Um Final

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A grande verdade sobre as relações interpessoais era que por mais que esperasse o pior das pessoas nunca estaria preparada para presenciar o pior delas... Nunca estaria preparada para ser o alvo das maldades insanas de alguém...

Não entendia como chegara àquele ponto... não havia lógica para ter acreditado que o pior não aconteceria... Não havia lógica para ter sido imprudente e ter chegado até alí. Poderia ter aberto mão de tudo... de tudo... nesse momento nada mais importava... não havia mais propósitos ou orgulho em sua vida, que fosse mais importantes que sua segurança... a segurança em primeiro lugar... tinha se posto na toca do leão sendo uma gazela indefesa apenas por acreditar que era forte o suficiente para enfrenta-lo. Não... não funcionava assim na vida real, "me sinto logo sou", não era um pensamento coerente muito menos prudente, isso simplesmente por ser uma utopia. E era uma grande armadilha acreditar que era mais forte do que na verdade era.  Ele era mais forte, tinha que aceitar... aceitar a concreticidade das coisas, a realidade das coisas... tinha que aceitar. Ele era mais forte, mais implacável... mais cruel... não havia limites para sua maldade e como uma gazela poderia lutar contra um leão?

Deveria ter ido embora... há muito tempo. E não importava se seu pai não lhe quisesse mais na fazenda... não importava se não tivesse mais para onde ir. Poderia ter seguido a sua vida longe de tudo aquilo. Na verdade agora via que ser forte não era ter ficado e suportado as consequências.... ser forte era ter partido e recomeçado abrindo mão de tudo aquilo... Agora estava alí, a mercê de um homem... sim, aquele garoto que conhecia desde a infância, o garoto que nunca lhe oferecera ameaça alguma naqueles longos anos de vida rural, agora se tornara o seu maior opressor. Wendel estava fora de si, grande, forte e ameaçador, bêbado... insano... e já sabia que ele não iria parar. Queria sentir o sabor de seu sangue como um psicopata mórbido. Sim teria sangue, ele derramaria seu sangue e talvez depois disso caísse em si e percebesse que havia cometido o maior dos pecados, um delito irreparável... mas jamais o perdoaria por isso... jamais...  

_ Eu... te... odeio...

Seu corpo agora era apenas um objeto nas mãos dele. Como se não tivesse dentro de si uma alma... Suas lágrimas, seu terror, seus gritos... nada disso importavam. Estava a mercê das vontades dele, e seu desejo era cruel e vívido. Wendel queria devorá-la. Insanamente devorá-la. Quando uma de suas mão alcançou a peça de algodão por baixo de sua saia sentiu que já não tinha forças pra lutar... e por um momento parou de se debater o encarando nos olhos com o rosto banhado de lágrimas.

_Você disse... Você deu sua palavra... Você disse que eu não deveria ter medo de você... Você disse...

****

Wendel parou por um momento. Encarava o rosto dela
Na verdade nenhum dos dois conseguiam enxergar muita coisa já que as lagrimas impediam. Sentia seu corpo pulsar mas seu peito sangrava
Lembrar da promessa que fizera a ela lhe deixava inerte. Lembrar que dissera que ela não deveria ter medo dele...  Era como um choque de realidade. O que estava fazendo? Meu Deus o que estava fazendo? Olhou pro rosto dela banhado pelas lagrimas e sentiu que seu corpo amolecia... Ela estava em completo e total desespero.
Não! Não era isso!  Não era um monstro sem controle. Ela ficara com o outro? Que se danassem os dois! O que não podia fazer era se tornar um maldito bandido por causa disso. Um deliquente. Um estuprador...
Sentia ódio. E ele era maior que sua força. Mas não valia a pena. Não valia a pena passar por cima de seus princípios. Sua dignidade... Se ela merecia uma lição a vida iria ensinar. E se ele a desejava mais que tudo teria que massacrar esse desejo. Teria que se afogar no álcool ou em todas as mulheres quanto pudesse até esquecê-la de vez e quem sabe um dia estaria livre...  

_Você não vale a pena... _Pronunciou com voz embargada e os olhos inundados pelas lágrimas.
_Se um dia eu briguei por sua causa arriscando tudo... tudo... foi porque acreditei que você valia a pena. Se um dia eu te fiz café da manhã, se um dia eu me declarei foi porque acreditei que você valia a pena... Se eu te prendi foi porque quis te guardar pra mim. Se um dia eu te persegui, se atrapalhei sua vida se controlei seus relacionamentos foi porque no fundo queria que você fosse só minha. Só minha... Mas você nunca foi minha. Você não se guardou pra mim. Você não vale a pena. Sai do meu quarto. AGORA!!

E a libertou.


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Bom... e é isso.... fortes emoções... se não for pra ser intenso nem me chame. kkk

Simplesmente ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora