– QUANDO VOU poder vê-la? – Era tudo em que ela conseguia pensar. A ambulância havia chegado poucos minutos depois daquela que havia levado sua filha, e ela fora levada diretamente para a maternidade. As parteiras tinham sido maravilhosas, contando-lhe as últimas notícias sobre o progresso do bebê, enquanto Karol era examinada, recebia soro intravenoso e amostras de sangue eram colhidas.
– Por que eu preciso disso?
– A sua pressão ainda está alta – o obstetra explicou –, e você ainda está retendo muito líquido. Nós só queremos verificar como está seu sangue e ficar de olho em você, para assegurar que tudo esteja correndo bem...
As parteiras a ajudaram a se lavar e se refrescar, e a colocaram na cama; e então Katja, que Karol imaginava que estivesse no comando, finalmente chegou com notícias reais.
– Eles acabaram de transferi-la da emergência para o tratamento intensivo. Quando tiverem tudo sob controle, e logo que seu médico lhe dê permissão, nós vamos levar você para vê-la. Olhe aqui. – Ela lhe entregou uma foto. – Uma das enfermeiras tirou para você.
Oh, ela era pequenina, estava com um pequeno gorrinho cor-de-rosa, e havia tubos e equipamentos por toda a parte, mas ela era dela... Os poucos momentos que tivera com a filha estavam gravados em sua mente, e Karol já a reconhecia; ela poderia entrar na unidade de terapia intensiva naquele momento e identificar sua filha, disso ela estava certa...
– Agora – disse Katja –, ela está passando bem, e está no respirador. Isso significa que ela precisa de um pouco de ajuda para respirar, para encher os pulmões de ar, e está recebendo tensoativos e medicamentos para compensar a imaturidade dos pulmões...
Ela descreveu todo o tratamento que sua filha estava recebendo até que Karol entendesse bem, e então fez novamente uma pergunta necessária e que Karol havia, até ali, se recusado a responder.
– Há alguém que nós possamos chamar para você? – Karol sacudiu a cabeça.
– Eu vou telefonar para os meus pais em breve.
– Você não deveria estar sozinha – Katja disse, gentilmente. – Você não tem uma amiga...?
– Mais tarde. – Karol sacudiu a cabeça novamente.
Ela queria alguma privacidade, não queria compartilhar aquele momento com os pais, que não a haviam ajudado, e que, com exceção de um telefonema ríspido e um único cheque, não haviam feito absolutamente nada. E ela também não queria amigos com os quais não pudera contar, ou um pai que não queria saber da filha; ela iria enfrentar e lidar com tudo aquilo, mas agora o que ela queria era processar tudo o que havia acontecido, sozinha...
– Oi! – A porta se abriu, e o rosto de Ruggero apareceu. Ele era, talvez, a única pessoa que ela não se importava em ver naquele momento; afinal de contas, ele tinha estado lá!
– Obrigada. – Um simples agradecimento parecia muito pouco, mas ela era sincera e a palavra viera do fundo de seu coração.
– De nada.
– Como ela está?
– Não tenho certeza – Ruggero disse –, eles a transferiram da emergência há mais ou menos meia hora...
– Oh! – Claro que ele não poderia saber, Karol disse a si mesma. Como se ele seguisse seus pacientes até uma ala específica do hospital! Quando ele entregara o bebê aos médicos, seu trabalho estava feito.
– Como você está? – Ruggero perguntou.
– Nada mal... – Ela não deu detalhes, não queria entediá-lo com todos os exames que estava fazendo. Ele só estava perguntando por educação.
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Juntando Peças do Amor... (Ruggarol)
RomanceKarol é uma jovem enfermeira, está grávida e solitária sem contar com o apoio familiar e muito menos com o pai de seu bebê, um homem mas velho que a iludiu com promessas que jamais cumpriria. Já Ruggero é médico e está sem rumo desde que uma tragédi...