Capítulo 3 - Capítulo 1

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Um NOVO dia.

Um novo começo.

Mais um.

Caminhando pela praia, Ruggero Pasquarelli estava com a cabeça baixa e perdido demais em seus pensamentos para realmente notar o magnífico céu cor-de-rosa sobre as águas calmas da Baía de Port Phillip. Ele havia sido aceito como residente da emergência no Hospital Melbourne's Bay View e estaria lá em algumas horas para começar seu primeiro dia de trabalho. Só que não havia o nervosismo típico do primeiro dia enquanto ele avançava ao longo da praia, afinal, ele tinha tido muitos recomeços antes. Esse seria seu quarto emprego nos três anos desde a morte de Valentina... não, agora eram quase quatro anos. O aniversário da morte dela estava se aproximando e Ruggero temia essa data. Tentando e falhando em não pensar sobre ela, tentando e falhando em não pensar constantemente sobre como a vida deveria ser, se eles tivessem tido tempo de vivê-la. Se ele tivesse se estabelecido no Melbourne Central, se a vida para ele não tivesse mudado tão dramaticamente, agora ele estaria se candidatando a cargos de consultor. Mas permanecer lá não havia sido uma opção. Havia lembranças demais para ele. Após seis meses de tentativas, Ruggero havia percebido que não podia continuar trabalhando no mesmo local onde um dia trabalhara com sua esposa e tinha aceitado, depois alguma autoanálise, que as coisas nunca mais seriam as mesmas. Elas nunca mais poderiam ser as mesmas. Então, ele havia se mudado para Sidney, o que pareceu certo por um tempo, mas após 18 meses, bem, aquele sentimento de inquietação tinha começado novamente e ele mudou-se para outro hospital, em Sidney. Só que... era a mesma melodia, apenas numa canção diferente. O lugar era ótimo, as pessoas também...

Mas simplesmente não funcionou sem Valu. Então, ele havia voltado para Melbourne, mas desta vez para um bairro afastado, e era bom estar de volta, mais perto de sua família e novamente entre seus velhos amigos.

Não, ele não estava nervoso sobre esse recomeço. A diferença era que, desta vez, estava ansioso por ele, pronto para ele, até mesmo animado com a perspectiva de seguir em frente. Já era tempo.

Ele tinha decidido viver perto da praia e fazer caminhadas rápidas ou correr toda manhã... Mas no terceiro dia após a mudança ele havia apertado o botão "soneca" de seu despertador algumas vezes!

Ruggero aumentou a velocidade e começou a correr, sua estrutura musculosa escondendo sua destreza, e bem rapidamente ele alcançou seu destino: a casa na qual ele estava de olho havia algumas semanas.

Enquanto cumpria seu período de aviso prévio em Sidney, Ruggero fizera a viajem até lá para encontrar um lar perto do hospital. Procurando pela internet e conversando por telefone com corretores de imóveis, ele havia se deparado com várias possibilidades a serem visitadas durante o final de semana, pois estava determinado em conseguir uma casa antes de começar seu novo trabalho, percebendo que, se fosse o dono de uma propriedade, talvez se mostrasse mais inclinado a acomodar-se por mais tempo. 

 O corretor tinha mostrado a ele um apartamento típico de solteiro, um novo empreendimento junto à praia, com vista maravilhosa para a baía e a cidade. Era claro e arejado e tinha todos os confortos modernos com a vantagem de uma grande varanda, o que seria bom quando ele recebesse a visita de amigos ou da família. Ele realmente tinha tudo, e Ruggero quase o comprara naquele mesmo dia, mas, enquanto esperava, na varanda, que o corretor separasse os documentos, Ruggero viu a casa ao lado. Ela era mais antiga e se projetava um tanto a mais para dentro da praia que o bloco de apartamentos. O jardim, que tinha acesso direto à praia, era um oásis verde coberto de ervas comparado com a varanda de assoalho enfeitado e paredes claras onde ele estava. Em vez de olhar para a magnífica praia, Ruggero ficou encantado com o jardim do quase vizinho. Um enorme salgueiro projetava sua sombra em grande parte dele, havia um escorregador, um balanço e uma cama elástica ali, mas o que realmente chamou a atenção de Ruggero foi o barco estacionado junto à lateral da casa. Um homem por volta de seus 40 anos que jogava água no barco com uma mangueira olhou para cima e acenou quando eles saíram para a varanda, e Ruggero balançou a cabeça rapidamente num cumprimento, não percebendo que o homem na verdade estava acenando para o corretor e não para ele.
               
              – Logo estarei com você, Doug – o corretor gritou, então, se sentou junto a uma mesa de vidro bem posicionada, colocando em ordem documentos e demais papéis e finalmente localizando o contrato.

Juntando Peças do Amor... (Ruggarol)Onde histórias criam vida. Descubra agora