ELES IGNORAVAM um ao outro no trabalho, obviamente. Bem, eles não mencionavam as noites passadas em frente à televisão, nem as caminhadas na praia e, às vezes, enquanto ela se sentava na sala de convivência e ouvia Ana tagarelar sobre o quanto ela estava certa de que Ruggero a convidaria para sair em breve (quando Ruggero já havia comentado com Karol que estava incomodado com os flertes constantes de Ana), ou quando a glamourosa Malena começava a falar de forma amistosa demais sobre ele, embora Karol se mantivesse calma como um Buda desafiado, por dentro ela estava espumando de raiva e poderia, certamente, estrangular as duas para que ficassem caladas.
Ela gostava dele.
E quanto a isso, estava tudo bem. Afinal, metade do departamento gostava dele daquele jeito também, e ela dificilmente poderia ser considerada como minoria; não, havia um problema um pouco maior.
Às vezes, ah, às vezes, Karol tinha aquela impressão incômoda que só podia ser causada quando duas pessoas se envolvem.
Às vezes, ah, às vezes, Karol tinha a sensação fugidia de que Ruggero gostava dela também.
Ela dizia a si mesma que estava imaginando coisas, exatamente como Ana. Porque não havia chance nenhuma de Ruggero estar interessado nela.
Então, por que ele estava agindo de forma tão estranha?
Quando o coffee break terminou, ela voltou para a ala pediátrica, e tentou dizer ao seu coração idiota para parar de bater tão depressa só de olhar para ele; é claro que não adiantou. E seu coração acelerou de vez uma hora mais tarde, embora por razões totalmente diferentes, quando uma mãe meio histérica colocou um bebê molenga nos braços de Karol.
Ela tocou a campainha de emergência antes mesmo de despi-lo.
Ele era grande e gordo, e mal abriu os olhos enquando Karol o despia com eficiência, e fazia algumas observações preliminares.
– Ele não para de vomitar... – A mãe estava tentando não chorar. – Eu o levei ao clínico ontem, ele disse que era um problema gástrico e me mandou dar líquidos para ele...
Nenhuma ajuda havia chegado, Karol tocou a campainha de emergência outra vez. O pulso do bebê estava acelerado, e a temperatura dele estava alta, portanto ela o colocou no balão de oxigênio e tocou a campainha de emergência de novo enquanto empurrava o carrinho com o material para soro intravenoso, finalmente decidindo colocar a cabeça para fora do cubículo.
– Alguém pode vir me ajudar? – ela estourou, e lançou um olhar frenético para Ruggero, que estava mostrando a um paciente um raio-X de tornozelo. – Agora!
– Aperte o botão três vezes em caso de emergência! – Ruggero estourou também, quando viu o bebê.
Ela ainda estava aprendendo o básico; ainda ontem, ela havia sido advertida por reagir exageradamente, e apertar o botão três vezes por qualquer coisa remotamente urgente; e agora estava sendo repreendida por fazer muito pouco. Alguns dias, aquele trabalho era simplesmente difícil demais!
– Depressão na fontanela. – Ruggero examinou o bebê imóvel com eficiência, enquanto Karol o tirava da balança e preparava um soro intravenoso. Ela estava apavorada com a ideia de aplicar uma agulha de IV em um bebê tão doente, mas aquilo fazia parte do curso, e era algo que ela precisava aprender a fazer. Ela havia começado com homens grandes e musculosos, com veias que mais pareciam trilhos, e depois havia praticado em adultos doentes. Ela havia até mesmo aplicado IVs em algumas crianças, e em poucos bebês, mas nenhum tão doente como aquele, e não com a mãe observando ansiosamente; e agora, Carolina estava lá também!
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Juntando Peças do Amor... (Ruggarol)
RomantikKarol é uma jovem enfermeira, está grávida e solitária sem contar com o apoio familiar e muito menos com o pai de seu bebê, um homem mas velho que a iludiu com promessas que jamais cumpriria. Já Ruggero é médico e está sem rumo desde que uma tragédi...