Estava escrito

Capítulo 3

PAULA

Eu estava em São Paulo a dois dias, tinha vindo pra uma temporada de três meses para fazer uma experiência. O apê era ótimo, espaçoso, arejado e iluminado além de super bem localizado, dava pra fazer quase tudo a pé.
A intenção a princípio era ficar sozinha e receber o Breno as vezes, quando ele precisasse vim pra algum trabalho ou quisesse me ver, inclusive ele chegaria na sexta pra passar alguns dias comigo, mas pensando bem seria ótimo se ele pudesse morar aqui. Namoro a distância não é nada fácil, a gente vivia morrendo de saudade um do outro e eu sabia que morar com ele não seria um problema, muito pelo contrário.

O Breno tinha sido uma surpresa pra mim, a maior do programa. A gente começou na brincadeira e quando eu vi já estava completamente entregue, não deu pra segurar.
O nosso relacionamento era leve, ele trazia alegria pra minha vida, me fazia rir o tempo inteiro e era muito carinhoso, daqueles que se atenta aos detalhes sabe? Eu amava isso nele. Eu amava tudo nele na verdade! O jeito que ele me olhava, o cheiro, o sorriso, o toque, o beijo, como a gente se dava bem na cama... até das birras eu gostava, ele era perfeito pra mim.
Foi no meio de todos esses pensamentos que meu telefone tocou e o nome dele apareceu na tela: "Xenon"

Paula: - Ooi lindeza!

Breno: - Oi moor, tudo bem?

Paula: - Tudo sim amor e por ai?

Breno: - Tudo certo também. Já jantou?

Paula: - Acabei de fazer isso, to aqui jogada no sofá... tava pensando nocê.

Breno: - Ah é? Em que especificamente?

Paula: - Em como eu te amo e to morrendo de saudade. Quero que sexta chegue logo!

Breno: - Ai loirão, eu também to louco de saudade, não vejo a hora de chegar ai.

Paula: - Eu pensei que fosse ser mais fácil lidar com a distância, mas é ruim demais passar tanto tempo sem te ver. Faz uma falta danada acordar e dar de cara com esse xenon me olhando.

Breno: - É foda pra mim também, cê sabe... por mim eu te agarrava e não soltava nunca mais.

Paula: - A gente pode resolver isso...

Breno: - Pode?

Paula: - Unhum! Cê pode ficar aqui comigo se quiser.

Fiz a voz dengosa que ele gostava pra ficar mais difícil dele pensar em negar.

Breno: - Cê ta me convidando pra morar ai cocê?

Paula: - Tô... cê quer?

Breno: - Po Paulinha...

Paula: - Você não quer ne? Já entendi, deixa pra lá.

O Breno tinha cortado todo o clima, eu nem sabia se queria mais que ele viesse na sexta.
Ouvi a gargalhada dele no outro lado da linha.

Breno: - Calma guria, deixa eu terminar uai! Ia dizer que pensei que cê não ia me convidar, tava até chateado.

Paula: - Ah Breno, me respeita! Eu não sabia se você ia querer vim, ué...

Breno: - E que dia que eu ia negar de dormir e acordar todo dia cocê menina, me diz! Claro que eu vou!

Sabe quando você quer gritar de felicidade? Pronto, era assim que estava naquele momento, mas respirei e segui fingindo plenitude.

Paula: - Aah, lindeza da minha vida! Eu prometo que você não vai se arrepender de aceitar meu convite...

Breno: - Para capirota, eu ainda tenho uns dias sozinho aqui.

Eu cai na gargalhada, sabia qual tinha sido a reação do Breno a minha frase: ele fechava os olhos, balançava a cabeça e passada a mão no cabelo.

Paula: - Bobo, eu vou te recompensar direitinho! Agora resolve tudo ai e vem logo, to te esperando.

Breno: - Demônia! Vou correr com tudo pra já ficar vez ai. Sampa que me aguarde!

Paula: - Iiixi, até parece que vai aprontar todas aqui, coitado!

Agora nós dois rimos juntos.

Breno: - Para de graça ou... vai dormir que eu vou também, amanhã a gente se fala. Te amo, boa noite!

Paula: - Boa noite lindeza, também te amo.

Encerramos a chamada e eu fui pra cama com a sensação de ter completado minha estadia em São Paulo.