"Eu amo você"

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Chegamos a casa da Ash. Sally tirou um grampo do cabelo e o adentrou na fechadura.
- Espera, Sal, de todas as loucuras dessa noite essa é a pior!
- Fica frio, ela posta tudo nas redes sociais. Eu vi lá que os pais dela iriam viajar a trabalho hoje, e ela ficaria sozinha. - Ele falou, até que enfim, destrancando a porta.
- Você estava stalkeando a Ashley? Putz, parabéns. - Disse eu com ironia.
- Shiu Johnson!

Segundo Sally, deveríamos achar o celular da Ash. Que deveria estar em seu quarto. Ela foi a última vítima para termos certeza de que ela estaria dormindo. Então se ela não estivesse seria um problemão. Era um tanto estranho...
Subimos as escadas em silêncio, estava me sentindo realmente um policial ou algo do tipo. Sal compeliu a maçaneta e me pediu para entrar:
- Vai em frente Larry.
- Cê tá louco? E se ela acordar? - O perguntei excitado.
- Você sabe que ela dorme na aula e seu sono é pesado. Relaxa, eu pensei em tudo. - Ele falou sereno. Não conseguia ver seus olhos no escuro.
Entrei no quarto, onde avisto o celular dela sob o criado mudo ao lado de sua cama. Ando na ponta dos pés e sinto meu coração acelerado. Provavelmente para Sally isso não é nada comparado a tudo que ela já fez. Toco o dispositivo e repentinamente escuto um "trim trim".
- Merda!! - Reagi ao ouvir o som de notificação do celular. Saio em disparada.
- Aaaaah eu vou surtar! - Digo ao Sal.
- Isso é bom, na verdade. Valeu por pegar pra mim. - Disse apertando-me a bochecha.
- Porra, eu que deveria fazer isso em você, seu fofo! - Pensei.
Ele puxou mais um de seus bilhetes do bolso e deixou dentro da sacola com o resto do que nós havíamos comprado. A colocou em cima do sofá da sala.
- Vamos. - Me falou, indo em direção a porta.
Antes de ir, olhei o bilhete:

Se QuISeR o CeLulaR De nOVo, Me faZ UM BolO.

Ri após ler. Por que será que Sal queria um bolo?
- Venha logo, imbecil! - Falou me puxando pela mão.

- Está com fome? Vamos fazer uma pausa para o lanche. - Ele me disse enquanto andávamos em rumo depois de terminar todas as nossas incríveis sentenças da noite.
- Onde vamos agora, princesa?
Ele apontou para o topo da igreja perto de nossos apartamentos, onde se encontrava o sino e falou:
- Vamos lá.
Mesmo achando loucura, era a menor loucura da noite, então acabei concordando.
Abrimos os portões da igreja, que por incrível que pareça estava aberta, e buscamos as escadas que levavam ao topo do edifício onde estava o sino. Descobrimos uma pequena porta que escondia um compartimento com um escadaria. A subimos e lá estava uma grande clarabóia que fazia a cidade enxergar o sino. Sally logo se agarrou as cordas e a mexeu. Apertei os olhos e cobri os ouvidos pelo barulho. Ele gargalhou:
- Cara, sempre quis fazer isso!
- Não acha que a cidade vai procurar quem tocou o sino em plena madrugada? - O perguntei.
- Gostaria de ver essa cidade achando que existe uma entidade na igreja, seria interessante. - Ele me falou, parecendo um sádico.
- Você gostaria mesmo, faz bem seu tipo! - Falei ironicamente. - Aliás, se é uma pausa para o lanche, cadê a comida?
- Não tem comida, haha. O que você esperava?
- Oh, tudo bem então. - Falei o dando uma barra de cereal que tirei de um dos meus bolsos.
- Por que diabos isto estava contigo? - Ele me perguntou
- Eu guardo sempre um comigo, para emergências.
- Grande merda. - Falou jogando-o para fora da clarabóia. - Devia estar no seu bolso a semanas, não vou comer isso.
Eu o dei um tapinha na cabeça e em seguida ficamos em silêncio apreciando a vista.
- Bem, foi uma noite bem... Incrível, se é que posso dizer. - Falei quebrando o silêncio.
- Vem aqui, Larry. - Disse ele, e eu dei um passo a frente.
Ele me abraçou, e eu o abracei de volta. Dava para sentir que Sally estava na ponta dos pés, e sua boca estava bem perto do meu ouvido. Ele disse com muita clareza:
- Vou. Sentir.
Falta. De. Me. Divertir. Com. Você.
- Não precisa sentir... - Dei uma pausa. - Sal, eu amo você. Desde... Sempre! - O confessei olhando no fundo de seus olhos escondidos no fundo da máscara. - Fique comigo, azulado.
Ele se afastou e falou tão baixo que mal pude escutar:
- Acho que não vai dar...
Senti um golpe fino em meu coração, quase desmoronei.
- Bom, Larry. Pegue meu bolo por mim! - Ele falou depois de alguns segundos de tensão. E saiu andando.
Fiquei perplexo pelo que havia ocorrido. O vi caminhando de volta para casa pela clarabóia. E depois de algum tempo, eu fui para casa também.

Fiquei pensando algum tempo naquela noite. Eu não podia desistir, Sally Fisher seria meu! E assim fui dormir, pensando no que ia falar para ele amanhã...



Sally of paperOnde histórias criam vida. Descubra agora