XII

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- décimo segundo capítulo -

1543 palavras;

Os dias estavam seguindo.

Era um dia após o outro, e mesmo que tudo parecesse calmo, minha mente estava confusa. Apesar de tudo, estava sendo mais fácil aceitar que minha mãe tivesse feito tudo aquilo do que foi aceitar tudo o que havia acontecido até ali. A realidade era que, era minha mãe, e sim eu estava chateado com aquilo, mas não tanto quanto deveria. Minha mãe sempre foi uma pessoa distante, e agora de certa forma o que eu já imaginava se tornava cada vez mais concreto em minha cabeça... Ela não me aceitava, e não fazia o mínimo de esforço para tentar conviver comigo. Quando as coisas se tornavam difíceis ela apenas sumia, como se não se importasse com nada.

Isso pra mim era o que mais pesava.

Aos poucos estava sendo mais fácil aceitar que Chanyeol estava de volta na minha vida, ele não forçava nada, nem tentava se aproximar de alguma forma que me deixasse desconfortável. Ele apenas estava lá, tentando me animar e me divertir, e eu estava agradecido por isso. Luhan parecia mais leve também, e isso me levou a pensar se de alguma forma eu havia mudado um pouco, talvez melhorado. Estava começando a acreditar que sim.

Minhas consultas continuavam como sempre, mas dessa vez Luhan e Sehun haviam conversado com a doutora Lee e explicado os recentes acontecimentos, eu não sabia exatamente o teor da conversa, mas sabia que eles haviam falado sobre Chanyeol, talvez buscado ajuda sobre como agir, era sempre difícil saber o que fazer comigo, eu não os culpava.

Certo dia a doutora Lee me disse:

"Baek, nós precisamos cuidar de você, certo? Mas você também precisa cuidar de você, e por você, por mais ninguém. O que eu quero dizer, é que você precisa depender unicamente de você, e se sentir bem em viver pra você, acha que pode começar a pensar nisso?"

E eu entendia o que ela queria dizer, acho que aquele foi o primeiro passo. Eu entendi que não podia depender de nada nem de ninguém pra continuar me mantendo firme, porque hora ou outra talvez não tivesse ninguém ali, e eu não poderia desabar de novo. E era nesse momento que eu entendia também porque Chanyeol estava apenas ali, sem forçar a barra ou tentar algo mais que uma simples amizade, eu precisava melhorar por mim, sem nenhum influência que me deixasse mais confuso.

Eu voltava do trabalho em uma tarde, caminhando lentamente pelas calçadas até alcançar meu prédio, foi quando ouvi um miado baixo e fraco vindo de uma das calçadas que separava algumas lojinhas em um corredor estreito. Era um gatinho abandonado. Ele tinha a pelagem toda preta e os olhos azuis como vidro, estava dentro de uma caixinha e ainda era muito pequeno. Naquele momento, eu simplesmente não pude deixar de sorrir quando o pegava em minhas mãos, e também não pude deixá-lo ali abandonado.

Cuidei daquele filhotinho em meu colo até chegar no apartamento, e me sentei no sofá para observa-lo melhor.

- Eu amiguinho, você não tem casa? - O gatinho apenas miava em resposta, suas unhas afiadas de filhote arranhavam meus braços de leve, mas eu não não me importava. - Você está com fome?

A primeira coisa que se passou pela minha cabeça era que eu não tinha ideia do que fazer com um filhote de gato, não sabia como cuidar dele, nem o que dar pra ele comer. Então suspirei, fitando aqueles olhinhos azuis por mais um tempo, e resolvi levá-lo ao veterinário.

A partir daquele dia posso dizer que as coisas melhoraram, porque eu estava me divertindo cuidando daquele animalzinho que agora se chamava Ben, e ele parecia gostar muito de mim também. Aquilo me distraiu, e me ajudou a encarar as coisas sem muita preocupação, sem ter que pensar naquela vontade que ainda me dava de chorar sem parar que simplesmente chegava do nada como quem não quer nada. Quando ela vinha eu simplesmente conversava com o Ben e aquilo me fazia evitar de pensar em qualquer outra coisa. Acho que um animalzinho pode realmente ajudar uma pessoa com problemas, eles são tão puros e gentis, e podiam nos amar e nos cuidar de uma forma pura.

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