A Universidade

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Kíria não sabia o que fazer. Seu pai lhe indicara o endereço da Universidade e a hora da prova mas a cidade era enorme e o dinheiro que tinha não daria para o táxi. Reclamara de Wendel mas ele pensara ser uma desculpa pra não ir. No momento tudo o que sentia era muita...muita raiva do pai e agora tinha certeza que não podia contar com ele. Ele só lhe criticava. Mas mostraria a todos que não era uma garota burra do interior incapaz de se virar sozinha. Mostraria a Wendel que não precisava dele... não mesmo. Maldito!

Seu Zé lhe indicara o ônibus que deveria pegar e ele mesmo falara com o motorista e o cobrador para lhe indicarem onde deveria descer.

Aos poucos o ônibus foi ficando lotado... e lotado... e lotado... e quando pensava que já estavam desafiando a lei da física mais pessoas subiam. Teve que levantar e ceder seu lugar para uma grávida seu senso de justiça não poderia permitir que ela fosse em pé... Mas agora tudo o que sentia era sua raiva do pai aumentar. E mais ainda de Dona Arlete pois tinha certeza que ela que lhe providenciara aquela mala com aquelas roupas ridículas. Saia e ônibus não combinavam. As pessoas se enroscavam a cada movimento do ônibus e estava percebendo que um rapaz que estava atrás de si fazia isso de propósito...
Kíria tentou se esquivar e puxou assunto com uma moça ao seu lado.
_Oi.

_Oi. _Ela lhe sorriu tirando os fones de ouvido.

_Eu sou a Kíria... Pra onde você está indo?

_Pra Universidade...

_Mesmo? Será que é a que fica nesse endereço? _Kíria lhe mostrou o papel com suas anotações .

_É...

Foi o bastante para começarem a conversar e antes de chegarem ao destino já sabia bastante coisa sobre a garota, ela se chamava Mary, ganhara meia bolsa no ENEM, e trabalhava em dois empregos para pagar o restante...
Espantara-se com o fato dela fazer a prova totalmente fora de época...
Na verdade não sabia como seu pai conseguira....

Wendel estava escorado na frente de seu luxuoso carro de mochila nas costas e com os braços cruzados, ao seu lado Verner e Ian olhavam para o mesmo ponto que ele... Nícolas Huberman também com dois amigos escorados no carro dele.

_Ceninha patética. _Bruno chegava rindo. _Até parece que estão no ensino médio..._Olhou na direção de Nicolas. _ Último ano de direito acho que ja somos adultos... Vocês dois poderiam pelo menos fingir que cresceram um pouco.

_Vê como ele ta rindo da minha cara... _Wendel resmungou de cara fechada. _Se eu pudesse matar esse inf...

_Mas não pode. _Verner fez barulho chupando o canudinho do refrigerante.

_Dá isso aqui. _Wendel tomou a latinha de suas mãos e tomou um gole sedento. _Minha boca ta em fogo...

_Que foi? _Os três o encararam sem entender.

_A maldita...

_Que?

_Colocou molho de pimenta no meu café...

Foi o bastante para a crise de gargalhadas.

_Cara eu daria tudo pra estar lá na hora. _Ian se largava no capô do carro de tanto rir.

_E eu adoraria que você estivesse. _Wendel falou com raiva. _E bem na minha frente assim não teria sido a Tayla a levar a pior.

_Não! Não brinca...
Mais risadas.

_Ra ra ra... _Wendel ironizou cruzou novamente os braços e voltou os olhos para Nícolas que agora olhava para outra direção.
Na direção de um ônibus que havia acabado de parar. A razão era simples um belo par de pernas descia do ônibus. Pelo que dava pra ver um sapatinho com saltinho baixo, uma delícia de coxa numa mine saia quase indecente. Não era comum as universitárias usarem saias assim... ainda por cima rosa e rodada. A última na história com uma roupa vulgar desse nível tinha sido Geyse Arruda com certeza há dois séculos atrás...
Uma blusa branca destacava a cintura fina, que brigava com a lógica porque a perna dela não parecia ser proveniente de academia... tinha estrutura mas não uma definição marcada de músculos. Como um bumbum tão empinado poderia ser precedido de uma cintura tão fina... continuou a subir os olhos sabendo que estava sentindo algo meio esquisito, aquela maldita sensação de borboletas no estomago que fazia as mãos suarem ao encontrar química fisicamente em outros corpos.
....o suspense. Ela estava com uma trança para o lado e quase caiu para trás ao ver o rosto da maldita.

Simplesmente ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora