Trapaça

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Wendel abriu a boca semicerrando os olhos possesso. Respirou uma... duas... três vezes antes de falar. Do contrario teria feito uma besteira.

_Você-não-vai-ficar-com-ele-hoje... ou eu não me chamo Wendel.

_Entra no Google e pesquisa um nome novo. As leis hoje são mais flexíveis com essa de mudar de nome. Principalmente se houver mudança de gênero.

_Relaxa... _Ele desenroscava a tampinha da garrafa de água que estava em suas mãos_vou continuar a me chamar Max Wendel Backer.

Kíria o viu erguer a mão e virar a garrafa de água com paciência estudada no decote de sua blusa. E sentiu o líquido gelado descer por entre seus seios e ensopar toda sua blusa e sutiã. Ele ainda chacoalhara por três vezes como em câmera lenta para que caísse até a última gota.
Sentiu ímpetos de matá-lo!
Mas se Wendel pensava que isso iria lhe impedir...

Viu que largada em um lugar qualquer da cozinha, estava uma das jarras de água que deveria estar na geladeira. Com a raiva que estava não pensou duas vezes. Pegou a jarra com ódio e rapidez e devolveu o líquido com força na cara dele.

Wendel tossiu. Seu nariz ficara vermelho pelo visto inalara água. Seu rosto todo molhado... cabelos... blusa... e até a cozinha já que a água se esparramara nele e espalhou-se.

Ele a encarava ameaçador. Estavam os dois molhados no meio da cozinha.

Sem lhe dar prévio aviso ele simplesmente lhe puxou pelo braço e lhe enlaçou a cintura lhe beijando a boca com devassidão.

Bem que tentou empurrá-lo, mas....

Wendel sentiu as mãos dela pousarem em seu peito e depois vagarosamente descerem por sua barriga lhe provocando arrepios.
Ao chegar no cós de sua calça pousou em cima da fivela de seu cinto.
Kíria ia....? Riu. Sabia que tinha algum truque aí. Mas enquanto ela não mostrasse as garras iria aproveitar.
As mãos dela subiram por debaixo da sua blusa e a boca passou a dominar a sua... Kíria o estava beijando é sério? Daquele jeito lascivo que dispensava preliminares? Sentiu quando ela lhe empurrou para a parede mais proxima e se colou nele como quem pedia para ser...

_Boa noite Wendel. _Ela lhe largara com desleixo.

_Eu já disse que você não vai Kíria. _Ele sorria de canto. _Você não gosta dele.

_Acha que um pouquinho de água fria vai me impedir? Estou ensopada mas... _Ela sorriu lhe mostrando os dentes. _Tenho outras roupas... e até poderia ir sem roupa se quisesse.

_Mesmo? Que legal... poderia começar tirando agora. _Ele cruzou os braços em tom de troça. _Posso ajudar se quiser.

_Não obrigada. _Kíria desferiu.

 E seu tom lhe fez lembrar da Catarina do Petrúquio e realmente estavam a lá cravo e a rosa numa trama de novela baseada na Megera domada de Shakespeare.

_Você sabe que não vai Kíria.

_Não me chamo Kíria se...

_Então vou te chamar só de Mahi. Não foi Baira que colocou por significar sol em Aráua? Pois é. Você é meu sol. Mahizinha....

_Vai se danar Wendel!
Ela saiu desfilando com raiva.

_Nesse caso que bom que vai trocar de roupa porque essa tá bem esquisitinha, sem contar que mostra demais... marca demais...

_Espera pra ver então! _Ela desferiu da escada.

Wendel a seguiu e entrou no quarto dela. Ela estava tirando as roupas com um misto de raiva e agressividade.

_Não... isso não é uma calcinha de quem preten...

_O que está fazendo aqui seu maluco?! _Ela se cobriu depressa com a toalha. _Sai daqui agora!

_Você disse que eu podia ver... _Ele ria.

_Você é um babaca idiota mesmo. Kíria passou a tirar o sutiã por baixo da toalha totalmente desajeitada.
Sério que ela ia continuar em sua frente? Mesmo que não tivesse saído? Ela jogou a toalha de lado e pegou o vestido que já tinha escolhido. Wendel fez careta ela dava indícios de não estar mais em seu juízo perfeito alí semi nua em sua frente.

_É uma camisola por algum acaso?

_Se não sabe é um vestido.

_Imaginei que fosse uma das lingeries da nossa lua de mel. Se bem que já estava bem na hora de por uma pra mim...

_Vai se catar Wendel!...
Ela ajeitava o vestido que mal cobria sua bunda.

_No mínimo foi um presente da loira do Tchan... _Ele ria.

_O que?! Do que ta falando seu idiota?

_Sheyla.

_E daí?

_E daí que ela é bastante vulgar e vc vai na onda.

_Sai fora Wendel...
Wendel viu que ela completou a frase com um forte bocejo.

_Não. Quero ver até onde você vai.

_Eu vou encontrar com o Nícolas Wendel. Quer você queira... _fez uma pausa para um bocejo _...quer não.

_Você não vai Kíria...

_Sim eu vou! _Ela parou diante do espelho e retocou o batom. Piscava os olhos repetidas vezes como se estivesse com a vista embaçada.

_Você não gosta dele kíria... digo Mahi.

_Continuarei me chamando Kíria. Você talvez passe a se chamar Chatonildo...

_Gosto de Wendel mesmo. _Ele ria enquanto tirava a blusa molhada e pegava a toalha dela.

_Atrevildo viria a calhar! _Ela puxou a toalha.

_Que sede é essa em admitar meu peito sarado? _Ele puxou a toalha de volta e passou a enxugar os cabelos.

_Seu porco.

_Ué você me deixou ensopado...

_Você também me deixou ensopada.

_Mas eu te daria todas as minhas toalhas se você pedisse e poderia te enxugar era só você...

_Fica pra você! _Kíria se movia pelo quarto meio aérea. _Onde está.... onde está... Onde está minha bolsa...

_Desiste Mahizinha... eu já te disse que aquele cara porre ele te dá sono...

_Você escondeu minha bolsa não foi?

Wendel riu.
_Acha que eu faria esse tipo de brincadeirinha infantil só pra você não sair de casa?

_Acho. Acho sim!

_Meu Deus por quem me toma?

_Quer devolver a minha bolsa!? _Ela gritou em meio a um bocejo.

_Wow estressadinha você deve ter esquecido lá em baixo. Vou buscar pra você.

Wendel desceu as escadas e encontrou a bolsa dela em meio a bagunça da cozinha. Ao subir encontrou ela na cama. Os cabelos espalhados, o vestido encolhido e ainda de saltos. A respiração dela era tranquila.

_Eu disse que você não ia. _Wendel lhe deu um beijo no rosto.

_Wendel... _Ela sussurrou.

_Hum?

_Apaga a... luz... por favor...

_Claro meu amor. _Ele tirou seus sapatos de salto rosa bebê e lhe cobriu com um cobertor. _Durma bem Mahizinha. _Wendel apagou a luz. Sério que ela pensava que a bagunça na cozinha era à toa? Que não ter água na geladeira fora casualidade e desleixo? E como ela não percebeu um gostinho diferente no suco? Wendel fechou a porta. _Boa noite cinderela.
Tudo bem que não se orgulhava de cometer mais um crime... e talvez quando terminasse essa história somando todas as suas penas seria o mocinho mais delinquente do mundo... mas não importava. O que importava era que ia até o fim do mundo, mas não ia deixar ela se entregar praquele pilantra aproveitador.

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Simplesmente ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora