Capítulo 10 - Capítulo 8

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RUGGERO FOI visitar Karol  enquanto ela ainda estava internada, e ocasionalmente a via na cantina, e parava para conversar um pouco e saber como ela e Sol estavam indo.

E ela estava indo muito bem.
 Karol via progressos todos os dias.

E não apenas com Sol. O gelo estava derretendo entre ela e sua mãe, também. Ela fazia uma visita dia sim, dia não, inicialmente com o pretexto de ver a neta, depois para levar suprimentos para Karol, e finalmente, apenas para levar um presente.

Também foi Ana Carolina quem mostrou ser uma improvável fonte de conforto, quando o leite de Karol começou a diminuir de repente.

– Quanto mais você se estressar com isso, pior vai ficar – Ana Carolina disse firmemente, enquanto Karol chorava, usando a bomba para tirar o leite do seio que tanto detestava. Mas com apenas três semanas, Sol mamava muito pouco no seio da mãe antes de ficar exausta, e tinha que receber a alimentação por meio de um pequeno tubo, que ia de sua boca até seu estômago. Karol estava lutando para produzir leite suficiente, e odiava a sala asséptica onde sentava por horas, para produzir apenas uns poucos mililitros.

– É importante que ela receba o meu leite. – Karol rangia os dentes. O especialista em lactação havia dito aquilo a ela.

– É mais importante que ela se alimente. – Ana Carolina se recusou a recuar; ela estava cansada da pressão que a filha estava sofrendo, e frustrada por causa de Karol.

– Eu também não pude amamentar você, Karol. Eu tive que começar a dar a mamadeira quando você só tinha quatro dias.

– E olhe só para mim agora.

Ela estava sobrecarregada; sentada ali, chorando frequentemente, os nervos à flor da pele, olheiras escuras e profundas por causa das mamadas a cada duas horas, falida, e ainda por cima, mãe solteira. Aquela era, na verdade, a sua primeira vaga tentativa de brincar com a mãe nos últimos tempos, e por um momento Ana Carolina não entendeu. Então, ao abrir a boca para continuar com o sermão, a ficha caiu; ela olhou nos olhos da filha e começou a rir, e Karol também.

– Você se deu muito bem – Ana Carolina disse, quando as gargalhadas diminuíram e as lágrimas, que nunca demoravam muito a chegar naqueles dias, enchiam os olhos de Karol. Aquela era a coisa mais amável que sua mãe lhe dizia em muito, muito tempo. – Vá almoçar. – Ana Carolina apanhou a mamadeira com a quantidade pequena de leite, colou um rótulo com o nome de Sol e colocou-a na geladeira. – Eu termino tudo por aqui. Vá relaxar um pouco.

Mas Karol não conseguia relaxar.

Karol preferia muito mais a rotina segura que ela mesma havia estabelecido. Vivendo na pequena área reservada para as mães, ela estava feliz com seu quarto espartano, e as noites que passava conversando com outras mães ansiosas. Seus dias eram preenchidos amamentando Sol ou retirando leite, ganhando mais autoconfiança com a filha sob o olhar vigilante da enfermeira, e demorando horas para escolher o que comer no cardápio que recebia uma vez por dia. Mas de vez em quando, sua mãe insistia para que ela fosse “relaxar”. E Karol detestava aquilo.

Não havia muita coisa para fazer.

Chamar os jardins do hospital assim era um grande exagero; o estoque dos caramelos preferidos de Karol na lojinha de presentes acabara havia tempo; e ela já tinha lido cada uma das revistas disponíveis pelo menos duas vezes. Ela havia ido visitar o setor de emergência algumas vezes, mas parecia sempre chegar na hora errada, o departamento estava constantemente cheio e as pessoas, ocupadas; e ela ficava sentada, sentindo-se estranha e sozinha, na sala de convivência. Mas, acima de tudo, ela detestava a cantina, onde o melhor meio de se autodescrever era “quase, mas não exatamente”.

Juntando Peças do Amor... (Ruggarol)Onde histórias criam vida. Descubra agora