Capítulo 11 - Capítulo 9

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ELE JÁ estava de pé às seis, em um raro dia de folga. Ele tinha caixas para abrir, e uma cozinha para pintar, mas, em vez disso, Ruggero caminhava pela rua com as chaves do carro de Karol na mão. Ele daria uma olhada no carro, iria correr na praia, e depois resolveria o problema das caixas. Ruggero abriu a garagem e, depois de ligar a ignição, o carro começou a funcionar, fazendo um barulho enorme.

Então, não era a bateria.

Às oito, ele telefonou para o mecânico.

– Você quer meu conselho? – O mecânico olhou para o que dificilmente poderia ser chamado de motor e franziu o cenho.

– Não. – Ruggero fez uma careta. – Só conserte o carro, coloque-o em condições de rodar, por favor.

– Os pneus estão carecas...

– Compre uns decentes, de segunda mão – Ruggero disse, porque em contraste com aquela pilha de ferro-velho, quatro pneus novinhos chamariam muita atenção.

Levou o dia inteiro, mas por volta das seis ele voltou ao hospital para devolver as chaves para ela.

– Como Sol está? – ele perguntou a ela.

– Um pouco melhor, obrigada. – Karol parecia completamente esgotada. O cabelo dela precisava ser lavado, e havia grandes manchas negras sob seus olhos, como se ela tivesse passado delineador e esfregado os olhos em seguida; só que ela não usava maquiagem havia semanas. – O resultado da primeira cultura de sangue deve sair logo, mas ela está sem febre desde a hora do almoço.

– E quanto à gasometria? – ele inquiriu.

– Está melhor. – Ela sacudiu a cabeça, confusa. Karol não estava pensando como enfermeira, mas como mãe, ouvindo os médicos e a equipe da terapia intensiva. – Ela vai ficar no oxigênio...

Ele queria mais informações, queria falar com o neonatologista, ver os raios-X do bebê e os resultados dos exames de sangue com os próprios olhos.

– Eles me deixaram segurá-la – ela disse a ele, trêmula.

– Isso é uma boa notícia.

– Minha mãe está com ela agora.

Tudo o que ele podia fazer era levá-la até a cantina e comprar-lhe um chocolate quente e um pouco de cereal da máquina; e foi apenas quando ele lhe entregou as chaves do carro que Karol se lembrou do que ele estava fazendo ali. Ele não estava ali para saber notícias de Sol, na verdade.

– O que havia de errado com o carro? – Ela quis saber.

– Precisava de uma bateria nova. – E de uma ignição nova, e discos e pastilhas de freio, e amortecedores, e... mas ele preferiu não entrar em detalhes.

– Quanto custou? Tem um caixa eletrônico aqui no hospital – ela disse.

– Não foi muito caro. Nós podemos resolver isso quando Sol melhorar – Ruggero disse tranquilamente. Com um bebê tão doente, Karol precisava de um carro que funcionasse imediatamente, o tempo todo, Ruggero disse a si mesmo. E ele estava investindo na própria sanidade também, pensou. Pelo menos ele não seria mais acordado às duas da manhã... Não que ele tivesse se importado, na verdade.

Com toda a honestidade, ele teria detestado descobrir, no dia seguinte e por outra pessoa, o que havia acontecido.

Ele mal havia dormido nas últimas 24 horas, mas, apesar disso, sua mente parecia muito clara, de repente.

Karol precisava de um amigo, um amigo verdadeiro; e talvez ele pudesse ser esse amigo por enquanto, talvez ele pudesse ajudá-la, pelo menos até Sol ir para casa.

Juntando Peças do Amor... (Ruggarol)Onde histórias criam vida. Descubra agora