Yoo Kihyun é uma mente maligna

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Domingo, manhã

HYUNWOO

A brisa da manhã refrescava minha pele já suada pela corrida matinal, isso sempre me ajudava a pensar e relaxar, o que era engraçado já que essa história de correr começou por causa do futebol. O fim do semestre era, de certa forma, libertador. Eu amo jogar, não me leve a mal, mas a sensação de estar finalmente livre da pressão das provas – e também das expectativas das pessoas – me fazia enfim respirar normalmente, como o cara normal que eu gostaria de ser mas não posso.

Ossos do ofício.

Cruzei a última esquina para finalizar os cem metros restantes antes de chegar na rua de casa, e parei em frente a garagem fazendo um bom alongamento. Depois fui para os fundos e liguei a mangueira lavando a cabeça para retirar o excesso de suor, o dia estava muito quente e eram apenas sete e meia da manhã. Abri a porta da cozinha ouvindo o barulho do liquidificador, Bora estava de costas concentrada me proporcionando uma oportunidade imperdível.

- Bom dia maninha – falei abraçando Bora de costas que começou a gritar histericamente enquanto eu esfregava meu cabelo em seu rosto.

- Argh, que nojo Hyunwoo, me solta seu porco! – resmungou desligando o liquidificador e eu caí na risada.

- Eu sei que você gosta – eu soltei os braços dela que me deu um tapa xingando baixinho – Qual o suco de hoje? – perguntei olhando para o líquido esverdeado dentro do liquidificador.

- Abacaxi, couve, gengibre e hortelã – Bora sorriu me servindo um copo – Toma, vai ajudar no seu dia. Recomendação da nutri aqui – dei um gole generoso e arqueei uma das sobrancelhas, o suco era muito refrescante.

- Atendimento VIP? Quero só ver quanto isso vai me custar quando você se formar – terminei o suco num gole só antes de subir as escadas correndo, ouvindo de longe Bora gritar.

- Não esquece que você prometeu ajudar a mãe hoje!


v


Desci na parte detrás da loja e estacionei minha moto atrás da caçamba de lixo onde ninguém pudesse ver. Abri a porta dos fundos e cumprimentei alguns dos funcionários, caminhando até o escritório onde mamãe parecia estar histérica, falando alto e gesticulando com uma das mãos enquanto conversava no telefone. Diminui o passo quando a vi bater o telefone com força na mesa e se sentar colocando as mãos no rosto.

- Oi mãe – ela ergueu a cabeça e sorriu aparentemente mais calma.

- Oi querido, chegou agora? – fiz que sim com a cabeça e entrei no escritório fechando a porta – Há quanto tempo está aí?

- Tempo suficiente para te ver assassinar o telefone – brinquei dando um beijo em sua testa – O que aconteceu? – arrastei uma cadeira para sentar ao seu lado e a vi respirar fundo preocupada.

- Sua avó não está bem, o banco negou meu refinanciamento e Sicheng ligou dizendo que não vai conseguir vir trabalhar hoje. Ao que tudo indica, hoje é um daqueles dias – minha mãe sempre foi uma pessoa bem positiva, e esse era um dos traços que mais gostava em sua personalidade, então vê-la desanimada desse jeito me transtornava um pouco.

No começo desse ano mamãe fez um financiamento para expandir a loja, o movimento estava alto ótimo, o lugar estava sempre cheio então não havia problemas. Só que nós não estávamos contando com a vovó tendo um AVC dois meses depois que a reforma começou então tivemos que usar o dinheiro que seria usado para a reforma do estabelecimento para pagar as despesas médicas dela. No final das contas atrasamos algumas prestações.

Mr. CupcakeOnde histórias criam vida. Descubra agora