois Carlos estava inseguro de sua voz. Me senti uma inútil.

Ele estava no quarto verso, não podia deixá-lo sozinho então comecei a cantar junto.

- "If you like your coffee hot
Let me be your coffee pot

You call the shots babe
I just wanna be yours" 

O acompanhei timidamente e ele sorriu ao me ver cantar.

Direcionei meu olhar para Jorge quando cantei o refrão pela última vez e ele sorria para mim, me sentia conectada a ele, era como se ele soubesse que eu estava cantando para ele.

A música acabou e no final das contas não foi tão ruim quanto pensei.

- Obrigada Carlos! - exclamei sorridente e em seguida o abracei com força.

- De nada, Red Chep. - ele sorriu e retribuiu o abraço. Ele me olhou nos olhos e sorriu sem mostrar os dentes. - Livia, eu tenho que te contar uma coisa...

- Sim, pode falar.

- Eu acho que... - ele foi interrompido por Jorge.

- Lili, você arrasou!

Corei imediatamente, ele me puxou para um abraço e conversamos por um breve tempo eu não conseguia parar de sorrir, até que virei para trás e vi que Carlos não estava mais ali o que será que ele queria me falar? 

Decidi que poderia falar com Jorge depois e fui procurar Carlos. Avistei Beca e ela parecia meio triste.

- Oi Beca, viu o Carlos em algum lugar?

- Seu cachorrinho apaixonado? Não vi e nem quero.

- Como assim? Está tudo bem?

Ela apenas se virou e foi embora, queria saber o porquê de tanta irritação geralmente Beca não é assim.

Sentei no pátio e comecei a pensar nos possíveis lugares para Carlos estar, até que lembrei:

- O Jardim!

Fui correndo em direção ao jardim e de longe já sentia o cheiro do cigarro.

- Você tem que parar com isso, é sério.

- Por que eu deveria? - ele tragou.

- Porque isso faz mal.

- E o que te importa se me faz mal?

- Não gosto de ver pessoas que eu gosto mal.

- Sorte a sua você não gosta de mim, ah... Parabéns, é recíproco. - falou enquanto soltava a fumaça no ar.

- Do que está falando?

- Você não gosta de pessoas como eu, nunca vai.

- Me explica isso. - sentei ao seu lado.

- Desencana, Lívia.

Ele se levantou e foi embora.