Capítulo 15 - Capítulo 13

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– O QUE está acontecendo, Malena? – Ruggero só conseguiu falar com Malena às cinco horas da tarde da segunda-feira. Ela o havia evitado durante todo o dia, e, obviamente imaginando que ele já havia ido para casa, entrou na sala e ia se virando para sair quando Ruggero a impediu.

– Nada.

– Eu preciso saber por que você não atendeu às suas chamadas na sexta-feira à noite.

– Eu realmente sinto muito por aquilo. Sinceramente, eu estava me sentindo tão mal que...

– Malena, eu cobri você, mas não vou ser tapeado – ele avisou.

– Ele ainda está casado. –  Malena desabou, ao admitir. – Eu descobri no sábado à noite... aquele garoto todo machucado...

Ruggero franziu o rosto.

– Era o filho dele.

– Oh, Malena.

– Eu liguei para a casa dele, mas acabei falando com a esposa... eu reconheci o sobrenome, e depois ela o chamou ao telefone... – Ela mal conseguia articular as palavras, de tanto chorar. – Eu simplesmente não consegui ficar no hospital e vê-la, encará-la. Você deve achar que eu já deveria estar acostumada com esse tipo de coisa agora...

– Acostumada com o quê?

– Decepção. – Ela mal podia acreditar na mudança que se operara nela, da mulher confiante e extrovertida que ele conhecia. – Estou tão envergonhada.

– Envergonhada? – ele perguntou, espantado.

– Eu me sinto uma completa idiota – Malena admitiu. – Eu sabia que ele era um homem ocupado, e por isso inventei desculpas para ele... que ele estava no trabalho, ou com os filhos... acho que dei a ele um milhão de motivos para justificar por que só podia passar tão pouco tempo comigo.

– A culpa não é sua – Ruggero disse, e não era culpa de Karol, também. Se a exuberante, experiente Malena podia ser enganada, que chance Karol tivera? – Você só estava... – ele sacudiu os ombros, sentindo-se desconfortável, já que analisar emoções não era seu ponto forte – tentando ser feliz...

– Como todos nós – respondeu Malena. – Mas nós acabamos magoando várias pessoas enquanto isso. – Ela tomou um gole de café. – Eu me sinto uma completa idiota – ela disse novamente, em desespero.

– Ele é o idiota – Ruggero insistiu.

– Não é assim que parece, do meu lado. – Ela deu a ele um sorriso triste. – Eu vou ficar bem... só preciso me recuperar, lamber as feridas.

– Eu posso imaginar.

– Mas vou chegar lá. – Malena respirou fundo. – E vou sair para o mundo de novo muito em breve...

Ruggero percebeu que jamais entenderia algumas pessoas; ele nunca compreenderia alguém que tivesse sido tão magoado e estivesse disposto, em pouco tempo, a falar sobre começar de novo, abrir o coração, só para quebrá-lo mais uma vez.

Por quê?

Mas ele suspeitava que estava começando a descobrir a resposta. Era ele, na verdade, quem era o idiota; ele percebeu aquilo ao dirigir para casa, naquela noite.

Havia todas aquelas pessoas lá fora, procurando a felicidade, fugindo da solidão, enquanto ele tivera tudo, não apenas uma vez, mas duas; bem ao alcance dele. Ele simplesmente havia tido medo demais de se magoar de novo, para seguir em frente e aceitar o que lhe era oferecido.

Ele queria um mundo que viesse com garantia total de segurança; e como aquilo era impossível, bem, ele havia se afastado do planeta. Havia feito uma meia tentativa de seguir em frente com sua vida, mas de acordo com as suas próprias regras de segurança. Ele preferia ter um relacionamento sexual a um relacionamento afetivo, e quanto menos significado a relação tivesse, melhor, porque não havia como se machucar. E nada de filhos nem de sentimentos envolvidos, por favor, porque aquilo também podia machucar. Tanto quanto pais
biológicos aparecendo do nada...

Juntando Peças do Amor... (Ruggarol)Onde histórias criam vida. Descubra agora