Ser mulher/2

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Kíria tentou levantar da cama mas sua cabeça ainda doia muito e mais uma vez teve que pedir para ele lhe trazer mais analgésicos... não entendia porque a dor não passava, sabia que a dor em seu estômago era em função dos analgésicos já que bastava tomar uma ou duas pílulas daquelas ja afetava sua maldita gastrite e com o estômago doendo não conseguia comer e sem comer se sentia fraca e a fraqueza diminuia sua imunidade e baixa imunidade era portões abertos para todas as doenças... efeito dominó... tudo que sentia era uma profunda indisposição e nem se quer sabia há quanto tempo não saia daquele quarto. Precisava voltar pra casa... com urgência. Precisava dos cuidados de Bá e daqueles chás que ela fazia quando estava se sentindo assim.

_Aqui...

Nícolas lhe trazia mais uma pílula e por mais que não quisesse se entupir de remedios a dor era grande demais e precisava mais que tudo se sentir melhor. E sem pensar duas vezes tomou a pílula e a água...

_Obrigada Nícolas. _Kíria o encarou com gratidão. Ele lhe sorriu.

_Não quer ir pra pscina comigo? O dia está lindo lá fora.

_Não Nícolas... eu estou muito... que horas são?

_10... da manhã...

_Meu Deus... o sol la fora deve estar muito forte.

_É está...

_Porque não há janelas nesse quarto?

_Ah... é... é uma longa história... _Ele riu. _Sabe quando você é adolescente?

_Sei...

_Quando eu tinha 13 anos vivi minha fase gótica. Queria um quarto preto e bem escuro... meu pai não achou problema nenhum, minha mãe me encheu a paciência, mas dona Iêda nunca resiste ao meu charminho... _Nícolas deitou ao lado dela lhe acariciando o rosto. _Eu furei a orelha, usei percings no nariz mas ela me proibiu de fazer tatuagem, claro. Aí eu montei uma banda de Roque. Como papai odiou a idéia de que tocássemos na garagem... adolescentes perto de sua coleção de carros de luxo? Nunca! Então eu trazia minha banda pra tocar aqui e a casa toda estrondava... os empregados iam a loucuuura e quando minha mãe estava em casa que era raro me proibiu de tocar, mas eu era um pouquinho rebelde na época e eles tiveram que colocar isolamento acústico no quarto todo...

_Mesmo?

_É... olha isso. _Nícolas levantou e foi até a bateria.

Kíria ficou surpresa com a habilidade dele. Mas o barulho lhe fez fexar os olhos em função da dor de cabeça.

_Me desculpa amor eu...

Kíria o viu se aproximar até a cama novamente.

_Nícolas, agradeço por sua amizade e por tudo que fez por mim, mas agora eu preciso voltar pra casa... poderia me emprestar seu computador. Eu preciso comprar uma passagem de volta...

_Kíria... _Ele a encarou juntando as sobrancelhas. _Mas... mas... é que...

_Por favor me entenda... não é certo eu ficar aqui... estou abusando da sua hospitalidade e da sua família e nós somos apenas amigos, não quero que você pense que... _Ele pôs os dedos em seus lábios.

_Ok... mas pode deixar comigo, eu compro sua passagem, afinal mais milhas pra mim. _Sorriu de leve.

_Sério?

_Claro. Por você eu faria tudo...

Nícolas saiu do quarto e deu um soco na parede. Sério que ela pensava mesmo que iria embora assim do nada? Iria sim comprar a passagem dela e quantas ela quisesse depois, mas isso não significava que ela iria entrar num avião... isso não significava que ela iria embora assim. E se ela achava mesmo que levaria um computador pra ela ter contato com os malditos la fora. Estava enganada. E para sustentar a confiança que ela tinha nele levou a passagem impressa.

Simplesmente ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora