06. Sendo uma Cadela (Pet Play)

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Fernanda

- Julie tem certeza que quer isso? - pergunto para minha namorada pela terceira vez, certa de que suas buscas incessantes e insaciáveis pelo BDSM poderiam ser prejudiciais a ela.

Não que eu odiasse ou coisa do tipo. Era muito bom ter uma submissa disposta a fazer tudo por você, quebrar todas as barreiras e estávamos dentro do SSC por enquanto.

Era isso o que me assustava. E se um dia ela quisesse coisas fora do SSC, o São, Seguro e o Consensual, o conjunto de regras que modelam o BDSM ou coisas além do que eu estivesse disposta a fazer? Será que eu conseguiria extrapolar as minhas barreiras por ela?

Eu bem sabia que Julie era muito teimosa. Como uma típica escorpiana, orgulhosa e mandona. Era uma submissa difícil de encontrar, sempre faminta por sexo mas também controladora e ciumenta, sua submissão era um escape do que vivia, da ansiedade e dos problemas com o pai. Eu sabia bem desde o início que ela era como um vidro quebrado, por conta do divórcio turbulento dos pais e os problemas da empresa e temia que um dia não pudesse ser a âncora que mantinha tudo nos eixos.

- Senhora por favor, eu quero testar o Pet Play e o Age Play - Julie estava ajoelhada, fazendo uma carinha de cachorro abandonado, com seus grandes olhos amendoados arregalados e as pupilas dilatadas ameaçando choro.

Suspiro sabendo que perderia aquela batalha.

- tudo bem - e desapareço pelo corredor em direção ao meu quarto. Era incrível como tudo tinha acontecido tão rápido. Estarmos juntas a tantos anos, estarmos na faculdade e trabalhando. Finalmente vivendo nossas vidas e nosso amor livremente.

Julie havia acertado as contas com o pai e se rendido aos desejos dele. Agora a multinacional americana era dela em grande maioria, todos os 97% das ações que eram de seu pai eram dela agora, e como executiva, sua vida se tornara uma turbulência total e contínua ainda mais com a faculdade de Direito que tomava grande parte da sua atenção e devoção e de certa forma eu também tinha isso, já que fazia Medicina em uma universidade pública.

Ela estava mudando para São Paulo e transferindo a sede da empresa para perto de um loft gigantesco, um apartamento perto do meu assim podíamos nos ver sempre e irmos juntas para a faculdade apesar dos cursos completamente opostos nossos campus não ficavam tão distantes, o que era um alívio.

Volto com uma tigela de cachorro e alguns biscoitos de chocolate com recheio de doce de leite dentro dela. Eu havia comprado uma no mercado da cidade na sessão de pets junto de uma coleira, onde coloquei o pingente com o nome dela.

Alguns praticantes do pet play aderiam ao uso de ração de cachorro mas eu achava perigoso pois a quantidade exagerada de ração fazia muito mal a saúde e a flora intestinal.

- bem, trouxe um presente pra você- balanço a sacola e seus olhos se iluminam.

- um presente? Para mim? - Julie diz com sua vozinha de criança, explodindo de felicidade. Ela abre a sacola com cautela e franze o cenho para a coleira notando seu nome no pingente.

- é para o Pet Play - lhe explico, sabendo que por mais que ela quisesse era uma coisa da qual ela conhecia apenas lendo artigos no Senhor Verdugo e assistindo a vídeos com o Master Gladius ou com outros dominadores, ela nunca havia tentado na prática.

Puxo seu cabelo com delicadeza em direção a tigela e coloco a coleira em seu pescoço.

- Eu posso tirar proveito desse seu desejo por explorar para além das barreiras, minha garotinha, e hoje vou lhe mostrar como - puxo seu cabelo e com agilidade faço - lhe uma trança.

- Dispa - me - ordeno e logo sinto suas mãos trêmulas abrindo o zíper da minha calça jeans e desabotoando minha camiseta. Deixo - a abaixar minha calcinha e puxo seu rosto em direção a minha vagina, ela parece entrar em transe com o meu cheiro e logo abaixa seus lábios plantando um beijo suave em direção a mim.

Aperto seu cabelo com mais força enquanto entreabro os lábios, segurando um gemido. Ela aproveita a deixa para me atacar e desce o rosto até mim, lambe delicadamente e receosa o meu clitóris mas logo que me escuta gemer mais alto ataca novamente colocando pressão com a língua de forma que eu quase desabo.

Fecho os olhos absorvendo o prazer que ela me dava, sinto minhas pernas estremecerem quando ela usa a ponta da língua fazendo pressão e logo perco o controle gozando em seu rosto, minhas mãos puxando seu cabelo enquanto sentia cada segundo de desejo.

- eu amo quando você me fode com essa sua boquinha esperta - sussurro enquanto recupero o ar.

- obrigada senhora - ela sorri, lambendo os lábios como se quisesse manter o meu gosto para sempre em sua boca.

Eu esperava que aquilo durasse para sempre, mas não duraria. Como todo e qualquer relacionamento, estávamos sofrendo com a distância e a própria vida parecia conspirar contra nós.

Um dia, Julie simplesmente pegou o táxi e foi embora, embarcou no primeiro avião e voltou para o Rio de Janeiro.

Aquele era o nosso fim. Não foi uma história triste ou ruim, foi apenas o que o destino reservava para nós, deixando apenas o nosso amor como lembrança.

Enlaces de uma PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora