VII

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- sétimo capítulo -

1228 palavras;

Eu encarava meu cabelo no espelho, estava num tom de rosa bem claro, quase salmão, havia aceitado a proposta de Jongin de ir até um barzinho junto com ele e outras pessoas da empresa.

Estava ansioso, e não saberia dizer muito bem a que se devia aquela ansiedade, se era algo bom ou ruim. Minhas mãos suavam, minha garganta estava mais seca que o normal, e eu não conseguia pensar com clareza, passando a desbloquear e bloquear a tela do celular constantemente sem conseguir focar em nada.

Era como se meu corpo estivesse em pânico, eu estava fazendo algo que não fazia há muito tempo, por livre e espontânea vontade, eu realmente tive vontade de aceitar, e isso era algo raro nesses anos.

Já havia me vestido, uma calça preta básica meio justa, o mesmo tênis de sempre, e uma camiseta qualquer. Já havia olhado no espelho e decidido estar bom daquele jeito, nada poderia dar errado, certo?

Eu encontraria Jongin e os demais no local, então quando deu o horário que havia calculado ser o certo para conseguir pegar um táxi e chegar no barzinho a tempo, fechei a porta do apartamento dando a volta na chave, respirei fundo, e segui em frente.

Foi quando estava em frente do barzinho que notei ser o mesmo do aniversário de Sehun, era aquele mesmo bar onde eu o havia visto. Meu estômago embrulhou na mesma hora, e eu teria corrido dali por puro reflexo, isso se meu chefe não tivesse chegado e me despertado do transe.

- Baekhyun! Você veio. - Ele sorriu, fazendo um joinha com uma das mãos.

- Oi Jongin. - Sorri de volta e acenei, suspirando fundo.

- Vamos entrar? Acho que já estão todos aqui, Kyungsoo já está lá dentro. - Avisou, passando a seguir para a entrada do local.

Passei a segui-lo, sem falar nada, eu realmente não sabia o que falar naquele momento, e soltar um "então, queria muito ficar mas eu da última vez eu tive uma crise e quase morri e acho melhor ir embora agora", mas definitivamente não era uma opção. Continuei seguindo até chegarmos a mesa onde se encontravam algumas pessoas que eu desconhecia totalmente.

- Baekhyun esse é o Kyungsoo, Kyungsoo esse é o Baekhyun! - Jongin me apresentou a seu noivo assim que chegamos na mesa.

Kyungsoo era um cara bonito, ele tinha uma beleza diferente, e isso chamava muita atenção nele. Eles combinavam, e quando ele sorriu gentiu pra mim estendendo a mão para um cumprimento, eu soube o porque de Jongin amar tanto ele.

- Oi Baekhyun, é um prazer te conhecer, o Jongin falou muito de você. - Apertei sua mão de volta e sorri, ele parecia ser um cara legal.

- O prazer é meu, fico feliz em te conhecer! - Eu realmente estava feliz, Jongin falava dele o dia todo.

Aos poucos minha vida parecia florescer novamente, como se uma pequena faísca de vontade me fizesse querer viver melhor e aproveitar meus dias, e eu realmente estava feliz com isso, estava feliz em ser quase uma pessoa emocionalmente normal de novo.

Me certifiquei de beber pouco, realmente pouco, queria aproveitar aquela noite da forma certa e me divertir por conta própria, acabei até comendo alguma coisa por ali, outra raridade já que eu nunca estava com fome e comia só pra parar em pé. Estava me divertindo de verdade, sem ser forçado a isso. Conversava com Jongin e Kyungsoo, respondia algumas perguntas de um outro cara que eu sabia se chamar Junmyeon, ele também parecia ser um cara legal.

- Você demorou hoje! - Ouvi Kyungsoo exclamar de repente.

- Achei que você não fosse vir cara, senta aí. - Foi Jongin quem se pronunciou dessa vez, me fazendo olhar para a mesma direção que ele.

O mundo ao meu redor parou, eu não ouvia mais nada, era como se tudo tivesse desabado e levado consigo o ar de meus pulmões. Ele estava ali, Park Chanyeol estava ali, e me encarava com os olhos arregalados. Pareceram horas e horas correntes passadas lentamente.

O ar me faltava, e se eu não estivesse sentado minhas pernas teriam cedido na mesma hora. Tive que colocar o copo que estava na minha mão sobre a mesa, caso contrário ele se espatifaria no chão, e eu mal sei como consegui ter sucesso nessa ação.

Eu não podia acreditar que era Chanyeol ali, ele realmente estava ali. Meu coração batia forte no peito, ao mesmo tempo que muitas coisas nostálgicas passavam pela minha cabeça. Foi naquele momento que eu percebi que mesmo com tudo o que havia acontecido eu estava feliz por vê-lo, por saber que ele não era apenas uma criação da minha mente insana.

Meu coração falhou uma batida quando Chanyeol desviou o olhar, quebrando contato, e passou a se sentar do lado de Jongin, do outro lado da mesa. Ele nunca me pareceu tão indiferente, e meu peito doeu com aquilo.

- Acabou a energia no meu prédio e eu acabei ficando preso no elevador, da pra acreditar nisso? Quase que eu não consigo aparecer mesmo. - Ele riu pedindo uma bebida para o garçom que se aproximou da mesa, e eu engoli seco.

Minha mente estava em branco, e minha garganta fechou assim que ouvi sua voz, eu costumava amar aquela voz. Chanyeol mal olhava pra mim, enquanto meus olhos mal conseguiam parar de pairar sob ele. Eu estava congelado, era como se eu estivesse assistindo aquela cena de fora, como um filme, e não estivesse realmente ali. Meus olhos cairam em Kyungsoo por um instante, e eu notei que era ele quem estava com Chanyeol no outro dia, agora tudo fazia sentido.

- Chanyeol, esse é o Baekhyun. - Jongin disse de repente e eu travei mais ainda.

- Hm, Oi Baekhyun. Então, esse casamento sai ou não? - Disse rápido e seco, sem nem olhar pra mim, puxando assunto com Kyungsoo e Jongin logo em seguida.

Meus olhos arderam no mesmo momento, mas eu travei o maxilar e segurei o choro. Deus, aquilo doía demais, um tiro doeria menos, sangrar até a morte doeria menos. Chanyeol estava sendo tão indiferente, aquilo já era demais, era demais pra mim.

- Eu preciso ir. - Falei em disparada deixando minha parte do dinheiro sob a mesa e correndo para a saída sem nem olhar pra trás.

Precisava sair dali. Eu queria minha cama, queria cavar um buraco no chão e desaparecer. Eu me sentia tão pequeno, tão insignificante, tão nada naquele momento, já era como se eu não existisse.

Nem sei como cheguei em casa, fiz tudo no automático. Fechei a porta escorando as costas nela em seguida e me sentando sob o chão, e chorei, chorei como se o mundo tivesse acabado, porque, bem, ele tinha, o meu mundo já era. Meu chão havia desaparecido, não tinha mais nada.

- Baekhyun, você chegou! - Luhan estava ali? - Eu queria saber como foi- Baek? O que houve? - Ouvi Luhan correr até mim.

Seus braços me apertaram, e eu passei a chorar mais ainda ao sentir a quentura de seu aperto. Eu não conseguia falar, não conseguia explicar o que estava acontecendo, eu só queria sumir. Não aguentava mais.

DISAGREEMENTS | CHANBAEKOnde histórias criam vida. Descubra agora